domingo, 18 de agosto de 2019

Sete em cada dez abandonam tratamento contra depressão

Por GABRIEL RODRIGUES
18/08/19 - 06h00
“Ninguém gosta de admitir que não está funcionando bem na sociedade”, diz Lana Kantor -  Foto: Flávio Tavares

Cerca de 322 milhões de pessoas têm depressão no mundo – no Brasil, onde a prevalência do transtorno está acima da média internacional (4,4%), alcançando 5,8% da população, são 11,5 milhões de pessoas. A Organização Mundial da Saúde alerta que, até 2020, a doença será a maior causa de incapacitação no mundo – fala-se em perdas anuais de US$ 1 trilhão. 

O cenário fica ainda mais preocupante quando se leva em conta que metade dos casos está sem tratamento. E mais de 40% dos pacientes que se tratam abandonam os remédios nos primeiros 30 dias, percentual que sobe para 52% no segundo mês e chega a 72% no terceiro. As principais razões alegadas são os efeitos colaterais dos medicamentos: ganho de peso, disfunção erétil e dificuldade em atingir o orgasmo.

“Já estou deprimida, e agora querem que eu fique gorda e careca?”, brinca a líder de marketing Lana Kantor, 24. Diagnosticada com a doença aos 17 anos, já tomou muitos remédios diferentes. Conscientes desse desafio, cientistas, médicos e indústria farmacêutica se debruçam sobre novas abordagens de tratamento e sobre o desenvolvimento de medicamentos com menos efeitos colaterais.

“O tratamento hoje é ‘tailor made’ (feito por alfaiate), adaptado a cada pessoa e ao seu estilo de vida”, diz Kalil Duailibi, professor de psiquiatria da Universidade de Santo Amaro (Unisa). 

Nos consultórios, a recomendação não é mais apenas amenizar sintomas, mas buscar a recuperação plena do paciente, até que ele esteja funcional em todas as áreas da vida. Não é tarefa fácil. Um estudo de David Vincent Sheehan, uma das referências da área, mostrou que menos de uma em cada quatro pessoas voltou à vida normal depois de se tratar.

A dificuldade não é a falta de opção de medicamentos, como antes – Duailibi diz que só os casos muito severos eram tratados quando os primeiros remédios surgiram. Agora, difícil é escolher a melhor combinação de medicamentos entre os vários disponíveis.

Avanços
Nesse contexto, a inteligência artificial (IA) é uma das esperanças. Estudo publicado em 2019 pela Sociedade Americana de Farmacologia Clínica e Terapêutica mostrou que é possível utilizar a IA para prever, antes da prescrição, quais remédios vão fazer efeito em cada paciente. A IA avalia testes farmacogenéticos, que mapeiam o DNA e assinalam como diferentes genes reagem às opções.

Psiquiatras consideram o campo promissor, mas lembram que ele está no início. “A psiquiatria é uma das últimas fronteiras para a IA por causa da complexidade que existe além dos circuitos cerebrais. Há emoções envolvidas, e é difícil ensinar uma máquina a trabalhar com isso”, diz Roberto Miotto, professor da PUC Rio.

Ele próprio solicita testes farmacogenéticos a alguns pacientes e reforça mais uma frente de investigações contra a depressão: probióticos, alimentos com micro-organismos vivos. Isso porque se percebe cada vez mais a proximidade entre sistema gastrointestinal e transtornos mentais. Miotto indica pelo menos três que podem ajudar no tratamento: Lactobacillus acidophilus, Bifid bifidum e Lactobacillus casei. 

Em entrevista concedida a O TEMPO no 8º Fórum de Sistema Nervoso Central da América Latina, da empresa farmacêutica Pfizer, Toba Oluboka, professor de psiquiatria da Universidade de Calgary, no Canadá, diz que a tendência agora é iniciar o tratamento com “força total” – em vez de “começar e evoluir devagar” –, ainda que isso signifique doses maiores de medicação. Se não houver resultado em duas ou quatro semanas, diz, seria hora de trocar o remédio.

Riscos do abandono
“A implicação de descontinuar é o alto risco de recaídas mais fortes. Após três episódios depressivos, a chance de o paciente ter que se tratar pelo resto da vida é alta”, segundo Oluboka. 

Ele defende que o médico entenda bem as necessidades pessoais do paciente antes da prescrição. Mas nem sempre a pessoa encontra ouvidos atentos no consultório. “Os médicos só diziam ‘toma essa remédio’, sem levar em conta o cotidiano”, diz Lana Kantor. Hoje, sete anos depois do diagnóstico, ela controla a depressão com psicanálise.

Teste confirma efeito
Uma pesquisa publicada em 2018 na revista científica “The Lancet” e liderada pela Universidade Oxford passou um pente-fino em 21 antidepressivos e comprovou: os remédios funcionam. 

