terça-feira, 6 de setembro de 2022

Tumulto na entrada do Mineirão em jogo do Cruzeiro: quem é responsável?

Por Frederico Jota e Frederico Teixeira
Publicado em 5 de setembro de 2022 | 15h05 - Atualizado em 6 de setembro de 2022 | 10h08
Torcedores invadiram o Mineirão no último domingo (4), antes do jogo contra o Criciúma — Foto: Reprodução redes sociais

As tristes cenas registradas em várias partidas do Cruzeiro nesta temporada, com tentativas de invasão, tumultos para acessar as arquibancadas e torcedores machucados, se tornaram repetitivas e preocupantes. Mas quem é o responsável pela entrada dos torcedores? O Tempo Sports ouviu todas as partes envolvidas e questionou quais medidas devem ser tomadas para evitar situações desse tipo. A reportagem apurou, inclusive, que uma reunião será realizada nesta terça-feira (6) para tentar criar estratégias para que cenas lamentáveis não se repitam mais a partir do jogo contra o Operário, na quinta (8), às 21h30.

De acordo com o Cruzeiro, que é o organizador do evento, o clube tem melhorado os processos para que as pessoas possam entrar de uma forma mais harmônica e em paz no estádio. “Ocorre que nem todo o problema é um problema operacional, nem todo problema é um problema sistêmico. O que a gente viu ontem (domingo) foi uma ação ordenada de muitas pessoas para que, em um momento específico e coordenado por elas, conseguissem invadir o Mineirão”, disse Vinicius Lordelo, diretor de comunicação do Cruzeiro. Lordelo admite que o Cruzeiro tem pontos a melhorar. “Mas o que a gente viu não foi meramente um problema meramente sistêmico ou operacional. Estamos lidando com gente que está invadindo um espaço. É um outro tipo de problema", comentou. No último mês de julho, o Cruzeiro se pronunciou a respeito de confusões e ingressos falsos no Mineirão.

A Minas Arena, que administra o Mineirão, confirma que realmente houve uma invasão de torcedores, que vieram juntos desde a região do Shopping Del Rey. Eles derrubaram o portão e pularam algumas catracas. Ainda de acordo com a administradora do estádio, por meio de sua assessoria de imprensa, não foi possível evitar o ocorrido por causa da quantidade de torcedores que estavam naquele momento.

A informação que a Minas Arena tem é que esses torcedores levam ingressos falsos, que não são lidos pelas catracas, o que acaba travando as filas. De acordo com a administração do estádio, isso é feito de forma proposital para travar, bloquear e invadir. E, com o grande volume de torcedores chegando, o tumulto acaba se formando e a decisão da Polícia Militar é liberar as catracas.

De acordo com a major Layla Brunella, Major Layla Brunella, porta-voz da Polícia Militar de Minas Gerais, em contato com a reportagem de O Tempo Sports no domingo, a abertura do portão aconteceu em razão do travamento das catracas, que dariam acesso aos torcedores ao jogo. "Após esse travamento, o batalhão de choque percebeu o tumulto que começou acontecer, em razão dessa impossibilidade de entrada dos torcedores, colocando em risco famílias que estavam por ali", explicou.

Layla informou que a PM assessorou os organizadores do evento para a abertura do portão para que as famílias pudessem passar em segurança. "É importante ressaltar que, desde o meio do ano há essa conferência inicial dos ingressos na entrada da esplanada. Então, os torcedores que estavam ali no portão já haviam passado pelas buscas pessoais e conferência dos ingressos. Então, a situação ocorreu com tranquilidade. Assim que percebemos uma possibilidade de pisoteamento, houve o acionamento e a Minas Arena e o clube optam por abrir os portões", concluiu.

Já o tenente coronel Flávio Santiago disse que o batalhão de choque informou que esses torcedores já estavam dentro da esplanada. “Eles ‘sofreram busca’ dos ingressos desde a esplanada”, comentou. “O que ocorreu foi que travou a catraca. A multidão pressionou e, neste momento, o batalhão de choque sugeriu que os portões fossem liberados. A ação da PM salvou vidas”, opinou.

A reportagem de O Tempo Sports entrou em contato com o Ministério Público Estadual (MPE) e também com o Ministério Público Federal para saber possíveis medidas que poderiam ser tomadas. A demanda cabe ao MPE. O procurador geral Jarbas Soares afirmou se tratar de uma atuação de primeira instância, ou seja, deveria ter alguma denúncia para que o órgão pudesse atuar, até mesmo no âmbito do direito do consumidor. O Ministério Público pode, eventualmente, fazer uma recomendação às autoridades para que tomem providências a fim de evitar a repetição desse tipo de ato.

https://www.otempo.com.br/1.2728178

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