Além da vacinação, especialistas alertam para a importância da testagemFoto: Flavio Tavares/O Tempo
Em meio à pior epidemia de dengue da história, Belo Horizonte registra, em 2024, mais mortes em decorrência de Covid-19 do que pela doença transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. O dado, segundo especialistas, reforça a necessidade das pessoas se vacinarem, atualizando, desta forma, a caderneta de imunização.
O Boletim Epidemiológico da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) aponta que 76 pessoas morreram vítimas do coronavírus neste ano. O número é 41% maior do que os óbitos por dengue: 54. Os dados constam nas publicações mais recentes do Executivo municipal em 31 de maio.
As pessoas com 60 anos ou mais representam a maior parcela de óbitos por Covid-19: 61. Na sequência, aparece a faixa etária dos 40 aos 59 anos: 13. Uma morte foi registrada em pessoas com menos de um ano e uma entre 20 e 39 anos. No geral, mais homens morreram pela doença (41).
“A Covid-19 virou uma doença endêmica e está acontecendo, mesmo com a pior fase já tendo sido superada. E é muito triste o dado, pois estamos falando de uma doença com vacina disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para todas as faixas etárias, a partir de seis meses de vida”, afirma Raquel Bandeira, infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (SCIRAS) do Hospital Universitário Ciências Médicas (HUCM-MG).
As mortes por coronavírus, conforme explica o infectologista Leandro Curi, tendem a seguir aumentando, quando comparadas com as por dengue. “A Covid-19 não é uma doença sazonal. Apesar dela ser respiratória, é diferente da gripe, por exemplo, e é transmitida o ano todo. A tendência é de diminuição da taxa de mortalidade da dengue, pelo fato de estarmos no período seco, e, infelizmente, a de Covid-19 se manter estável”.
“O que reduz a morte é a vacina. Os números vacinais mostram que fizemos ‘bonito’ na primeira dose, mas depois começamos a ter quedas. Atualmente, temos déficit de pessoas muito bem imunizadas contra o coronavírus, o que é um perigo”, complementa.
Testar é essencial
A ausência de cuidados básicos, como o uso de máscara e, principalmente, a testagem, também pode explicar os agravamentos em pacientes com Covid-19.
“Precisamos reforçar o diagnóstico precoce do coronavírus. É preciso que as pessoas parem de se automedicar e desloquem até a unidade de saúde, pois lá vão ter o devido diagnóstico. Os cuidados que tivemos no início da pandemia não podem ser esquecidos. Em caso de testar positivo, manter o isolamento e a utilização da máscara”, pondera Raquel Bandeira.
Vacinar é de suma importância para Belo Horizonte e para o país reduzir os números de óbitos. “O vírus da Covid-19 evoluiu e é transmitido facilmente. A transmissibilidade mais alta do Covid e a vacinação ruim explicam os números. O Brasil tem 10% da mortalidade mundial do coronavírus. É muita coisa”, conclui Curi.
Números
Veja a relação de casos confirmados e mortes por dengue em cada mês em BH:
Janeiro - 13.214 / 6
Fevereiro - 31.780 / 24
Março - 15.909 / 18
Abril - 3.935 / 6
Maio - 537 / 0
Confira os números de Covid-19 em Belo Horizonte neste ano:
Notificados - 38.078
Confirmados - 7.467
Óbitos - 76
Vacinação
Procurada pela reportagem, a PBH informou que, desde 22 de maio, a aplicação da dose de reforço da nova vacina monovalente contra a Covid-19 foi ampliada para todos os grupos prioritários definidos pelo Ministério da Saúde. O novo imunizante teve o registro aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e vai substituir, de maneira gradual, todos os imunizantes contra a Covid-19 que estavam sendo utilizados até então.
“Até o momento, já foram aplicadas cerca de 29 mil doses da monovalente. Como o esquema de vacinação contra a Covid-19 foi alterado pelo Ministério da Saúde, a cobertura vai contemplar apenas os grupos prioritários. Cabe esclarecer que o Ministério ainda não abriu o sistema para a inserção de dados para fins de cálculo de cobertura vacinal”, esclareceu o Executivo municipal.
Para receber a dose da monovalente, a pessoa que faz parte de um dos grupos prioritários deve ter recebido a última dose da vacina contra a covid-19 há, pelo menos, três meses.
Além dos idosos acima de 80 anos, gestantes, puérperas [mulheres no período até 45 dias após o parto] e imunossuprimidos, podem receber o reforço os seguintes públicos:
Pessoas com 60 anos ou mais;
Pessoas vivendo em instituições de longa permanência (ILPI e RI) e seus trabalhadores;
Indígenas;
Ribeirinhos;
Quilombolas;
Trabalhadores da saúde;
Pessoas com deficiência permanente;
Pessoas com comorbidades;
Pessoas privadas de liberdade (≥ 18 anos);
Funcionários do sistema de privação de liberdade;
Adolescentes e jovens cumprindo medidas socioeducativas;
Pessoas em situação de rua.
As vacinas estão disponíveis nos 152 centros de saúde da cidade. Os endereços podem ser verificados clicando aqui.
https://www.otempo.com.br/cidades/2024/6/3/covid-19-mata-41--a-mais-em-bh-do-que-a-pior-epidemia-de-dengue-
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