Spray nasal é aposta para casos de urgência
Aprovado em fevereiro nos Estados Unidos, o Spravato, spray nasal à base de esketamina, é indicado para situações graves que envolvem ideação suicida. O medicamento age sobre o glutamato, neurotransmissor mais abundante no cérebro. Uma das grandes vantagens da inovação é a velocidade: os efeitos são perceptíveis em 24 horas. 

Mas há riscos: a ketamina, anestésico do qual a esketamina é derivada, já foi utilizada como droga psicodélica. Entre os efeitos colaterais do novo medicamento está justamente a sensação de “estar fora de si”. Para evitar abusos, o remédio só pode ser utilizado em clínicas autorizadas nos EUA, e o paciente não pode levá-lo para casa. No Brasil, ainda não foi autorizado.

A solução definitiva, porém, talvez passe por uma mudança completa de hábitos. “Isso inclui remédio, terapia, atividade física, dieta adequada. E quem está ao lado do paciente tem que entender e respeitar o momento do outro”, diz o professor Kalil Duailibi.

SUS não acompanha evolução
Além dos problemas com efeitos colaterais, Lana Kantor precisou trocar de antidepressivo por causa do preço elevado – a cartela dos mais modernos pode custar mais de R$ 200 e não dura sequer um mês. “Eu precisava trabalhar para comprar o remédio, e era com ele que conseguia me levantar de manhã para trabalhar. A interrupção desse ciclo era desesperadora”, lembra.

A discussão dos médicos da rede privada é sobre a grande diversidade de remédios disponíveis. Já na rede pública, as opções são bem mais limitadas. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), quatro tipos diferentes de remédios são oferecidos gratuitamente no Estado. Três deles – a amitriptilina, a clomipramina e a nortriptilina – são da classe dos tricíclicos, um dos tipos de antidepresivos mais antigos, desenvolvido no final dos anos 50.

Outro é da classe dos Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS): a fluoxetina, base do Prozac, lançado no final dos anos 80. Até o fechamento desta edição, esses medicamentos tinham sido disponibilizados para cerca de 102,1 mil pessoas em Belo Horizonte por meio do SUS, só em 2019. 

Melhor remédio
“Não há uma medicação superior a outra na psiquiatria. O que existe é a melhor indicação para o paciente”, diz o psiquiatra Lucas Fantini. O ideal, para ele, seria ter opções o bastante para escolher a mais adequada ao estilo de vida de cada um, de forma a driblar os efeitos indesejados. Os tricíclicos não ajudam nesse ponto, pois têm efeitos colaterais mais fortes. 

“Já a fluoxetina é para depressão leve a moderada, casos em que quase nem receito medicação aos pacientes, só psicoterapia”, diz. 
Em nota, a SES-MG afirma que “um medicamento ‘moderno’ geralmente possui custos mais altos e nem sempre tem eficácia superior à dos já existentes no mercado”.

Ela lembra ainda que a responsabilidade de incorporação de novos medicamentos no SUS é da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), vinculada ao Ministério da Saúde. Além disso, reforça que qualquer cidadão pode enviar sugestões para incorporar novos remédios à Relação Estadual de Medicamentos.

Os mineiros podem procurar os Centros de Referência em Saúde Mental (Cersams) e os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) para tratamento. 

Minientrevista

Toba Oluboka
Psiquiatra e professor da Universidade de Calgary

“O estigma é um problema enorme relacionado a crenças, atitude frente à doença e ignorância” 

Quais dificuldades funcionais a pessoa com depressão pode apresentar no dia a dia?
Grande parte dos nossos pacientes com depressão tem problemas sociais, ocupacionais e familiares. É o resultado dos sintomas da depressão, e o tratamento é para alcançar a máxima recuperação funcional possível nos contextos social, ocupacional ou familiar.

O senhor citou que a depressão traz um prejuízo de cerca de US$ 51 bilhões anualmente ao Canadá, considerando rendimento ruim no trabalho, por exemplo. Podemos presumir um prejuízo parecido em países em desenvolvimento, como Brasil?

Um psiquiatra brasileiro responderia melhor. Mas tenho certeza de que o impacto econômico da depressão é universal. A perda causada pelo absenteísmo se apresenta por todos os lados, assim como pelo “presenteísmo”, em que as pessoas vão ao trabalho, mas não trabalham de forma otimizada ou correta. Isso leva a um custo enorme em todo o mundo.

Há médicos que relatam resistência dos pacientes tanto em aceitar que têm depressão quanto em começar a se medicar. O senhor percebe isso?

Ainda há uma grande questão de estigma, mais ou menos 50% das pessoas que têm depressão não recebem tratamento. É um problema enorme relacionado a crenças, atitude frente à doença e ignorância. Temos que educar a população para mostrar que depressão é uma doença crônica que pode ser gerenciada como se gerencia diabetes, pressão alta. Ela não tem cura, mas podemos tratar.

Quando o medicamento é a melhor opção?
Eu tenho um estudo que verifica o impacto da psicoterapia e dos medicamentos. O que faz a escolha ser diferente é a severidade da depressão. Quanto mais severa, maior a necessidade de antidepressivo. Para uma depressão leve ou moderada, psicoterapia e medicamentos funcionam de forma igual, digamos.

