Submissa a Padilha e a Temer, Grace faz parte do esquema
Carlos Newton
A reportagem de capa da revista Veja que saiu este sábado, assinada por Thiago Bronzatto, Marcela Mattos e Hugo Marques, confirma a disposição do governo Temer de abafar a Lava Jato, que agora vai se concretizar com a conivência da própria Advocacia-Geral da União, já que a substituta do ministro Medina Osório no cargo, a advogada Grace Fernandes Mendonça, compactua com a decisão de proteger os políticos e empreiteiros corruptos, obedecendo orientação direta da Casa Civil, pois agora se sabe que ela vinha sendo recebida no Planalto para reuniões com o ministro Eliseu Padilha na Casa Civil, sem conhecimento de seu superior hierárquico Medina Osório.
O mais curioso é que a advogada Grace Mendonça, que desempenhou esse papel submisso e depreciativo ao se envolver na trama palaciana, esteja agora sendo aclamada na mídia pelo simples fato de ser a primeira mulher do Ministério, sem que as reportagens sobre ela mencionem suas demonstrações de falta de isenção profissional e de respeito à hierarquia funcional, ao boicotar o trabalho do então ministro Medina Osório.
O fato agora comprovado pela entrevista do ex-ministro à Veja é que Grace Mendonça demonstrou uma condenável postura pessoal, ao se curvar perante os detentores do poder para conquistar acesso à chefia da Advocacia-Geral da União.
FALTOU UM HD? – Foi significativa a atuação de Grace Mendonça no caso da lista com o nome de 14 congressistas envolvidos na Lava Jato. O então Medina Osório pediu ao Supremo Tribunal Federal para conhecer os inquéritos e reivindicar indenizações ao erário, e o relator Teori Zavascki deu a autorização, para que a Advocacia-Geral da União pudesse exercer suas atribuições constitucionais. Mas era precisava que a AGU copiasse os inquéritos no STF. Passou um tempo, e nada.
Medina contou à Veja a que Padilha estava evitando que os inquéritos chegassem à AGU, com a cumplicidade da advogada Grace Mendonça, que justificou a demora dizendo que não conseguia encontrar um HD externo, que custa em média 200 reais e vendido em lojas de informática e até em papelarias. E nem era preciso um HD externo, porque os arquivos dos inquéritos são leves, não têm imagens, apenas textos, e não havia qualquer dificuldade técnica em copiar os inquéritos em pendrives ou até em simplórios CDs. O fato é que Grace Mendonça estava mesmo a serviço de Padilha e Temer.
POSTURA REPUBLICANA – Quanto à atuação de Medina Osório, é sabido que seus esforços sempre foram no sentido de evitar que a AGU continuasse a obedecer a objetivos meramente políticos ou partidários, como ocorria nos governos anteriores de Lula/Dilma e agora passará a ocorrer também no atual governo de Michel Temer, através da imobilização da AGU, em desrespeito a seu objetivo constitucional, que é de defender o patrimônio e os interesses da União, englobando os Três Poderes, ao invés de servir politicamente apenas ao Planalto.
A isenção e a “postura republicana” de Medina Osório foi elogiada nesta sexta-feira em nota oficial da Associação Nacional dos Advogados da União, nos seguintes termos:
“A ANAUNI manifesta seu agradecimento ao Dr. Fábio Medina Osório pelos esforços realizados em sua gestão objetivando o fortalecimento das carreiras que integram a Advocacia-Geral da União, e pela postura sempre republicana na condução da instituição, desejando-lhe sucesso nas novas atividades que irá desempenhar profissionalmente.”
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PS – Em entrevista ao Estadão, Grace Mendonça afirmou que o governo vai tomar providências necessárias para processar políticos e servidores públicos investigados. Antes disso, é claro, ela vai ter de achar um HD, ou alguns pendrives ou CDs… O assunto é importante, intrigante e inquietante. E logo iremos voltar a ele, com novas informações. (C.N.)
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Agência Brasil