O rifle é fabricado especificamente para a precisão do tiro
Francisco Vieira
A proposta do governador eleito Wilson Witzel de permitir que atiradores de elite atinjam e matem bandidos que estejam em via pública armados com fuzis pode ser considerada a melhor proposta, a proposta mais real que apareceu no Rio de Janeiro nas últimas décadas.
Normalmente, os confrontos entre traficantes e policiais no Rio de Janeiro se dão com ambos os lados armados com fuzis automáticos, que dão rajadas e têm o alcance médio de 3.800 metros, aproximadamente, o que o torna mortal para qualquer pessoa que esteja em um círculo com diâmetro de 7.600 m em torno do atirador.
PERIGO IMEDIATO – Portanto, qualquer cidadão, homem, mulher ou criança, que esteja nessa área coberta pelo raio de 3.800 metros em torno de um criminoso armado, estará correndo perigo imediato de ser morto, irresponsavelmente. Para que isso ocorra, basta o bandido apertar o gatilho, já que ele não tem preocupação ou compromisso com quem ou onde a bala atingirá.
Será que alguém ainda tem coragem de questionar “perigo imediato”, pelo fato das autoridades brasileiras terem se acostumado com o caos, com a desordem, com a tolerância ao erro e com os marginais desfilando em grupos armados?
Agora, tente imaginar o que a polícia de Nova Iorque ou de Londres faria, ao se deparar um grupo tão armado como as quadrilhas cariocas andando calmamente em bairros das respectivas cidades!
BALAS PERDIDAS – Ao contrário do que se argumenta, quando qualquer pessoa realiza um disparo em via pública, é impossível saber o que ou quem o projétil atingirá. E isso vale para o tiro disparado pelo policial e para o tiro disparado pelo bandido. Ao sair do cano da arma, somente Deus saberá quem será atingido, se a bala terá a sua trajetória modificada por ricochete ou por outras situações fortuitas e se acabará por matar um inocente ou um culpado.
O uso de um atirador sniper visa reduzir ao mínimo possível, com um disparo de precisão, o risco da polícia atirar em via pública e atingir um inocente, pelo fato do atirador saber, com maior chance de acerto, onde o projétil atingirá, do que aqueles policiais que dão rajadas ou dão centenas de disparos apenas “no rumo” dos agressores usando apenas as miras normais das armas que, mesmo dotadas de miras telescópicas adaptadas, não são usadas para o disparo de precisão.
Para uma arma ser apropriada para o disparo de precisão não basta que apenas se coloque uma mira telescópica na sua parte superior, como é muito visto nas operações policiais. A arma precisa ter sido fabricada para essa função específica!
DISPAROS DEMAIS – Em um rápido confronto, realizado entre dez bandidos e dez policiais, todos armados com fuzis que, geralmente, vêm com carregadores de vinte cartuchos, significa que serão dados 400 disparos “a esmo”, pelos dois lados, em um confronto que visava atingir apenas os dez criminosos e dez policiais.
A todo esse risco, devemos acrescentar aquele adicionalmente produzido se os policiais e bandidos usarem o modo rajada. Nesse caso, um carregador desses demorará menos de dez segundos para ser esvaziado e será trocado por outro cheio, o que significará mais vinte disparos adicionais, podendo finalizar, no final da rápida operação, mais de mil disparos efetuados pelos bandidos e policiais, em uma área urbana habitada.
MENOS VÍTIMAS – O atirador de elite, também chamado de sniper, existe para que o risco de se atirar em via pública e de se atingir um inocente seja extinto ou diminuído ao máximo.
Com o uso de atiradores de elite, diminuirá expressivamente o número de inocentes mortos por balas perdidas durante os confrontos, pois os policiais só darão um tiro para cada bandido avistado e o bandido não atirará na polícia por estes estarem fora da visão dos criminosos. Na verdade, com essa modalidade de ação, cairá o número de policiais mortos e até mesmo os confrontos entre policiais e bandidos poderão ser reduzidos.
MIRA TELESCÓPICA – O sniper usa uma mira telescópica que pode aumentar a proximidade do atirador em até 24 vezes para ele poder, calmamente, visualizar o criminoso e suas regiões vitais. Obviamente, será impossível que ele venha a confundir uma vassoura, uma arma de brinquedo, uma ferramenta, um guarda-chuva ou qualquer outro objeto com um fuzil, já que a visão que terá dos criminosos será a mesma que ele teria se estivesse a poucos metros de distância deles.
Portanto, por ser um “tiro de precisão” e pelo fato do atirador estar abrigado e fora do alcance das balas dos criminosos, ele não tem pressa em puxar o gatilho e não se precipita em atirar no primeiro vulto que aparecer pela frente, como faria qualquer policial da linha de frente por medo de ser morto.
HORA DE DECIDIR – Portanto, já está na hora dos governantes decidirem de que lado estão: dos traficantes e dos assaltantes que agem armados com fuzis, ou do lado das vítimas de balas perdidas e das pessoas inocentes, mortas nas vias públicas e até mesmo nas escolas.
E vejam que o governador eleito nem se referiu às pistolas de “uso restrito das Forças Armadas”: Elas poderão continuar sendo portadas normalmente pelos criminosos? Ou também serão merecidamente abatidos?