sábado, 19 de agosto de 2017

Primeiro grande avião de passageiros chinês é um expoente do “Made in China"

19/08/2017 19h00
Xangai, China
Ana Cristina Campos – Enviada especial da Agência Brasil*
Batizado como C919, o avião tem capacidade para transportar entre 158 e 168 passageiros e começou a ser desenvolvido em 2008  Comac/Divulgação

O primeiro avião comercial de grande porte de fabricação chinesa está em fase de testes de voo e é um dos expoentes do plano do governo central chamado “Made in China 2025”, que tem por objetivo promover a produção interna de bens de alta tecnologia, como robôs, medicamentos, carros elétricos e equipamentos aeroespaciais.

Batizado como C919, o avião, com capacidade para transportar entre 158 e 168 passageiros, começou a ser desenvolvido em 2008 pela empresa estatal Commercial Aircraft Corporation of China (Comac), com sede em Xangai. No início de maio deste ano, fez seu voo inaugural no Aeroporto Internacional Pudong de Xangai, de onde decolou e posou.

De acordo com o responsável pela área de montagem do C919, Wang Hai, mais dois jatos estão em fabricação. Segundo ele, a empresa precisa ter pelo menos oito aeronaves construídas para conseguir a certificação da Administração da Aviação Civil da China e, assim, ter autorização para fazer voos domésticos.

“Pelo nosso plano, devemos conseguir o certificado de aeronavegabilidade do C919 até 2020 e entrar no mercado chinês em 2021”, disse. “As companhias aéreas chinesas já fizeram encomendas do novo avião”.

Em uma etapa posterior, está previsto o lançamento do C919 no mercado internacional. Com autonomia de voo de até 5,5 mil quilômetros, o jato chinês deverá disputar espaço em um mercado dominado pelas gigantes Airbus e Boeing. “É um avião que terá preço competitivo, é seguro, confortável e menos poluente, pois emite 12% a menos de dióxido de carbono”, afirmou Wang Hai.

Inovação
Proposto pelo primeiro-ministro chinês Li Keqiang, o plano “Made in China 2025” pretende transformar o país asiático em importante produtor de alta tecnologia, e não mais apenas em fabricante de bens de baixo valor agregado. Mais do que quantidade, dizem as autoridades chinesas, o foco agora é na qualidade dos produtos.

Pelo plano, o governo chinês está incentivando a inovação em dez setores-chave, como robótica, informação tecnológica, equipamentos médicos e eletrônicos e indústria biofarmacêutica. Para tanto, tem promovido o estabelecimento de parques tecnológicos com incubadoras e startups (empresas inovadoras em estágio inicial).

Fomentados pelos governos central e locais e pelas grandes empresas, os centros de excelência contam com uma série de incentivos fiscais e financeiros, como o de Zhongguangcun, na capital chinesa, onde estão as universidades de Pequim e Tsinghua, e o Future Sci-Tech City de Hangzhou, na província de Zhejiang.

Este ano, a China alcançou a 22ª posição no Índice Global de Inovação, três acima da marca registrada no ano passado. É o único país que não é de alta renda a figurar no grupo das 25 economias mais inovadoras.

A Suíça permaneceu no primeiro lugar, seguida pela Suécia, Holanda e Estados Unidos. O Brasil manteve a 69ª colocação no ranking de 127 países que éelaborado pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual (Ompi), pela Universidade Cornell e pela escola de negócios Insead.

Xangai
A fabricante de aeronaves Comac está sediada na próspera cidade de Xangai, na Costa Leste. Com 24 milhões de habitantes, a mais populosa do país, é considerada o principal centro econômico da China.

Em 2016, teve um PIB (Produto Interno Bruto, soma de todos os bens e serviços produzidos) de 2,74 trilhões de iuanes (cerca de R$ 1,37 trilhão), puxado pelo setor terciário, que movimenta 70% da economia local.

O porto de Xangai, que ocupa o primeiro lugar no mundo em volume de carga e descarga pelo sétimo ano consecutivo, é um dos motores da economia, de acordo com o subdiretor do Escritório de Assuntos Exteriores da cidade, Fu Jihong.

Segundo o governo local, 580 multinacionais estabeleceram suas sedes regionais em Xangai assim como 411 centros de pesquisa e desenvolvimento com financiamento externo.

*A repórter viajou a convite do Centro de Imprensa China-América Latina e Caribe
Edição: Armando Cardoso
Agência Brasil

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