Quando se pode dizer que o paciente está funcional, se não curado?
O paciente tem que ser tratado por nove a 12 meses após o primeiro episódio de depressão. Se ele está se saindo muito bem, comendo bem e se exercitando, é possível diminuir a dose do antidepressivo. Se teve dois episódios de depressão, você trata por dois anos. Mas, se teve três, provavelmente vai precisar de tratamento permanente. É preciso avaliar se ele teve episódios recorrentes, comorbidades, tentou suicídio ou teve sintomas psicóticos. Você não quer brincar com isso, e é melhor que se continue com o medicamento o máximo possível.

Fala-se muito em alterações profundas no mercado de trabalho em um futuro próximo. As mudanças podem agravar casos da doença?
Estresse é o gatilho para a expressão de doenças psiquiátricas. Então, quanto mais estressante o ambiente, seja na economia, na família, em todo o ambiente social, vai haver piora da depressão e causar novos episódios no paciente. Você precisa fazer uma boa gestão do estresse. E a “gig economy” ("economia de bicos", movimentada, por exemplo, por motoristas de aplicativos) , em que as pessoas não têm horário fixo para trabalhar, também pode ter efeitos. A gente sabe que tudo o que desregula o metabolismo em termos de atenção e sono tem potencial de causar depressão. Depende da natureza do trabalho e da capacidade de o indivíduo chegar a um equilíbrio. Talvez durma de manhã e trabalhe à noite, mas não encorajo meus pacientes com depressão a fazer trabalho à noite, por exemplo, porque isso impacta a depressão.

Momentos de instabilidade política, como o que o Brasil e outras partes do mundo têm vivido, podem aumentar ou agravar casos de depressão?
Eu não sei se há estudos que analisaram diferentes países em termos de instabilidade política causando a depressão, mas é um bom tópico para se avaliar. Eu não culparia a instabilidade política pelo transtorno de depressão. Depende de quem está experimentando o estresse. 

O senhor ou alguém próximo já teve depressão?
Não tenho histórico familiar, mas tenho amigos e colegas que têm depressão, são tratados e podem ser produtivos.

Estudo alerta sobre suicídio de agentes da segurança pública

Estudo alerta sobre suicídio de agentes da segurança pública
14/08/2019 - 21h28
Um estudo obtido pelo MG Record apontou que 29 integrantes das forças de segurança de Minas Gerais tiraram a própria vida nos primeiros sete meses de 2019. O estresse e o ambiente violento da profissão adoecem os servidores, que tem procurado cada vez mais ajuda psiquiátrica.

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Apenas entre os dias 7 e 14 do mês de julho houve duas mortes em Juiz de Fora, uma em Santos Dumont e outra em BH
https://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/25-07-2019/suicidios-de-agentes-de-seguranca-publica-preocupam-categorias.html

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Em BH - 18/08/19 - Mais um Cb PM ceifou a vida. 09 anos na corporação e 28 de idade. Deixou relato no face. 

Mega-Sena acumula e vai pagar R$ 31 milhões no próximo sorteio

Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Publicado em 18/08/2019 - 08:45

Por 
Da Agência Brasil Brasília

Nenhum apostador acertou as seis dezenas do concurso 2.180 da Mega-Sena, realizado ontem (17) em São Paulo. O prêmio acumulou e a Caixa Econômica Federal deve pagar R$ 31milhões na próxima quarta-feira (21), data do próximo sorteio.

As dezenas sorteadas foram: 10 - 12 - 16 - 21 - 28 - 38.

No mesmo concurso, a Quina saiu para 95 apostadores, que vão levar para casa R$ 28.276,52. Os ganhadores que acertaram a quadra vão receber R$ 558,67.

A Mega-Sena paga milhões para quem acertar os 6 números sorteados. Ainda é possível ganhar prêmios ao acertar 4 ou 5 números dentre os 60 disponíveis no volante de apostas. A jogo de seis números custa R$ 3,50.

Edição: Valéria Aguiar

Aviso aos navegantes! A possibilidade de o Supremo soltar Lula dia 27 é fake news

Charge do Lézio Junior (Arquivo Google)

Carlos Newton

Estão fazendo sucesso nas redes sociais e despertando entusiasmo entre os petistas as notícias de que, no próximo dia 27, a Segunda Turma do Supremo vai analisar outro recurso do ex-presidente Lula da Silva e poderá libertá-lo. Mas trata-se de fake news, nesse julgamento não há a menor possibilidade de a Segunda Turma cancelar a prisão ou determinar a progressão da pena de Lula para prisão domiciliar.

O que estará sendo decidido pelos cinco ministros é a suspensão de uma das ações penais a que o presidente responde e que sequer foi julgada em primeira instância, nada tem a ver com o caso do tríplex no Guarujá, que provocou a prisão dele.

