Suspeito mora na cidade há pouco mais de três meses
PUBLICADO EM 28/02/18 - 09h46
FERNANDA VIEGAS
A Polícia Civil encontrou o corpo de uma idosa de 67 anos dentro de uma mala, em uma mata, na cidade de Pouso Alegre, no Sul de Minas Gerais, nessa terça-feira (27). Um homem, que trabalhou como pedreiro para ela, está preso pelo crime. A vítima era professora aposentada.
Luzia dos Santos estava desaparecida há cerca de um mês e, desde que a família notificou a polícia sobre o sumiço dela, as investigações foram iniciadas.
“A família nos procurou no dia 8 de fevereiro, noticiando o desaparecimento. E havia uma situação estranha. Durante uma semana foram vistos vários usuários de drogas entrando e saqueando a casa dela", explicou Rodrigo Bartoli, delegado de Homicídios de Pouso Alegre.
"Começamos a investigação, e o primeiro passo foi identificar quem eram as pessoas que entravam na casa. Nós chegamos a diversos bens e eletrodomésticos que já haviam sido vendidos em um bairro de uma comunidade pobre de Pouso Alegre. Através deste levantamento, chegamos até a pessoa que seria responsável pela venda e que estaria se passando como sobrinho da vítima. Era o pedreiro, que alegou que a mulher teria se mudado para um asilo e que teria autorizado ele a vender os bens", detalhou Rodrigo Bartoli, delegado de Homicídios de Pouso Alegre.
Ainda com informações de testemunhas e demais verificações, os policiais conseguiram provar que no final de janeiro (quando a polícia acredita ter sido o homicídio) o suspeito foi visto andando pela rua com manchas de sangue.
"Com base nesses elementos, a gente pediu a prisão dele, que foi cumprida na sexta-feira (dia 23 de fevereiro), e agora, na terça-feira (27), foi o interrogatório dele. Após 4 horas de interrogatório ele acabou por confessar o crime e levou a equipe de homicídios ao local onde o corpo foi encontrado”, complementou o delegado.
Os policiais detiveram o homem, de 38 anos, que trabalhou durante um mês, aos fins de semana, como pedreiro de Luzia. Em depoimento, ele alegou que pediu dinheiro adiantado para ela, mas ela não deu. Na ocasião, irritado, o suspeito roubou o celular da idosa e não voltou mais para trabalhar.
Um tempo depois, o pedreiro voltou na casa dela para tentar reaver o emprego e pedir desculpas por ter roubado o celular dela. Como ele invadiu a residência, os dois se desentenderam e a mulher começou a gritar. Segundo o depoimento, ele a enforcou na tentativa de conter os gritos, mas a vítima perdeu o sentido e morreu.
Também, em testemunho, o suspeito relatou que depois que matou a idosa, ele pegou o cartão do banco dela e tentou fazer saque. Contudo, ele não conseguiu, e percebeu que precisava da digital da titular da conta. Sendo assim, o homem foi para casa e, no dia seguinte, cortou o dedo indicador da mão direita da vítima, com um alicate, guardou em um saco plástico, e colocou o corpo dela dentro de uma mala, de acordo com o depoimento.
O pedreiro disse que levou a mala para uma mata fechada, uma área de esgoto a céu aberto, e a abandonou lá. Depois, voltou com o dedo dela no caixa eletrônico para tentar fazer o saque, mas também não conseguiu.
Após relatar todo o caso, o suspeito levou os policiais até o local onde deixou o corpo e também, do outro lado da cidade, onde ele escondeu o dedo, embaixo de uma pedra.
De acordo com a polícia, o homem não é natural de Pouso Alegre. Ele chegou na cidade em outubro e já tem ficha na polícia, por um outro crime violento, este não repassado detalhes pela polícia.
O suspeito está preso temporariamente, por 30 dias, no Presídio de Pouso Alegre e, quando as investigações forem finalizadas, a polícia pretende pedir a prisão preventiva dele. O pedreiro vai responder por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e pelo crime de furto.
A mulher morava sozinha, não teve filho e não era casada. Os familiares dela, que moram na cidade, têm casas em outros bairros. Segundo o delegado Rodrigo Bartoli, Luzia recebia um salário como aposentada e, durante a vida, cursou três faculdades. Ela tinha carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), mas não advogava.
A idosa possuía um espaço para corte e costura dentro da casa e dois quartos pequenos no fundo da residência, que ela alugava. "Muitas vezes eram usuários de drogas que alugavam os imóveis e não pagavam. Ela tinha problemas, porque não buscava se informar sobre os inquilinos", afirmou o delegado, lembrando um cuidado importante de se ter. "Ela nunca chamou a polícia", finalizou.
Jornal OTempo