Charge do Tacho, reprodução do Jornal NH
Natuza Nery
Folha
Caciques da Câmara ainda não chegaram a um texto final da lei para anistiar o caixa dois, mas estão decididos a enfrentar o desgaste de perdoar quem usou dinheiro não declarado em campanhas. Congressistas se dizem fartos da pressão do Ministério Público e tentarão uma votação relâmpago com o intuito de reduzir a exposição negativa. Alguns já falam em mudar a lei da delação premiada também. Um dos pontos é permitir a revogação de acordos em caso de vazamento à imprensa.
Como o relator das medidas propostas pelo Ministério Público, Onyx Lorenzoni, não acatou o texto da anistia, líderes partidários cogitam apresentar uma emenda conjunta para evitar que apenas um deputado sofra o desgaste de promovê-la sozinho.
“Está todo mundo cheio do ativismo do MP”, diz um importante porta-voz da base do governo, em claro sinal de que parte expressiva do Congresso vê a Lava Jato como rival.
LEI DA LENIÊNCIA – Depois da confusão, o Planalto pediu para que o deputado André Moura (PSC-SE), líder do governo, refaça o parecer do projeto de lei sobre os acordos de leniência. A ordem é contemplar os interesses de Ministério Público, TCU e Transparência.
O deputado deve retomar conversas com representantes desses órgãos nos próximos dias. A ideia é ter a redação final do texto aprovada antes do fim do ano.
A regulação da leniência é um dos assuntos que Michel Temer quer tratar na rodada de conversas com Supremo, Tribunal de Contas e Ministério Público. “Precisamos falar a mesma língua. Essas empresas são as maiores empregadoras do país”, diz um ministro.
REELEIÇÃO DE MAIA – O parecer de um consultor da Câmara contra a tese da reeleição do presidente da Casa não deve alterar a estratégia de Rodrigo Maia, que tenta ser reconduzido ao comando da instituição no ano que vem. Contra o parecer do consultor, encomendado meses atrás por Eduardo Cunha quando Maia sequer era opção para o posto, o atual presidente da Câmara apresentará pareceres de quatro renomados juristas, entre eles Heleno Torres.
Com isso, não está no radar de Maia consultar formalmente a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
Caso o PT decida lançar um candidato à sucessão de Maia, deputados trabalham para escolher alguém que tope uma campanha light, sem agressões ao atual presidente. O único objetivo real da sigla é garantir um lugar entre os principais cargos da instituição.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como a personagem Dona Bela (Zezé Macedo) da Escolinha do Professor Raimundo, o Planalto e os caciques políticos “só pensam naquilo” – a chamada Operação Abafa para liquidar a Lava Jato e anistiar todo mundo, incluindo as empreiteiras. A desfaçatez de Temer e de sua trupe é impressionante, estão confiantes em aplicar esse golpe institucional e saírem impunes. Acredite se quiser, diria o genial cartunista Robert Ripley. (C.N.)
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