INSTITUTO LULA – No dia 27, os ministros estarão julgando apenas um recurso da defesa de Lula na ação penal que apura suposto repasse de propina na aquisição de um terreno pela Odebrecht na cidade de São Paulo, que seria utilizado para construção da nova sede para o Instituto Lula.

Os advogados argumentam que houve cerceamento de defesa, e teria acontecido depois da saída de Moro da 13ª Vara Federal Criminal. A acusação é de outros magistrados que substituíram Moro impediram o acesso dos advogados ao acordo de leniência da Odebrecht.

A Segunda Turma é presidida pela ministra Cármen Lúcia e integrada por Celso de Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Edson Fachin. Mesmo que a defesa de Lula consiga três votos, o resultado será apenas a suspensão do processo do Instituto Lula, nada tem a ver com a libertação do ex-presidente.

FAKE NEWS – A confusão nas redes sociais é causada porque realmente está em julgamento virtual (pela internet) na Segunda Turma um recurso da defesa que pede a libertação de Lula, alegando que o então juiz Sérgio Moro não o julgou com imparcialidade. Mas não há chances de o habeas corpus ser acolhido, por isso está em julgamento virtual. No Supremo, a praxe é o relator convocar julgamento virtual quando já existe jurisprudência que impeça o acolhimento do recurso.

As pessoas misturam as bolas, porque já são 82 recursos, recorde mundial absoluto. Alguns deles de fato podem soltar Lula. Um deles, que entrou na fila, pede a progressão da pena para regime semiaberto ou prisão domiciliar, mas não está na pauta do dia 27.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O próprio Lula tira onda de que não aceitará ser solto enquanto não provar que o procurador Deltan Dallagnol e o ex-juiz Sério Moro “são bandidos”. Mas ninguém leva a sério. Todos sabem que é só Piada do Ano. (C.N.)

sábado, 17 de agosto de 2019

Conheça 10 táticas urbanas usadas nos protestos de Hong Kong

Por RFI

17/08/2019 01h00 

Manifestantes em Hong Kong se protegem com escudos feitos por placas de sinalização urbanas, cartazes com mensagens, e até skates — Foto: Vivek Prakash/AFP

Eles misturam táticas coordenadas a materiais rudimentares como bastões de laser, cartazes e guarda-chuvas, e já colecionam admiradores nos quatro cantos do planeta. Não é para menos: sem líderes nem porta-vozes, os manifestantes pró-democracia de Hong Kongprotestam com a diligência de um grande formigueiro humano, surpreendendo até o impressionante poderio bélico chinês.

"Os jovens não têm medo de morrer. Por que teríamos receio de perder nossa reputação, nosso dinheiro, ou de declarar falência?", diz Lee, um lojista de Hong Kong que decidiu vender materiais de proteção com 90% de desconto para estudantes, nesta sexta-feira (16), antes deste final de semana decisivo de protestos, que deve definir posições estratégicas no jogo de xadrez militar da China.

O Exército chinês estacionou suas tropas na cidade vizinha de Shenzhen na quinta-feira (15), numa maneira de pressionar os manifestantes pró-democracia de Hong Kong.

Mas nas lojas de equipamentos de proteção, os estoques de máscaras anti-gás, capacetes, óculos e lanternas de laser estão totalmente liquidados, informa nesta sexta-feira a agência AFP. Não é para menos, capacetes e máscaras são vendidos às centenas por hora.

Cerca de 1 milhão de manifestantes são esperados no grande protesto pró-democracia do domingo (18), além de várias ações em locais turísticos no sábado.

Conheça agora algumas das táticas utilizadas pelos jovens ativistas de Hong Kong, que vêm movimentando redes sociais de protestos na França, que congregam diversos grupos de "coletes amarelos".

1 - Informação e comunicação: 'Spread the news', a alma do negócio
Lojas de equipamentos de proteção "efêmeras" aparecem e desaparecem num piscar de olhos em redes e aplicativos como Facebook e Telegram, para despistar a repressão policial e não deixar rastros.

Nas estações de metrô, como os cartões digitais são nominativos e rastreáveis, os manifestantes deixam tickets e dinheiro para quem não tiver condições financeiras para se deslocar. Como num jogo de gato e rato, policiais e manifestantes ultraconectados sabem bem que as ferramentas 2.0 são essenciais nas manifestações do século 21.

Post-its deixados pelos manifestantes com mensagens e informações formam a 'Lennon Wall', em distrito de Hong Kong — Foto: Reuters/James Pomfre

De post-its coloridos artesanais com mensagens de incentivo e denúncias a smartphones de última geração, os manifestantes de Hong Kong parecem ter entendido direitinho aquela máxima do Chacrinha (1917-1988): "Quem não se comunica, se trumbica". Brincadeiras à parte, eles levam bem à sério toda a parte de comunicação e propaganda de sua mobilização.

Não é à toa que dezenas deles se rendem semanalmente ao aeroporto de Hong Kong para "elucidar turistas e cidadãos" sobre as causas que defendem, os temas que lhes são caros, e o porquê de estarem se mobilizando.

