O promotor Henry Wagner Vasconcelos comemorou o resultado, e defesa disse que vai recorrer
Publicado no Jornal OTEMPO em 08/03/2013
JOANA SUAREZ E TÂMARA TEIXEIRA/ O TEMPO
FOTO: MARCELO ALBERT/DIVULGAÇÃO TJMG
Fim do júri. O goleiro Bruno Fernandes foi condenado por todos os crimes pelos quais foi indiciado
O goleiro Bruno Fernandes foi condenado a 22 anos e três meses pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio e o filho dela, Bruninho. "A sociedade reconheceu o envolvimento do réu nessa trama diabólica. Não foi a primeira vez, mas certamente foi a última", afirmou a juíza Marixa Fabiane durante a leitura da sentença. O jogador está detido há dois anos e oito meses na Penitenciária Nelson Hungria.
Ao sair da sala secreta onde os jurados se reuniram por mais de uma hora, o promotor Henry Wagner Vasconcelos disse: "Não sei jogar futebol, mas vou entrar no gol com bola e tudo", referindo-se ao trabalho da defesa do jogador que não conseguiu absolvê-lo. Antes de ouvir a sentença, Bruno teve um momento com a mulher, Ingrid Oliveira. A defesa dele informou que vai recorrer da condenação em função de alguns jurados não residirem em Contagem, onde a sessão aconteceu. Isso seria irregular, segundo Lúcio Adolfo Silva.
Munido de provas, um tom de voz alto e firme e muitos gestos, Vasconcelos conseguiu desconstruir a imagem de ídolo do jogador, que, segundo ele, foi articulador e mandante do crime. Durante as duas horas e meia destinadas para a sua argumentação, o promotor chamou o goleiro de "canalha" e "covarde" ontem. O assistente de acusação José Arteiro foi além e esbravejou: "Se o Bruno sair daqui, nosso país vai virar um cemitério de mulheres". Coincidência ou não, a sentença foi proferida nas primeiras horas do Dia Internacional da Mulher.
Vasconcelos demonstrou que Eliza foi sequestrada por Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e pelo primo de Bruno, Jorge Rosa, ainda no Rio de Janeiro, já com a intenção de matá-la. O promotor utilizou os registros telefônicos dos celulares de Eliza, de Bruno e dos demais réus para convencer os jurados de que o jogador coordenou toda a ação. Outro ponto enfatizado pela acusação foi o fato de Eliza ter sido mantida contra a sua vontade no sítio do jogador, em Esmeraldas, sem ter condições de se comunicar com ninguém. Vasconcelos ainda lembrou o processo que investigou as agressões de Bruno e de Macarrão a Eliza, em outubro de 2009, quando obrigaram a moça a tomar abortivos.
TÁTICA
Goleiro muda versão para ter pena diminuída
Logo no início da sessão de ontem, a defesa tentou uma nova cartada para corrigir o depoimento que Bruno havia dado anteontem, quando ele entregou o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, e Macarrão, tentando se eximir de toda a culpa da morte de Eliza. A estratégia era que, como não houve confissão, ele perderia o direito à redução de pena.
Antes dos debates, assim como fez sua ex, Bruno pediu para falar e esclareceu que sabia que Eliza morreria. "Sabia e imaginava. Pelas brigas constantes, pelo fato de ter entregado dinheiro à Eliza, pelas agressões", disse o goleiro, tentando mostrar a sua omissão. (JS/NO)
Nenhum comentário:
Postar um comentário