Publicado em 28 de agosto de 2024 | 18:43 - Atualizado em 28 de agosto de 2024 | 18:57
Corpo da vítima foi localizado dentro de uma cisterna de 8 metros de profundidade Foto: PCMG / Divulgação
Magna Laurinda Ferreira Pimentel, de 42 anos, que foi assassinada e teve o corpo jogado em uma cisterna, foi atraída para uma emboscada. A informação foi apresentada pela Polícia Civil nesta quarta-feira (28), um dia após o corpo da vítima ser encontrado na propriedade do pai dela, no bairro Candelária, região de Venda Nova, em Belo Horizonte. A madrasta da vítima e outros quatro irmãos paternos estão presos, suspeitos de envolvimento no crime.
Conforme a Polícia Civil, a morte de Magna foi encomendada pela madrasta, uma mulher de 54 anos. O crime estaria relacionado a questões financeiras. Na sexta-feira (23), a vítima foi convidada por um dos familiares a ir à casa do pai para tratar do ressarcimento de um empréstimo de R$ 40 mil, feito no nome do idoso e gasto em apenas seis meses, conforme o delegado Alexandre da Fonseca, responsável pela investigação.
"O senhor idoso tem demência, e os suspeitos [madrasta e filhos], infelizmente, se aproveitaram dessa condição para realizar um empréstimo de R$ 40 mil, além de fazer com que ele assinasse um termo de doação da residência em que mora para a madrasta da vítima”, contou o delegado. Segundo ele, a madrasta da vítima era cuidadora do idoso e se casou com ele em 2015. “A partir daí, a mulher levou os quatro filhos dela para morar no terreno. Provavelmente, foi a partir daí que as explorações financeiras começaram", afirmou.
Emboscada
Conforme a Polícia Civil, Magna foi até o imóvel do pai, de 74 anos, que tem demência, atraída por um dos familiares. Na ocasião, seria tratado o ressarcimento de um empréstimo no valor de R$ 40 mil, feito em nome do idoso. Contudo, o convite seria uma emboscada arquitetada pela madrasta da vítima, de 54 anos, para matá-la. Na casa, também estavam os filhos da madrasta da vítima — de 19, 25, 26 e 35 anos, que auxiliaram no assassinato.
Cronologia do crime
Conforme a Polícia Civil, após uma discussão calorosa, o filho mais velho da mulher golpeou Magna no pescoço com diversas facadas. A mulher também recebeu golpes nas costas, feitos provavelmente com o uso de uma machadinha. Na sequência, o corpo da vítima foi desovado numa cisterna, localizada nos fundos do imóvel. Com o corpo da mulher no interior da cisterna, o espaço foi selado com argamassa.
"Quando ela chegou à residência, o filho mais velho já estava à espreita para operar a execução", disse Alexandre da Fonseca.
Rastros digitais
Com as informações repassadas pela família da vítima a respeito do desaparecimento, rotina e convivência familiar que Magna mantinha, a Polícia Civil conseguiu reunir provas digitais que indicavam o paradeiro da mulher.
Foi apurada a última localização do celular da vítima. A verificação apontou que Magna usou o serviço de um motorista de aplicativo para chegar até a casa do pai. Depois disso, o aparelho foi desligado.
As imagens das câmeras de vigilância da região também revelaram que a vítima entrou no imóvel e não saiu mais de lá.
"Em um primeiro momento, a família disse não saber do paradeiro da mulher. Contudo, após a polícia encontrar o corpo da mulher na cisterna, houve um silêncio terrível entre eles. Nesse momento, um dos filhos teria questionado a mãe sobre no que ela os havia metido. Depois disso, a madrasta revelou o crime e seu desenrolar. A faca possivelmente usada no crime foi indicada pela mandante do assassinato. A arma estava guardada em meio a outros utensílios domésticos", narrou o delegado.
Churrasco
Ainda conforme a Polícia Civil, dois dias após o desaparecimento de Magna, os familiares dela, envolvidos no crime, fizeram um churrasco no imóvel.
"Eles, de fato, estavam celebrando a morte dela. Porém, esse episódio chamou a atenção dos vizinhos, afinal, a família celebrava enquanto um ente estava desaparecido. A churrasqueira, que estava próxima à cisterna, foi colocada na frente da casa, e isso também despertou a estranheza da vizinhança", destacou o delegado Alexandre da Fonseca.
Prisões
A madrasta, considerada a mandante do crime, e os três filhos — o executor, de 35 anos, e as duas participantes da emboscada, de 19 e 25 anos — foram encaminhados ao Sistema Prisional. Eles podem responder pelos crimes de homicídio qualificado consumado, por motivo torpe.
Já o quarto filho da mandante, de 26 anos, também preso, foi vinculado ao crime de ocultação e destruição de cadáver. "A nora da mandante [madrasta] também havia sido conduzida, porém, foi liberada. Não foi possível apontar se ela era financeiramente beneficiada, já que o crime foi patrimonial. O caso ainda segue sob investigação”, contou o delegado.
Conforme o delegado, as investigações seguem para esclarecer outros pontos, como “o tratamento dessa família com o idoso”. “Ele está em um ambiente seguro, estamos prezando pela vida dele. A mandante do crime possui outros dois filhos, que têm envolvimento com o tráfico de drogas", detalhou o delegado.
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