"Hong Kong não é a China", dizia um dos centenas de cartazes mostrados aos turistas que desembarcam na megalópole financeira. Os ativistas conversam individualmente com os passageiros que desejam mais informações e esclarecimentos, inclusive chineses. O resultado: mais credibilidade junto à população, e mesmo junto à opinião de estrangeiros.

2 - Listas de telefones à mão

Telefones para ajuda imediata aos manifestantes de Hong Kong — Foto: Reprodução/Facebook/Rennes DTR

Para ajudar no caso de repressão policial mais severa, os manifestantes de Hong Kong decidiram criar carimbos com telefones de urgência de associações anti-repressão e de advogados voluntários para deixarem marcados nos braços e pernas dos ativistas durante os protestos. Visual, prático e salva-vidas.

3 - A solidariedade entre estranhos

Manifestantes em Hong Kong usam gaze sobre um dos olhos, em referência aos colegas feridos nos olhos pela polícia — Foto: Reuters/Thomas Peter

Nos hospitais ou nas ruas, médicos utilizam uma fita preta como um broche no uniforme, em homenagem aos manifestantes feridos de Hong Kong. Dezenas de profissionais da saúde decidiram deixar os corredores dos hospitais para se juntar aos chamados street doctors, que atendem os ativistas com primeiros socorros após intoxicações por gás ou outros ferimentos.

Mas, mais do que isso, a população de Hong Kong surpreende por seus símbolos de solidariedade: pessoas de todas as idades usaram um falso tapa-olho feito com gaze médica e tinta vermelha para homenagear manifestantes feridos nos olhos pela repressão, durante um protesto contra a violência policial no aeroporto internacional de Hong Kong, em 12 de agosto. Durante os protestos, é comum ver grupos correrem para dar assistências a pessoas feridas durante as manifestações.

4 - Novas funções para o mobiliário urbano

O mobiliário urbano de Hong Kong ganha novas funções nas mãos dos manifestantes: sinalizações de ruam servem para abafar efeito de bombas de gás lacrimogêneo — Foto: Reuters/Thomas Peter

O século 21 inaugura uma nova era de protestos e manifestantes e, junto com ela, toda uma nova cenografia urbana. Sinalizadores de rua são sistematicamente usados em Hong Kong para abafar os efeitos de bombas de gás lacrimogêneo, assim como tampas metálicas de lata de lixo. Os participantes dos protestos reagem rapidamente antes que o artefato exploda, para evitar os efeitos do gás.

Diversas imagens mostram jovens que lançam de volta à polícia os cartuchos metálicos cheios de fumaça, utilizando luvas especiais. Gradis e placas são colados com fitas adesivas de alta retenção e cadeados. Placas viram escudos ao lado de guarda-chuvas, nas barragens humanas.

5 - Plataformas de streaming, Reddit, AirDrop, Uber, Pokemon Go e Tinder: as novas tecnologias do protesto
Além das redes sociais e do LIHKG, o equivalente em Hong Kong do Reddit, os manifestantes também vem usando o serviço Apple AirDrop para lançar suas convocações para manifestações.

So it’s come to this—I’m getting protest info on Tinder


Isso permite que eles se comuniquem com os turistas chineses que vivem no continente. Numa China censurada pelo "Grande Firewall", o Grande Muro tecnológico das autoridades chinesas, as novidades e gadgets são muito apreciados pelos participantes dos protestos.

6 - Resiliência e contra-ataque artesanal

Estilingues gigantes são construídos com elásticos para mandar projéteis e pedras contra a polícia — Foto: Reuters/Kim Kyung-Hoon

Muito comum em vários protestos, um estilingue gigante, apoiado por três manifestantes, lança pedras e projéteis contra a polícia.

7 - O escudo de guarda-chuvas e outros clássicos dos protestos em Hong Kong
Uma das imagens que se tornou mundialmente famosa em Hong Kong é a da formação "tartaruga" com os guarda-chuvas, que imitaria uma antiga técnica de combate dos soldados romanos, quando se cobriam com escudos de todos os lados e em cima, para se protegerem durante batalhas.

Verdade ou mera interpretação livre de olhares curiosos, a verdade é que os guarda-chuvas servem não apenas para evitar o spray de pimenta, mas também para proteger a identidade dos manifestantes.

8 - Laser

Manifestantes em Hong Kong usam lanternas e bastões de laser para confundir a polícia — Foto: Manan Vatsyayana/AFP

Bastões e lanternas a laser são utilizados pelos manifestantes com duas funções específicas e bem diferentes: atrapalhar a visão dos policiais durante a repressão aos protestos e projetar imagens com slogans da mobilização em espaços públicos.

9 - Suprimentos

Fila de suprimentos para manifestantes — Foto: Reprodução/Facebook/Rennes DTR

Para que água, alimentos, remédios e outros bens de primeira necessidade possam chegar à primeira fileira dos protestos, os manifestantes organizam longos corredores humanos para viabilizar a distribuição dos produtos.

