quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Suspeito do desaparecimento da ex-mulher em Juiz de Fora vivia regado a churrasco e cerveja em Rochedo de Minas

Por Caroline Delagado, G1 Zona da Mata

08/08/2019 17h35 
Jaime Tristão Alves era considerado foragido e foi localizado e preso nesta quinta (8) em Rochedo de Minas — Foto: Caroline Delgado/G1

Jaime Tristão Alves, de 41 anos, suspeito do desaparecimento da ex-mulher, Cláudia de Paiva Rezende Alves, de 47, vivia regado a churrasco e cerveja em Rochedo de Minas. A informação foi divulgada em entrevista coletiva, nesta quinta-feira (8), pelo delegado Rafael Gomes, da 3ª Delegacia de Polícia Civil.

O homem foi preso na manhã desta quinta, em uma casa no município, que fica há aproximadamente 50 quilômetros de Juiz de Fora. O investigado estava escondido desde o dia 22 de julho, após a Justiça ter expedido um mandado de prisão temporária de 10 dias contra ele.
Carnes e bebidas encontradas na casa em que o homem foi preso em Rochedo de Minas — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Ao G1, Rafael Gomes, informou que o suspeito teria alugado a residência dois meses antes do desaparecimento da ex-mulher.

"Para uma pessoa que está preocupada e em estado de luto, ele estava vivendo uma vida totalmente incompatível. Um freezer carregado de cerveja, energético, carnes para churrasco e piscina".

Casa alugada em Rochedo de Minas pelo suspeito do desaparecimento da ex-mulher em Juiz de Fora — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Durante a chegada do suspeito à delegacia na tarde desta quinta, ele falou à imprensa enquanto desembarcava da viatura e negou ter responsabilidade sobre o desaparecimento da ex-esposa e alegou não ter conhecimento de onde ela possa estar.

"Eu não fiz nada! É a mãe dos meus filhos que eu amo. Estou sendo acusado injustamente e vou provar a minha inocência", declarou.

Após prestar depoimento, na tarde desta quinta, na Delegacia da Polícia Civil, Jaime Tristão, foi encaminhado para Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp). Já a ex-mulher, Cláudia de Paiva, continua desaparecida.

Entenda o caso
Cláudia de Paiva Rezende Alves, 47 anos, foi vista pela última vez no dia 6 de julho deste ano, no Bairro Nova Era. O boletim de ocorrência de desaparecimento foi registrado pelo ex-marido no dia 8 de julho na Polícia Militar (PM). No mesmo dia, o caso foi para a 3ª Delegacia de Polícia Civil, que foi procurada por familiares da mulher.
Mulher está desaparecida desde o início de julho em Juiz de Fora; ex-marido é o principal suspeito. — Foto: TV Integração/Reprodução

"Abrimos inquérito e passamos a realizar as diligências investigatórias. Parentes foram à Delegacia explicar que estavam preocupados porque Cláudia não tinha vícios e não tinha costume de deixar os dois filhos adolescentes sozinhos em casa. Sempre que ela precisava se ausentar, alguém os monitorava", contou o delegado.

A partir disso, o ex-marido foi chamado para prestar depoimento. "Na primeira versão, ele contou que, no dia 6, saiu de casa de manhã para alguns afazeres. Posteriormente, ficou das 12h às 19h em um bar na Zona Norte com os amigos. Depois foi para uma exposição agropecuária em uma cidade vizinha e, ao voltar para casa, dormiu".
Delegado responsável pelo caso em Juiz de Fora durante entrevista coletiva — Foto: Caroline Delgado/G1

"No domingo, contou que saiu para andar de moto e voltou para casa. Os filhos disseram que a mãe estava desaparecida. Então levou os garotos para fazer um lanche em um shopping e só na segunda-feira procurou a PM para fazer o boletim de ocorrência", revelou Rafael Gomes.

Na sequência da apuração, foram ouvidos os amigos que estiveram no bar com o suspeito e que apresentaram uma versão diferente. "Eles falaram que o homem saiu do bar por volta das 16h, 16h30 e só retornou às 19h. Nós os chamamos novamente para depor. O suspeito não soube informar onde esteve neste intervalo, alegando que ficou andando de carro".

Os investigadores conseguiram imagens de câmera de segurança que mostram Cláudia de Paiva Rezende Alves em uma padaria no Bairro Nova Era e o ex-marido por perto.

"Os registros são dela entrando no local onde fez recarga do aparelho celular. Enquanto ela estava lá, o carro do ex-marido foi flagrado passando pelo local, dando a volta no quarteirão e até ficar parado na rua principal por cerca de um minuto".

Após a autorização judicial para a quebra do sigilo telefônico, outra descoberta. De acordo com o delegado, o homem ligou para a ex-mulher.

"Em seguida, ela saiu da padaria e foi ao encontro dele. Os dois entraram na mesma rua, ele de carro e ela a pé. As imagens seguintes não mostram mais a Cláudia subindo e nem descendo a rua, mas registram o carro dele. Tudo indica que ela embarcou no veículo. Desde então, o celular dela não registrou mais nenhuma chamada e Cláudia não foi mais vista".

Com estas informações, a Polícia Civil apreendeu o carro do ex-marido, que foi periciado. "Após a realização do luminol, houve detecção de sangue no encosto de cabeça do banco do motorista, na porta do motorista e no casaco que ele usava no dia. Foi colhido material para ser comparado com o material genético de familiares da Cláudia. O exame será feito em Belo Horizonte", completou.

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