Paulo Bernardo imitou Richard Pryor no filme Superman III
Carlos Newton
Por incrível que pareça, o esquema de corrupção que lesou milhares de servidores públicos, pensionistas e aposentados, em créditos consignados no Ministério do Planejamento, foi inspirado no roteiro de “Superman III”, uma superprodução hollywoodiana de 1977. O filme começa com uma cena em que o vilão Ross Webster, interpretado por Robert Vaughn, conversa com um de seus assessores sobre o mistério de um desvio que está sendo aplicado na contabilidade da corporação, através da usurpação dos centavos das contas bancárias e que já desviara milhões de dólares.
Neste diálogo inicial, os personagens dizem que o golpe parece perfeito e eles jamais conseguirão descobrir que é o criminoso, a não ser que cometa algum erro…
Nesse exato momento eles escutam o barulho da derrapagem de um carro entrando no estacionamento da empresa. Chegam à janela e veem a Ferrari vermelha de um funcionário (Richard Pryor), manobrando para entrar na vaga. “É o golpista!”, dizem, e partem para detê-lo.
A VIDA IMITA A ARTE – O desvio dos centavos foi exatamente o que aconteceu no esquema montado pelo então ministro Paulo Bernardo para aproveitar o empréstimo consignado criado pelo então presidente Lula e pelo ministro da Previdência Amir Lando, senador pelo PMDB de Rondônia.
No roteiro da superprodução petista, de cada pagamento mensal dos empréstimos consignados (descontados em folha) a servidores ativos, aposentados e pensionistas, a insignificante quantia de R$ 1,00 seria destinada à empresa de consultoria Consist, que ficaria com 30 centavos e repassaria os restantes 70 centavos ao esquema de corrupção do PT.
De centavo em centavo, a galinha dos ovos de ouro do PT encheu a pança com mais de R$ 100 milhões, e o ministro Paulo Bernardo embolsou R$ 7 milhões pela excelência dos serviços prestados ao partido.
EM OUTROS MINISTÉRIOS – O esquema implantado por Paulo Bernardo no Planejamento com certeza foi disseminado por outros ministérios e órgãos da administração pública federal. Já há suspeitas de que o mesmo golpe foi aplicado no sistema de empréstimos com desconto em folha de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), conforme o jornalista Vicente Nunes noticiou no Correio Braziliense.
Não é por mera coincidência que o petista Carlos Gabas, ex-ministro da Previdência Social, está sendo investigado na Operação Custo Brasil, acusado de receber 5% da propina do esquema montado pela Consist no Ministério do Planejamento, sob o comando de Paulo Bernardo, que foi preso quinta-feira passada por ordem do juiz federal Paulo Bueno Azevedo.
Aposentados e pensionistas do INSS devem R$ 92,4 bilhões aos bancos, segundo o Banco Central. Nos 12 meses terminados em abril, esses empréstimos apontaram crescimento de 12,6%, o maior entre todas as modalidades acompanhadas pelo BC, e no Ministério do Planejamento os centavos continuam caindo na conta do PT.
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PS – Já ia esquecendo. A própria criação do empréstimo consignado foi considerada ilegal pela Justiça, em ação popular movida contra o ex-presidente Lula e o ex-ministro Amir Lando, que já deve estar chegando às instâncias superiores, se não ficou retida em alguma gaveta, é claro. (C.N.)
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