10 - Armadilhas

Barreiras de plástico transparentes em cruzamentos de Hong Kong — Foto: Reprodução/Facebook/Rennes DTR

Em cruzamentos importantes de Hong Kong, barreiras de plástico transparente são colocadas para atrapalharem os policiais durante as manifestações. Outras barreiras mais sólidas são distribuídas com grades e ferros em outros locais.

Taxista perde controle da direção e bate carro em ponto de ônibus em Juiz de Fora

Por G1 Zona da Mata

17/08/2019 10h19 
Ponto de ônibus ficou destruído após o acidente na Avenida Rio Branco em Juiz de Fora — Foto: Rodrigo Souza/G1

Um taxista, de 40 anos, perdeu o controle e bateu em ponto de ônibus, na madrugada deste sábado (17), em Juiz de Fora. A ocorrência foi registrada pela Polícia Militar (PM) na Avenida Rio Branco por volta das 4h e confirmada ao G1.

De acordo com informações do Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), o homem não sofreu ferimentos, apesar do choque.

Já na manhã deste sábado, um caminhão da Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Demlurb) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) foi até o local para fazer a limpeza da via.

Ainda consta na ocorrência, que o motorista do táxi estava com os documentos atrasados. O veículo foi removido para as demais providências.

Audiência em Juiz de Fora discute renovação da concessão ferroviária com a MRS

Por G1 Zona da Mata

17/08/2019 08h43
MRS atende a região Sudeste — Foto: Fernando Gonçalves/G1

A Câmara Municipal de Juiz de Fora sediou, nesta sexta-feira (16), uma audiência sobre a renovação da concessão ferroviária com a MRS Logística. De acordo com a assessoria da Casa, a sessão foi presidida pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Segundo o Legislativo, o debate girou em torno dos investimentos a serem feitos pela empresa no município e da renovação da concessão por mais 30 anos da empresa que abrange as atividades na linha férrea há 144 anos na região Sudeste.

Além das discussões sobre os investimentos, foi anunciado um projeto de revitalização das margens do Rio Paraibuna. Conforme o consultor ferroviário da MRS, Sérgio Carrato, a fase inicial das atividades está concluída, entre o Viaduto Augusto Franco, no Centro, até a ponte Domingos Alves Ferreira.

Já na segunda fase, será elaborado um projeto da ciclovia entre a ponte Domingos Alves Ferreira e o Viaduto Ramirez Gonçalves, no Bairro Cerâmica. Atualmente, a MRS é responsável por 1674 quilômetros de ferrovia na região.

Importância
Durante a reunião, o presidente da Câmara, vereador Luiz Otávio Coelho (PTC), apoiou a renovação da concessão e defendeu os investimentos por parte da empresa em prol da cidade de Juiz de Fora.

“Iremos conceder sim essa renovação por mais 30 anos, mas é muito importante essa contrapartida”.
Reunião foi realizada nesta sexta-feira (16) em Juiz de Fora — Foto: Câmara Municipal de Juiz de Fora/Divulgação

Já o diretor de Relações Institucionais da empresa, Gustavo Bambini, ressaltou a importância de se discutir com a sociedade as políticas públicas relativas às outorgas e os investimentos. “A MRS não existiria sem Juiz de Fora e não existirá, sem Juiz de Fora”.

Com relação à renovação sem processo licitatório Gustavo explicou que a lei federal permite a renovação por um único período. “Provavelmente em 2056 teremos um novo processo licitatório”, finalizou.

Caixa e Banco do Brasil iniciam pagamento de cotas do PIS/Pasep

Publicado em 17/08/2019 - 09:33

Por Kelly Oliveira Brasília

A partir da próxima segunda-feira (19), inicia-se o calendário de disponibilização dos recursos Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep). Neste primeiro dia, os cotistas que possuem contas na Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil terão dinheiro depositado em conta corrente ou em poupança. Os demais cotistas poderão fazer os resgates conforme calendário divulgado pela Caixa e Banco do Brasil.

Essa liberação das cotas do PIS/Pasep foi feita por meio da Medida Provisória 889/2019, anunciada pelo governo no início do mês. Pela MP, também houve liberação de saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A liberação das cotas é diferente do pagamento anual do abono salarial. Esse pagamento do calendário 2019/2020 começou no final de julho.

No caso das cotas do PIS/Pasep, os recursos ficarão disponíveis para todos os cotistas, sem limite de idade. Diferentemente dos saques anteriores, agora não há prazo final para a retirada do dinheiro, lembrou o Ministério da Economia.

Segundo o ministério, as novas regras previstas pela MP facilitam ainda o saque para herdeiros, que passarão a ter acesso simplificado aos recursos, sendo necessário apresentar declaração de consenso entre as partes e a declaração de que não há outros herdeiros conhecidos.

