08/08/2013
Ana Flávia Gussen - Hoje em Dia
Marcelo Metzker/ALMG
Cabo Júlio emprega denunciado por formar quadrilha
Denunciado por formação de quadrilha por encabeçar um esquema de fraude em licitações para a compra de medicamentos, o empresário Jansen Siman atua agora na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Ele foi nomeado na última sexta-feira (2) no gabinete do deputado estadual Cabo Júlio (PMDB).
Siman é lotado como assistente de gabinete, cargo com padrão VL 39. Seu salário é de R$ 4.622,00, segundo publicação no Diário do Legislativo de sexta-feira.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o deputado Cabo Júlio informou que não sabia da nomeação de Jansen. De acordo com ele, hoje será providenciada a exoneração do empresário. Coincidentemente, Cabo Júlio foi condenado em 2009 por envolvimento na Máfia dos Sanguessugas, outro esquema de fraudes na área da saúde.
Esquema
Irmão do ex-prefeito de Açucena, no Vale do Rio Doce, Ademir José Siman (PT), Jansen foi denunciado em 2008 pela Procuradoria Especializada em Crimes de Agentes Municipais por formação de quadrilha e falsidade ideológica.
Ex-presidente do PPS de Açucena, a empresa de Jansen, M&V Farma Ltda, era usada para fraudar licitações em esquema que envolveu 34 empresas, 99 servidores e 45 empresários. Pelo menos 23 prefeitos também foram denunciados na época.
Jansen era responsável por articular com prefeitos e empresários do ramo farmacêutico o esquema que garantia comissão de até 40% a integrantes do grupo criminoso.
Essa não teria sido a primeira vez que ele atuou. Jansen e seu irmão também foram investigados na operação Pasárgada. Deflagrada pela Polícia Federal também em 2008, a quadrilha desviava recursos do Fundo de Participação dos Municípios.
Cheque sem fundo
Durante as eleições de 2010, Jansen coordenou a campanha do ex-deputado estadual Chico Uejo (PSB), derrotado naquela ocasião.
Na época, um grupo de vereadores de Ubaporanga, no Vale do Rio Doce, fechou apoio à candidatura de Uejo em troca do repasse de dois cheques de R$10 mil para reformar a igreja local.
Jansen deu os cheques em nome da empresa JS Consultoria, mas eles eram sem fundo. Na época, os vereadores o denunciaram por quebra de acordo e por dever o pagamento da obra.