11 de Novembro de 2012
Primeira edição da competição que substitui os Jogos do Interior de Minas Gerais (Jimi) acontece em diversas arenas de Juiz de Fora entre 14 e 18 de novembro, com 2.250 atletas e 55 municípios participantes
Por Wallace Mattos
Criado este ano para substituir os tradicionais Jogos do Interior de Minas Gerais (Jimi), os Jogos de Minas terão a fase final dos esportes coletivos realizada em Juiz de Fora esta semana. A cidade completa assim o ciclo de decisões da competição, iniciado com a realização das disputas das modalidades individuais em setembro, apontando desta vez os campeões do basquete, futsal, handebol e vôlei, tanto no masculino como no feminino.
A partir de terça-feira, mais de 2.250 atletas representando 55 municípios do estado desembarcam em Juiz de Fora e, em sua maioria, ficarão alojados em escolas estaduais. A partir de quarta, os atletas entram em ação em partidas realizadas em ginásios espalhados por toda a cidade, sempre com entrada franca. A abertura oficial do evento acontece também no dia 14, às 20h30, no Ginásio Francisco Queiroz Caputo, do Sport Club Juiz de Fora.
A competição é organizada pela Secretaria de Estado de Esportes e da Juventude (SEEJ) que, em Juiz de Fora, conta com o apoio da Secretaria de Esporte e Lazer (SEL). O torneio é executado pelo Instituto Brasileiro para o Desenvolvimento do Esporte, Educação e Cultura (IBDEEC) e também tem a supervisão das federações mineiras das modalidades envolvidas.
Nos 28 anos de realização do Jimi, a cidade nunca foi sede da etapa final. Segundo o coordenador de eventos de rendimento esportivo da SEL e responsável pela delegação de Juiz de Fora nos Jogos de Minas, Jarbas Duque, o desafio de receber a fase decisiva pela primeira vez é ter que dividir as preocupações entre a organização do evento e as condições dos times locais. "É totalmente diferente. Desta vez não tem logística de viagem, mas para fazer um grande evento. Temos que atender bem não só aos times juiz-foranos, como a todos que vierem jogar", diz.
Para Duque, em seu território os times juiz-foranos têm grandes chances de título. "A expectativa é a melhor possível. Os times locais estão bem preparados, completos - o que muitas vezes não aconteceu quando tivemos que viajar. Temos modalidades nas quais somos tradicionalmente favoritos e esperamos conquistar o maior número possível de títulos nos esportes coletivos. Nossos atletas sabem da responsabilidade de jogar em casa, onde estão diante da família e dos amigos, em ginásios que conhecem bem. Ou seja, tudo favorece para um grande desempenho nessa fase final", prevê Duque.
Dos oito times que representam a cidade nos Jogos de Minas, cinco têm algo em comum: são equipes ligadas ao Instituto Vianna Júnior. Além deles, uma marca tradicional do basquete juiz-forano, outra do futsal e a recém-criada equipe de vôlei profissional da cidade estarão em quadra em busca dos títulos.
Com BH
A mais relevante novidade trazida pela mudança do Jimi para Jogos de Minas foi a introdução dos times de Belo Horizonte na disputa da competição. Nas modalidades individuais, a potencial supremacia da capital não se fez notar. Depois da realização da disputa em Juiz de Fora, em setembro, Uberlândia, com 124 medalhas (69 ouros, 39 pratas e 16 bronzes), garantiu o título geral da competição, seguida pela Princesa de Minas, com cem medalhas (43 ouros, 33 pratas e 24 bronzes). Os belorizontinos terminaram em terceiro, com um total de 42 medalhas (26 ouros, 11 pratas e 5 bronzes).
Agora, na etapa final dos esportes coletivos, o Minas Tênis Clube (futsal, basquete e vôlei masculino), o Mackenzie Esporte Clube (futsal e vôlei feminino) e a ABESC (handebol masculino e feminino) serão os representantes da capital. Das entidades, somente a última ficará alojada em uma escola estadual juiz-forana. Tanto Minas como Mackenzie preferiram hospedar seus atletas em hotéis da cidade, demonstrando o nível de profissionalismo com o qual encaram a disputa em Juiz de Fora.