Têm direito ao saque todos os cotistas da iniciativa privada cadastrados no PIS e servidores públicos cadastrados no Pasep até 4 de outubro de 1988.

O PIS e Pasep constituem um fundo único, cujo saldo pode ser sacado pelo trabalhador cadastrado entre 1971 e 4 de outubro de 1988 e que ainda não tenha retirado o valor total das cotas na conta individual de participação.

PIS beneficia 10,4 milhões
Serão disponibilizados para saque R$ 18,3 bilhões, referentes a 10,4 milhões de trabalhadores que possuem cotas do PIS. Para os cotistas que possuem conta corrente ou poupança na Caixa, os créditos serão realizados de forma automática.

O cotista que não é correntista da Caixa e tem idade a partir de 60 anos poderá realizar o saque das cotas do PIS a partir do dia 26 de agosto. Já os cotistas com até 59 anos e que não possuem conta no banco podem receber o benefício a partir do dia 2 de setembro.

Os saques das cotas do PIS com valor até R$ 3 mil podem ser feitos com o Cartão do Cidadão e a senha Cidadão nos terminais de autoatendimento, nas unidades lotéricas e correspondentes Caixa Aqui, com documento de identificação oficial com foto. Os valores acima de R$ 3 mil e de cotistas que não possuem Cartão do Cidadão e senha devem ser sacados nas agências, mediante apresentação de documento oficial de identificação com foto.

O beneficiário legal, na condição de herdeiro, pode comparecer a qualquer agência da Caixa portando documento oficial de identificação com foto e outro que comprove sua condição de sucessor para realizar o saque.

O representante legal do cotista está apto a retirar o saldo, mediante procuração particular, com firma reconhecida, ou por instrumento público que contenha outorga de poderes para solicitação e saque das Cotas do PIS.

Para atender aos trabalhadores com direito a cotas do PIS, a Caixa disponibilizou o site www.caixa.gov.br/cotaspis, onde é possível consultar o direito às cotas, além de valores, cronograma e locais mais convenientes para o saque.

O cotista também pode acessar as informações pelo aplicativo Caixa Trabalhador, pelo telefone 0800 726 0207, terminais de autoatendimento, por meio do Cartão do Cidadão e agências da Caixa. Os correntistas do banco podem utilizar o Internet banking Caixa, na opção “Serviços ao Cidadão”.

Como sacar o Pasep
Os cerca de 30 mil cotistas do Pasep que possuem conta corrente ou poupança no BB terão o depósito feito automaticamente nesta segunda-feira (19), à noite.

Os cotistas clientes de outras instituições financeiras, com saldo de até R$ 5 mil, poderão transferir o saldo da cota via Transferência Eletrônica Disponível (TED), sem nenhum custo, a partir de terça-feira (20). A opção de TED disponibilizada pelo BB pode ser realizada tanto via internet, pelo endereço eletrônico www.bb.com.br/pasep, quanto pelos terminais de autoatendimento.

Os demais cotistas, assim como herdeiros e portadores de procuração legal, poderão realizar os saques diretamente nas agências do BB, a partir do dia 22 de agosto, quinta-feira próxima. Ao todo, estão disponíveis para saque R$ 4,5 bilhões pertencentes a 1,522 milhão de cotistas.

O beneficiário legal, na condição de herdeiro, pode comparecer a qualquer agência do Banco do Brasil portando documento oficial de identificação e outro que comprove sua condição de sucessor para realizar o saque.

Também está apto a retirar o saldo o representante legal do cotista, mediante procuração particular, com firma reconhecida, ou por instrumento público que contenha outorga de poderes para solicitação e saque de valores.

Para o participante saber se tem direito às cotas, basta acessar o portal www.bb.com.br/pasep. As soluções de consulta e saque da cota para envio de TED também estão disponíveis nos terminais de autoatendimento do BB. O cotista ainda pode obter informações por meio da Central de Atendimento BB pelos telefones 4004 0001 (capitais e regiões metropolitanas) ou 0800 729 0001 (demais localidades).

Edição: José Romildo

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Embraer divulga fotos de protótipo de avião com propulsão elétrica

Publicado em 16/08/2019 - 21:18

Por Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil Brasília

A Embraer divulgou hoje (16) as primeiras imagens do seu protótipo de avião com propulsão 100% elétrica, ainda em desenvolvimento. O projeto está sendo desenvolvido em parceria com a fabricante de motores Weg desde o ano passado. A expectativa é que a aeronave realize seu primeiro voo no próximo ano.

Segundo a Embraer, o motor e inversor da aeronave estão sendo fabricados pela WEG, na sede da empresa em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, como parte do acordo de cooperação científica e tecnológica para desenvolvimento em conjunto de tecnologias de eletrificação. Outra parceria, com a Parker Aerospace, será responsável por fornecer o sistema de arrefecimento do avião demonstrador da tecnologia.

"Durante os próximos meses, as equipes técnicas das empresas continuarão testando os sistemas em laboratório para posterior integração no demonstrador de tecnologias e realização de ensaios em condições de operação real. O primeiro voo do protótipo está previsto para 2020", disse a empresa.

