Lenda?
Meia-verdade
A mensagem menciona telefone celular que dá tiros. Os filmes de James Bond, Matt Helm e Flint, por exemplo, mostram as mais disparatadas armas. Não é de admirar que um armeiro habilidoso tenha construído um revólver com a aparência de um telefone celular. Não existem, todavia, informações de que essa arma esteja sendo produzido em massa.
O celular-revólver apareceu pela primeira vez na Europa no ano de 2000 quando policiais holandeses realizavam uma batida antidrogas em Amsterdam. Pouco tempo depois, um contrabandista de origem croata foi preso com algumas dessas armas supostamente provenientes da Iugoslávia.
O celular-revólver, na verdade celular-pistola, pois ele não possui o tambor, tem a mesma aparência de um telefone celular comum, mas é mais pesado e, obviamente, é incapaz de fazer ligações telefônicas ;)))
A mensagem em circulação no Brasil é assinada pelo Capitão Francisco e Equipe. Certamente, há muitos militares com esse nome e com essa patente no Brasil de modo que a origem da mensagem fica indeterminada. De qualquer forma, a polícia não divulga alertas desse tipo e, mesmo que o fizesse, o remetente daria as informações necessárias para que se identificassem o autor, o batalhão e a qual estado da federação eles pertenceriam.
O suposto capitão informa que
Já foram apreendidas aqui em São Paulo duas dessas armas sendo uma delas com calibre 380 mm e outra com calibre 9 mm privativo das forças armadas.
Segundo informações fornecidas ao InfoGuerra por integrante da polícia de São Paulo não há registros dessas apreensões. Além do mais, a arma descrita em ABCNEWS, um dos primeiros sites a noticiar essa nova arma, menciona calibre 22. Não há menção aos calibres 380 nem 9 mm.
Ao ver o filme que mostra o "telefone" disparando quatro tiros não dá pra confirmar se, realmente, os tiros foram disparados ou se trata de uma montagem.
(Os tiros são disparados ao "digitar" os números 5, 6, 7 e 8 do "telefone". Por via das dúvidas, ao usar um telefone celular de marca ou procedência desconhecida, evite apontá-lo para você mesmo ou para os seus amigos enquanto digita esses números ;<)))
O alerta para que [as pessoas] tomem cuidados especialmente em semáforos
é um tanto ocioso.
É pouco provável que um ladrão venha a usar um revólver disfarçado de celular ou de mamadeira num semáforo ou num assalto a banco. O noticiário fala de ladrões que assaltam usando armas de brinquedo ou imitações feitas de matéria plástica.
Não há dúvida de que, ao realizar um assalto, o ladrão está preparado para tudo, até para matar a vítima se ela reagir. Mas, no primeiro momento, no instante do susto e do impacto iniciais, ele pretende usar a arma para intimidar e atemorizar a vítima de modo a evitar uma possível reação dela. Ao ver-se diante de uma arma, a vítima geralmente não reage e atende o "pedido" do ladrão. E essa é a recomendação que se faz às vítimas de assalto: não reagir.
Pouca gente ficaria intimidada ou amedrontada com um ladrão a apontar-lhe um telefone celular ou uma mamadeira, mesmo que eles disparem tiros reais e mortais.
O risco maior do uso dessa arma é para os policiais e agentes de segurança. Ao abordar algum suspeito, pode acontecer de esse suspeito querer fazer uma "ligação" telefônica de conseqüências fatais.
Consultado sobre esse assunto, um experiente policial afirmou:
Já [ ...] recebi mensagens com fotos do referido "revólver" (não é um revolver porque não tem "tambor" seria mais um artefato, mas é uma arma de fogo). Não vi nenhum até agora, mas acho bem crível, pois já vi até talheres-armas de fogo, bengalas, cachimbos, etc.
Já vi dezenas de armas dissimuladas como caneta-pistola, bengala-pistola, etc.... e funcionam muito bem!
Conclusão: a pistola disfarçada de telefone celular existe, mas não há notícias de apreensões dessa arma em São Paulo nem da existência do Capitão Francisco e Equipe. Também é pouco provável que essa arma venha a ser utilizada por assaltantes de rua.
No dia 07 de fevereiro de 2003, a polícia francesa divulgou a apreensão de duas armas desse tipo na cidade de Rouen (IDG Now).
Em julho de 2007, divulgou-se a existência de modelo de telefone celular que se transforma em robô dotado de dois revólveres. A empresa Parkoz, fabricante do equipamento, apresentou vídeo em que o perigoso robô dispara vários tiros sobre uma inofensiva mesa. Veja o vídeo.
A máquina parece capaz de destruir mesas, mas não funciona como telefone. E mais: tudo indica que se trata de montagem ou de truque de edição.
De qualquer forma, a quem interessa um robô que tem como principal virtude a capacidade de danificar mesas de trabalho?