quarta-feira, 28 de novembro de 2012
POLÍCIA FEDERAL DESCOBRE SEGUNDA QUADRILHA DE ROUBO DE DADOS
Investigação envolve advogada conhecida como “rainha do divórcio”. Advogada está entre os 57 indiciados pela PF na Operação Durkheim.
Carla Modena - São Paulo, SP
Ao investigar por compra de dados sigilosos, a Polícia Federal chegou a uma advogada conhecida como “rainha do divórcio” e a uma segunda quadrilha, e descobriu um grupo especializado em envio ilegal de dinheiro para o exterior, do qual faziam parte agentes policiais.
Para a polícia, desde 2007, funcionários do escritório de Priscila Corrêa da Fonseca, conhecida advogada no ramo de família, compraram informações sigilosas. Professora da Faculdade de Direito da USP, ela ganhou dos alunos o apelido de “Priscila, rainha do divórcio”.
A advogada está entre os 57 indiciados pela Polícia Federal na Operação Durkheim. Segundo a Polícia Federal, era a secretária de Priscila, Miriam Machado do Carmo, a responsável pela compra dos dados, entre eles declarações de Imposto de Renda, que seriam usados em processos, como os de divórcio.
É a pedido do escritório de Priscila, segundo a polícia, que Eliane Francisca Pereira, uma das detetives presas na operação, levanta dados de Imposto de Renda de uma mulher que estava se divorciando. Em um e-mail, Eliane pede a um intermediário: "Capricha aí. esse serviço é conjugal, o objetivo é provar que ela tem como se sustentar financeiramente".
Em outra mensagem, uma detetive combina com um servidor o envio de dois documentos sigilosos: “Quanto você vai me fazer os dois?". O servidor responde: "2 mil com informações, detalhadamente e tudo o mais... tá bom?".
Os valores cobrados pelos criminosos para vender informações sigilosas variavam de R$ 30 por um extrato bancário, por exemplo, até R$ 7 mil por uma escuta telefônica. A investigação mostrou que 10 mil pessoas podem ter sido vítimas da quadrilha, incluindo o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que teve seu sigilo telefônico quebrado.
Além de Kassab, foram espionados o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), líder do governo no Senado, o ex-ministro da previdência Carlos Eduardo Gabas, os desembargadores Luis Fernando Salles Rossi, do Tribunal de Justiça do estado de São Paulo, e Julio Roberto Siqueira Cardoso, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
Durante as investigações, a Polícia Federal descobriu uma segunda quadrilha que praticava crimes financeiros. Itamar Ferreira Damião e José Carlos Ayres, para a polícia, agiam como intermediadores de sete grupos de doleiros. Um agente da policia federal é acusado de participar do esquema.
Segundo a polícia, eles enviavam recursos de clientes para o exterior e também parte do dinheiro arrecadado com a venda de informações sigilosas. O dinheiro ia principalmente para 20 contas em Hong Kong, na China, e, de lá, para diversos países. Com a quadrilha, a polícia aprendeu 29 carros e o equivalente a mais R$ 350 mil em diversas moedas.
O advogado de Itamar Ferreira Damião disse que o cliente dele não é chefe de nenhuma organização criminosa. Já o advogado de José Carlos Ayres não foi encontrado.
O escritório de Priscila Corrêa da Fonseca disse ter sido citado pela Polícia Federal porque duas profissionais autônomas que prestaram serviços no passado são investigadas, e que as atividades do escritório de advocacia não estão sendo investigadas na operação.
A reportagem tentou contato com representantes de Miriam Machado do Carmo e de Eliane Francisca Pereira, mas ninguém foi encontrado.(Jornal da Globo).
http://zezoferreira.blogspot.com.br/2012/11/rainha-do-divorcio-professora-da-usp.html