Para desenvolver a aeronave, a Embraer está usando como base, a plataforma monomotor de pequeno porte EMB-203 Ipanema. O Ipanema é conhecido por ser bastante utilizado na aviação agrícola.

"O processo de eletrificação faz parte de um conjunto de esforços realizados pela Embraer e outras empresas do setor aeronáutico que visam atender seus compromissos de sustentabilidade ambiental, a exemplo do que já vem sendo feito com biocombustíveis para redução de emissões de carbono", disse a empresa.

Edição: Fábio Massalli

Situação da Oi piora e Anatel avalia uma intervenção na operadora

Por ESTADÃO CONTEÚDO
16/08/19 - 11h31
Executivos da Oi devem ser chamados em Brasília para falar sobre como planejam manter a empresa de pé

A situação da Oi piorou nos últimos meses e o futuro da empresa, que é uma das maiores operadoras de telefonia do país, voltou a preocupar a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), responsável por regular o setor. Autoridades do governo Jair Bolsonaro foram avisadas esta semana de que, caso o comando da companhia não consiga reverter os maus resultados, a agência pode ser obrigada a intervir na empresa. Há receio de que regiões do país fiquem sem serviços de telefonia fixa prestados pela operadora no ano que vem.

Duas reuniões já foram realizadas na agência reguladora para discutir o assunto. Executivos da Oi devem ser chamados em Brasília para falar sobre como planejam manter a empresa de pé. O governo foi envolvido agora no debate diante do risco de que uma decisão mais dura tenha de ser tomada nos próximos meses. 

O Estado apurou que, caso a empresa não melhore seu desempenho no curto prazo, uma das alternativas em estudo é tirar da Oi a concessão que permite à empresa oferecer telefonia fixa em todos os Estados do País, com exceção de São Paulo – processo chamado de “declaração de caducidade”.

Os serviços de telefonia móvel e de banda larga são autorizações e a Anatel não pode interferir nem cassar o direito da empresa de oferecê-los. A natureza do problema na Oi, porém, sinaliza que a empresa pode ter dificuldades para manter seus serviços como um todo nos próximos anos. 

A Oi vem executando seu plano de recuperação judicial, aprovado em 2017 pelos credores para que a empresa, que acumulava dívida de R$ 65 bilhões, escapasse da falência. Em janeiro, a operadora recebeu a injeção de R$ 4 bilhões de seus acionistas, uma das condições do plano de reestruturação acordado com seus credores, que envolveu desconto na dívida e um prazo mais longo de pagamento.

Com isso, ficou com um saldo em caixa que era considerado confortável pela Anatel, de R$ 7,5 bilhões. Desde então, porém, vem gastando muito mais do que consegue acumular. 

Foram sacados R$ 3,2 bilhões do caixa para custear operações, pagar salários, bancar investimentos, entre outras despesas, até junho, segundo dados divulgados pela Oi.

A seguir nesse ritmo, e sem novos aportes, a empresa se inviabilizaria até o ano que vem. Por essa razão, além de avaliar se será preciso tirar a concessão da Oi, a Anatel debate se, enquanto busca nova empresa para assumir a concessão, será necessário intervir na operadora.

A possibilidade, que ainda está em estudo, teria como objetivo evitar que o dinheiro da companhia acabe antes da chegada de uma nova operadora. Há dois riscos que Anatel e governo desejam afastar. O primeiro é o de um apagão em parte dos serviços de telefonia do País. O outro é de a União ser chamada a arcar com custos para manter a operação da Oi funcionando – A medida seria mal vista pela equipe econômica de Bolsonaro.

A Oi ainda será ouvida por governo e Anatel. Ontem, porém, a empresa voltou a expor aos investidores e seu plano de sobrevivência. O diretor financeiro, Carlos Brandão, afirmou que a queima de caixa não foi uma surpresa e que o comando da operadora está confiante. Disse, porém, que a Oi tem alternativas, como emitir debêntures e solicitar novo aporte, de até R$ 2,5 bilhões, de seus acionistas. A operadora é controlada por fundos internacionais. 

Em outra frente, a Oi se movimenta para levantar dinheiro com a venda de ativos. O plano, exposto aos investidores, tem como objetivo arrecadar de R$ 6,5 bilhões a R$ 7,5 bilhões. Neste ano, seriam passados à frente torres de telecomunicações e ações da Oi na empresa angolana Unitel. Em 2020 e 2021, seriam vendidos data center e imóveis, de acordo com a Oi.

Há dúvidas entre representantes do governo e da Anatel, porém, se as vendas serão suficientes e se esse reforço no caixa chegará a tempo de manter a empresa operando os serviços de telefonia fixa no País sem problemas.

Procurada, a Oi disse que não iria se pronunciar. Na Anatel, o conselheiro Vicente de Aquino, relator da matéria, declarou sigilo no processo e não comentou.