Com a entrada de Belo Horizonte em cena, algumas equipes locais ganharam adversários de peso. Outras, nem tanto. "Em modalidades como vôlei e o futsal, tanto no masculino como no feminino, e no basquete masculino, os representantes da capital são bastante fortes. Mas há outras modalidades, como ambos os naipes do handebol, nas quais o interior já era mais forte que Belo Horizonte e continua assim. Essa entrada deles nos Jogos é para ser avaliada após a fim dessa primeira edição. A princípio, trazem mais qualidade e elevam o nível das disputas, isso sem contar a rivalidade", considera Duque.
Basquete
Terceiras colocadas no último Jimi, as meninas do basquete querem voltar a conquistar um título, desta vez o inédito dos Jogos de Minas. Para isso, contam com o fator casa para ajudar nessa missão. Segundo o técnico Sérgio Rodrigues, a possibilidade de jogar em Juiz de Fora vai reforçar a equipe do PBF/Olímpico em diversos aspectos.
"Primeiro, estaremos completos
Na última edição do Jimi, viajamos apenas com sete atletas por causa de problemas como jogadoras que não podiam viajar por conta de emprego, estudo ou questões familiares. Mesmo assim, ficamos em terceiro. Agora, em casa, joga todo mundo. Outro fator é o descanso, a comidinha da mamãe, além dos amigos e parentes na torcida. Então, creio que entramos bem fortes para essa disputa", avalia Rodrigues.
Na chave A com João Monlevade, Teófilo Otoni e Conselheiro Lafaiete, as juiz-foranas avançam se vencerem o grupo ou forem as melhores segundas colocadas. Mas Sérgio sabe que o maior obstáculo para uma conquista só entra no caminho de Juiz de Fora em uma possível final. "Nos últimos anos do Jimi, os duelos mais duros sempre foram com Uberaba. Se nos pegávamos na semifinal, quem vencia era campeão. Em um ano elas nos bateram na decisão e, no outro, as derrotamos. Na última disputa, foram elas que nos eliminaram da disputa do primeiro lugar. Ainda bem que esse encontro só deve acontecer na final aqui em casa", comemora.
Entre os homens do basquete, Juiz de Fora também está na chave A, com Conselheiro Lafaiete, Ipatinga e Ubá, e avança à disputa por uma vaga na final se vencer o grupo ou for a melhor segunda colocada. De acordo com o coordenador do time do Instituto Vianna Júnior, Guilherme Facio, o objetivo é chegar às finais e, para isso, é preciso bater um adversário duro logo na disputa da primeira fase. "Estamos coroando um trabalho de 13 anos e queremos fazer bonito. As chances de chegar às etapas mais decisivas são boas. Dependemos de como o Minas vai vir, já que disputa a final do Estadual na semana dos Jogos de Minas. Se vierem com a equipe principal, são os grandes favoritos. Mas, mesmo assim, há outros bons times como Ubá, São João Del Rei, Itaúna e Viçosa, mas entraremos para buscar o topo", garante.
Vôlei
No vôlei, a torcida juiz-forana vai poder ver em quadra o time masculino da UFJF que jogará a Superliga Masculina 2012/2013. Vindo do título da última edição do Jimi, competição que Juiz de Fora não conquistava há 25 anos na modalidade, a equipe local é uma das favoritas, mas vai ter pela frente o poderoso Minas Tênis Clube. Para completar, a equipe que representa Belo Horizonte será adversária dos locais logo na estreia. Além dos dois times, ainda estão na chave B Conceição do Mato Dentro e Governador Valadares, e somente o campeão avança às semifinais.
Mesmo com a dificuldade já dentro da chave, o técnico Maurício Bara quer o bi. "É um prazer jogar uma competição como essa em casa. Se não fosse assim, não poderíamos, às vésperas da Superliga, atuar com a equipe principal. Devemos isso à cidade, ganhar um título em casa é uma oportunidade única, e vamos em busca disso. Sabemos da dificuldade da estreia, é uma pena que não possa ser a final, mas serve de motivação para a torcida comparecer já no primeiro jogo", convoca o treinador.
Segundo Bara, outro time também pode atravessar o caminho da UFJF na busca de uma conquista que, se acontecer, elevará o moral para a competição mais importante da temporada. "Nós, o Minas e Uberlândia somos os favoritos. Além da qualidade inegável do Minas, Uberlândia fez um belo Campeonato Mineiro, suamos para ganhar deles, virão fortes para os Jogos de Minas. Nós também entraremos com tudo para ganhar o título, pois chegar à Superliga vindo de uma conquista seria muito legal para nós."
