quinta-feira, 23 de junho de 2016

Sem redução da obesidade estatal, a economia caminha para um colapso



Charge do Genildo (genildoronchi.blogspot.com)

Wagner Pires

Não há débito sem crédito nem crédito sem débito, já dizia o frei Luca Pacioli, matemático italiano, considerado pai da contabilidade moderna. Para toda origem de recursos temos o mesmo correspondente em aplicação desses recursos, e vice-versa. A origem de recursos é a criação de riquezas que a iniciativa privada (empresas e trabalhadores) promove. E na aplicação de recursos, o correspondente a 35,42% do PIB está sendo para a manutenção desse estado obeso e ineficiente, fator impeditivo do desenvolvimento do país.

O Estado tornou-se tão grande que está promovendo uma verdadeira sucção destrutiva de capital do setor privado (empresas e trabalhadores), destruindo fatores produtivos e levando a economia à recessão com inflação. Um absurdo!

FREIO DE ARRUMAÇÃO – Ou se promove um freio de arrumação agora, com o corte visceral de gastos, diminuindo o tamanho do Estado, ou essa situação, devido ao desequilíbrio fiscal, vai nos manter sem perspectiva de crescimento econômico e de melhoria das condições de vida da população.

Veja-se que não há outras opções para o governo resolver o problema do país, porque desde 2014 o governo está apresentando déficit primário, isto é, suas despesas são maiores do que as receitas.

Ora, se as receitas são menores do que as despesas, como o governo está pagando as suas dívidas, se não está imprimindo dinheiro para isso?

Simples, o governo está emitindo títulos em troca de empréstimos bancários para se financiar, isto é, o governo está se financiando através do irresponsável aumento da dívida pública.

TRAJETÓRIA EXPLOSIVA – A dívida pública está em uma trajetória explosiva e insustentável, crescendo sem parar de maneira cíclica. E isso está ocorrendo também em vários estados, como o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul.

Portanto, é necessário promover um corte expressivo na máquina estatal, de modo a limitar os gastos, no máximo, ao montante das receitas.

Por isso, o governo Temer foi obrigado a reconhecer o tamanho do déficit primário que irá impactar o exercício de 2016, de modo a permitir a expansão das despesas, sem incorrer na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e sem contrariar a Lei Orçamentária Anual (LOA).

BONDE ANDANDO – Temos de reconhecer que não é culpa do Temer, que assumiu o país já na metade do exercício de 2016. Pegou o bonde andando.

A respeito de seu governo, temos que formar um juízo daqui por diante. O que está ficando cada vez mais claro para o brasileiro, é que o maior problema do país, o problema fiscal, é gerado pela classe política – que não quer largar o osso e ameaça levar o Brasil até à bancarrota, isto é, até às últimas consequências.

Ou o brasileiro acorda e revoluciona isso, destruindo o intuito deletério dessa classe política que não representa os do país, ou os políticos vão colocar fogo no que resta do Brasil.

O que tem de ficar claro para todos nós é que não há saída para o Brasil se não houver ajuste fiscal sustentado no corte de gastos do governo, e que, para isso, o governo tem de diminuir o tamanho da máquina pública.

REFORMAS VITAIS – Não há saída para o país se não houver reforma tributária que retire de sobre o setor privado esse tremendo peso financeiro e burocrático que o Estado exerce sobre o setor.

Não há saída sem a reforma da previdência, sem a reforma trabalhista, devolvendo ao setor privado a condição de aumentar a produtividade e a competitividade. Fato capaz de permitir ao país criar economia de escala e abrir suas fronteiras com acordos bilaterais e multilaterais, colocando o Brasil em condições de competir, com seus produtos, no mercado externo, de modo a expandir seu mercado consumidor.

Depois de tudo isso feito, poderemos adotar o regime de câmbio fixo, sedimentando equilíbrio monetário, fiscal, cambial e de renda na economia brasileira.

Sem nada disso for feito, não haverá solução para o Brasil.

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