quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Vídeo mostra PMs do Choque saindo de cerco à Alerj e sendo aplaudidos

16/11/2016 15h22 - Atualizado em 16/11/2016 16h11

Gabriel Barreira

Do G1 Rio

Um vídeo feito na tarde desta quarta-feira (16) mostra dois policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar deixando o cerco a Alerj durante protesto de servidores contra o pacote de austeridade do Governo. "Não queremos mais participar disso", teria dito um deles após a corporação soltar bombas contra servidores, segundo o autor do vídeo, Julio Trindade.

É possível ouvir um estampido no início das imagens. Nelas, os militares são ovacionados por ativistas que os acompanharam. "Parabéns, guerreiro", diz um. "Boa, Choque", diz outro. 

O vídeo foi  publicado em uma rede social  e obteve milhares de visualizações em poucos minutos (veja no link ao lado ou no vídeo acima).

A manifestação era contrária aos projetos apresentados pelo Governo e havia até doações de alimentos a servidores e pensionistas que passam por dificuldades financeiras em meio ao atraso de salários.
Inicialmente, os ativistas não compreenderam porque os dois policiais iam no sentido contrário ao cerco. Até que um deles se explicou e aí começaram os aplausos. "A população abraçou, começou a aplaudir. Era vaia para o que o Choque estava fazendo [jogando bomba] e aplauso para os dois", diz Trindade.

De acordo com ele, houve truculência dos outros policiais. Ele diz que estava a alguns metros da confusão, em frente ao Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), ajudando uma senhora com um bebê de colo que passava mal com o spray de pimenta e as bombas.

O autor do vídeo relata ainda que um oficial se aproximou dos dois e também deu parabéns. "Eles não poderiam abandonar o posto, então foram caminhado até um local onde estavam estacionados os carros do Choque", conta.

PM deixou cerco a Alerj e foi ovacionado por manifestantes (Foto: Julio Trindade/Arquivo Pessoal)

Confusão
Manifestantes derrubaram as grades da Alerj por volta das 12h05 desta quarta-feira (16). Em resposta, o Batalhão de Choque da Polícia Militar usou bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes. Houve muita correria, mas um grupo continuou resistindo.

Às 13h15, uma nova confusão ocorreu e a polícia chegou a jogar gás de pimenta na direção dos manifestantes. Por volta das 13h30, um grupo tentou invadir o prédio da assembleia chegando a derrubar uma parte da segunda barreira de grades que isolam o prédio do Palácio Tiradentes.

Manifestantes e até pessoas que trabalham no Centro da cidade e não estavam no protesto relatam truculência policial. Algumas pessoas dizem que ficaram presas em lojas próximas a Alerj e não conseguiam sair, após os funcionários fecharem as portas com medo de violência.

PM pode se manifestar, diz comandante
Há duas semanas, o comandante-geral da PM já havia dito que policiais poderiam participar de protestos. Wolney Dias Ferreira disse, no entanto, que a corporação não tinha mercenários. "Ninguém vem pra cá para se tornar rico. Salário é uma questão motivacional, mas não é a única", afirmou.

Nos bastidores, porém, policiais temiam represálias se fossem identificados em manifestações. Os comandos de alguns batalhões chegaram a marcar reuniões no mesmo horário que ocorreria o protesto, mas desmarcaram. Outros, surpreendentemente, desmarcaram reuniões comunitárias para que o máximos de PMs de folga fossem ao protesto.
XXXXXXXXXXX
PMs que abandonaram tropa durante protesto estão presos administrativamente
Leia mais: http://extra.globo.com/…/pms-que-abandonaram-tropa-durante-…

Estão presos administrativamente os dois policiais militares do Batalhão de Choque que abandonaram a tropa para se unir a manifestantes, nesta quarta-feira, durante um protesto em frente à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Os agentes faziam parte de um cordão de isolamento do Palácio Tiradentes. Em meio ao tumulto em que se transformou a manifestação de servidores contra o pacote de cortes do governo do estado, a dupla decidiu mudar de lado. As identidades dos agentes não foram reveladas.

— O Choque foi em direção a Alerj, reprimindo a população que estava desde a altura do Tribunal de Justiça com bombas e jatos d'água. Quando o batalhão chegou em frente à garagem do Menezes Cortes, esses dois policiais, que estavam no front, segurando o escudo, abandonaram o posto e resolveram voltar no sentido contrário, sendo ovacionados pela população — conta o autor do vídeo, Júlio Trindade, que também registrou o momento com fotos.

Em um primeiro momento, os ativistas não entenderam o que estava acontecendo, até que um dos policiais explicou a situação. Os manifestantes, então, começaram a ovacionar a dupla. Segundo Júlio, uma pessoa que estava mais próxima dos militares contou o que eles falaram, ao desertar: "Não queremos mais participar disso".

No vídeo, é possível ver manifestantes dando tapinhas nos ombros dos agentes e elogiando a atitude. "Parabéns, guerreiro", diz um. "Boa, Choque", grita outro. O vídeo foi publicado em uma rede social e obteve milhares de visualizações em poucos minutos.

De acordo com um agente do grupamento de operações especiais, a atitude da dupla não foi um caso isolado. Dois agentes do Regimento de Polícia Montada também teriam se recusado a ir contra os manifestantes. Apesar de não terem desertado, eles recuaram, facilitando a passagem dos ativistas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário