Senadora Ana Amélia chegou a repreender Raimundo Lira
Jorge Béja
As hostilidades contra Janaína Paschoal não aconteceram apenas e pela primeira vez no aeroporto de Brasília, quando a advogada se preparava para embarcar no avião de volta a São Paulo. Janaína também tem sido vítima, de forma nem sempre velada e nem sempre sutil, de hostilidades desde quando começou a fazer parte da Comissão Especial do Impeachment na Câmara dos Deputados. E mais acentuadamente na Comissão no Senado.
Quem acompanha as sessões pela televisão observa que senadores pró Dilma e mesmo o senador presidente da Comissão, têm sido impolidos com a advogada.
Teve um dia que a simpática e elegante senadora Ana Amélia, deu um “pito” no seu colega, senador Raimundo Lira, presidente da Comissão. Ana Amélia reclamou que Lira tratava as testemunhas, o relator, os senadores e o próprio José Eduardo Cardozo, defensor de Dilma, de um modo (até com tom de voz ameno, reparei eu) enquanto tratava a advogada Janaína de outra maneira (até o modo que Lira olhava e se dirigia a Janaína era bem diferente).
FICARAM CALADOS – Ana Amélia estava com tanta razão que Lira ficou calado. Nem Lindbergh, Gleisi, Vanessa e Fátima rebateram a reclamação de Ana Amélia. Ficaram calados porque o que disse e reclamou Ana Amélia era verdade mesmo.
Parece que depois disso Lira passou a ter outra atitude com relação à Janaína. Mas aqueles quatro outros senadores, não. Continuaram e continuam hostis. Não, ao ponto de ofender a advogada com impropérios ou vocabulário chulo, como aconteceu no saguão do aeroporto de Brasília. Mas a hostilidade é patente. Esse confronto é compreensível. A hostilidade, não.
Sempre tenho dito a Janaína que a maior autoridade presente naquelas sessões, na Câmara e no Senado, é a própria Janaína. Ela não é parlamentar. Ela é eleitora. Janaína representa todo o povo brasileiro eleitor e não eleitor.
MEROS MANDATÁRIOS – À exceção de Janaína, todos os demais integrantes nas comissões e nas duas casas do parlamento são os eleitos. São, de Janaína e de todos nós, meros mandatários, sobre os quais temos poder e ascendência, porque nós é quem somos os mandantes. Janaína é que é a eleitora. Janaína é a mandante. Janaína somos todos nós eleitores. E se nós, eleitores, não existíssemos, eles, parlamentares, também não existiriam.
Mas eles, depois de eleitos, não se comportam como mandatários. Eles se sentem superiores a todos os demais que não sejam parlamentares. Nos olham de cima para baixo. Na época das eleições, nos pedem votos. Depois de eleitos, nos desprezam. É por isso que, salvo raríssimas exceções, enxergam e tratam Janaína com muito pouca urbanidade. Eles se sentem suseranos e nós, os eleitores que Janaína representa, vassalos.
AUTORIDADE É O POVO – Quanta ignorância! Quanta vaidade! Quanta arrogância!. Saibam eles, os membros do parlamento, que a maior autoridade na Democracia é o povo. E a professora Janaína Paschoal e o professor Miguel Reale Júnior, quando tomam assento na Comissão Especial do Impeachment, são eles os mandantes, são eles o povo eleitor. Eles, sim, é quem são as autoridades.
Os demais, eleitos e mandatários, cujos mandatos nós — os eleitores que Reale e Janaína são e a todos nós representam—, temos o poder legítimo para cassá-los, revogá-los e não mais outorgá-los.
Posted in J. Béja