Já no vôlei feminino, as meninas do Vianna vão lutar para surpreender. Com um time em fase de reformulação, as locais estão na chave B com Montes Claros, Uberlândia e Belo Horizonte. Como o torneio tem apenas três grupos, passam as três vencedoras mais a melhor segunda colocada. A exemplo do masculino, as garotas locais estreiam contra as favoritas do Mackenzie.
Handebol
Juiz de Fora sempre figurou como favorita no handebol do Jimi e, por isso, na modalidade está depositada a principal esperança de título duplo para a cidade nos Jogos de Minas. No masculino, vindo de um tricampeonato direto da extinta competição, os rapazes da ADJF/Vianna lutam para se manter no topo. Já no feminino, a busca das meninas da Associação é por voltar a levantar a taça, perdida na última edição.
Na chave C da primeira fase, as juiz-foranas vão enfrentar Martinho Campos, Uberaba e Montes Claros. Como o torneio tem apenas três grupos, avançam para as semifinais as campeãs de cada um e mais a melhor segunda colocada. Já o torneio dos homens tem quatro chaves. Assim, somente os campeões de cada uma chegam à disputa de um lugar na final. Os juiz-foranos enfrentarão Ipatinga, São Lourenço e Montes Claros em seu grupo.
Segundo o responsável técnico por ambos os times, Cláudio Dias, a meta é conquistar os dois títulos e, nessa caminhada, a filosofia tanto das meninas como dos meninos vai ser a mesma, e o grande oponente também. "A perspectiva é boa. Sem dúvida, nosso principal adversário é Ipatinga que, no masculino, está na nossa chave. Um eliminará o outro. Já no feminino, desejamos estar em uma final com elas. A briga vai ser quente", prevê.
Futsal
A aposta do futsal masculino juiz-forano nos Jogos de Minas é na juventude. Os garotos do Clube Bom Pastor têm idade média entre 17 e 20 anos. A decisão por uma equipe menos rodada foi do comandante Sérgio Morais que, apesar da ousadia, não considera sua escolha uma loucura.
"Quando recebi o convite para representar Juiz de Fora nos Jogos de Minas, escolhi fazer isso com meus meninos sub-17 e sub-20, porque acredito que o futsal local precisa de uma renovação. Vejo que a geração dos anos 1980 deu muitos bons frutos para a cidade, mas já está na hora de dar passagem para o pessoal da década de 1990. Não sou maluco, fiz essa opção consciente de que a garotada tem condições plenas de se dar bem. Vai haver tropeço, naturalmente, faz parte do processo. Mas confio que eles dão conta. O objetivo é chegar à decisão", diz Sérgio.
Para cumprir o plano, os garotos do Bom Pastor têm que, primeiro, vencer a chave A, contra Pompeu, Brumadinho e Francisco Sá para chegar à semifinal. E o grande adversário na busca pelo título deve mesmo ser Belo Horizonte. "Tive notícia de que o Minas vem com seu time sub-20. Mesmo assim, é uma equipe muito forte. Também falei para meus atletas que essa pode ser uma oportunidade de ele se destacarem e irem para a capital", considera o treinador.
Com dificuldades para treinar, a meninas do Vianna sabem que suas possibilidades no futsal residem mais no talento nato e no fato de estarem jogador em casa do que em qualquer outro aspecto. "Não conseguíamos quadra para treinar e só resolvemos isso há dois meses. Mesmo assim, trabalhamos em uma quadra descoberta de escola, ou seja, quando choveu, não teve treino. Mas temos meninas de muito talento e fizemos a organização tática possível nesse período. Também estamos em nossa cidade, com parentes a amigos na torcida. Então, a intenção é representar bem Juiz de Fora e chegar às semifinais", explica a coordenadora da equipe e também jogadora, Thaís Salles.
Para cumprir o objetivo, as meninas locais vão ter que enfrentar um dos times favoritos já na fase de grupos, na chave A, que tem Ipatinga, Ouro Branco e Uberaba. Somente a campeã vai para a semifinal. "As grandes forças são as meninas de Belo Horizonte e outras cidades da região metropolitana. Mas Ipatinga também tem um time forte. São cidades que investem muito e nas quais as jogadoras são praticamente profissionais", conta Thaís.
http://www.tribunademinas.com.br/esporte/juiz-de-fora-capital-estadual-do-esporte-1.1184840