PM e organizadores estimaram entre 20 e 30 mil foliões no desfile que tomou a Avenida Rio Branco pontualmente às 13h
Por Kathlenn Batista e Nathália Carvalho (colaborou Daniela Arbex)
Está na hora da folia", decretou o general da Banda Daki, Zé Kodak, momentos antes de o prefeito Bruno Siqueira (PMDB) entregar a chave da cidade ao Rei Momo Marcelo Portela, às 12h30 deste sábado (9), no Largo de São Roque, na Avenida dos Andradas. Aos 41 anos, a Banda Daki revelou que o tempo só contribuiu para a maior festa de rua do carnaval da cidade. Ao som da Banda Realce, uma multidão seguiu pelas avenidas dos Andradas e Rio Branco, a acompanhou os trios elétricos que saíram, pontualmente, às 13h. Em um carro alegórico, a corte real da folia foi reverenciada pelos súditos durante todo o trajeto."Que este carnaval seja de muita festa, sem brigas, sem confusão e que não tenha chuva", desejou o Rei Momo. Segundo a PM, o público era de aproximadamente 20 mil pessoas. Para a organização do evento, foram cerca de 30 mil foliões. Apesar de o número de pessoas ter sido menor do registrado em edições anteriores, para o comandante da folia, Zé Kodak, o objetivo foi alcançado. "Não queremos quantidade, queremos qualidade".
Público estimado está entre os menores dos últimos anos
O Largo de São Roque já era cenário de cor e animação desde cedo, com a presença dos primeiros foliões. A estudante Nathalia Isaía Novaes, 27 anos, mora há 11 anos próximo à concentração da Banda Daki e, mesmo sem ser uma carnavalesca de carteirinha, levou o sobrinho de 6 anos. "Apesar de morar em frente, é a primeira vez que eu venho. Eu não gosto muito de tumulto e aqui não está muito cheio", explicou. Muita gente decidiu levar os pequenos para aproveitar a festa que sempre antecede o desfile da banda mais tradicional de Juiz de Fora. Para esquentar, dois trios elétricos embalaram o público que começava a se aglomerar. Figuras anônimas e personagens já tradicionais se misturavam aos foliões e chamavam a atenção. Há mais de duas décadas, Roberto Mattos incorpora o personagem inglês Mr. Bean no carnaval juiz-forano. "Eu acho que trago um pouco de alegria para um povo que tenta ser feliz", disse emocionado.
E alegria foi o que não faltou. "Meu carnaval é a Banda Daki", revelou o diretor de escola Júlio Lopes, 52 anos. Diferente dos anos anteriores, ele disse que não teve tempo de confeccionar uma fantasia mais elaborada, mas, mesmo assim, esbanjava empolgação. Já o casal Alexandre Menigotti, 42 anos, e Adriene Orsay, 40 anos, desfilou elegância, trajando roupas de mágicos . Segundo Adriene, a banda faz parte da história de amor deles. "Há mais de dez anos a gente renova os nossos votos aqui", brincou. E se o amor é pela folia, há quem não só faz questão de se fantasiar, como também adota a banda no nome. Há quase 20 anos, Ana da Banda é presença garantida. Uma paixão herdada pela sobrinha, Sandra da Banda. "Foi ela quem me trouxe pela primeira vez e há seis anos saio na banda que é o verdadeiro carnaval de Juiz de Fora."
Segurança reforçada oferece tranquilidade aos foliões
Para garantir a tranquilidade dos milhares de foliões que lotaram a Avenida Rio Branco e ruas próximas durante o 41º desfile da Banda Daki, a Polícia Militar empregou 350 profissionais, 30 viaturas e 13 conjuntos de cavalaria, além de um helicóptero que sobrevoou a área na aglomeração e na dispersão. E funcionou. Ao contrário de anos anteriores, quando foram registradas brigas e tumultos durante o evento, este ano pareceu mais tranquilo para as autoridades e nenhuma ocorrência foi registrada pelos policiais durante o desfile.
De acordo o comandante da 3ª Companhia de Missões Especiais (CME) e responsável pelo sistema de segurança do evento, tenente-coronel Edelson Gleik, o esquema de policiamento realizado na avenida, nos corredores, nos pontos de ônibus e saídas de bairros foi o diferencial para oferecer segurança aos participantes da festa. "O que mais nos preocupa é o momento de chegada e, principalmente, de dispersão, agravado pelo fato de muitas pessoas já estarem sob efeito de bebida alcoólica e sujeitas a briga", explica. De fato, só na dispersão é que foram registrados vários princípios de tumulto, levando parte do efetivo da polícia a se deslocar para a Rua Halfeld, Avenida Rio Branco e Avenida Getúlio Vargas, a fim de impedir a realização de brigas generalizadas. No Calçadão, um barulho semelhante ao de uma bomba caseira chegou a ser ouvido, mas os autores não foram identificados.
Segundo Gleik, foi realizado um planejamento baseado na prevenção entre a 3ªCME e o 2º Batalhão da Polícia Militar, responsável pela área central, com o apoio do 27º Batalhão da Polícia Militar. "Realizamos abordagens nas descidas de determinados bairros na tentativa de detectar armas e indivíduos suspeitos. Essa ação foi diferencial para evitar que esses grupos chegassem até o Centro e criassem possíveis confusões", diz. O efetivo militar estava espalhado por toda a região, dividido em 14 grupos com cinco policiais presentes em cada, além do Pelotão de Choque e Cavalaria à frente dos carros alegóricos e atrás do desfile. Também foram empregados profissionais da Rotam, do Gate, do Canil, da Guarda Municipal e do Pelotão de Trânsito. Duas ambulâncias do Samu e unidades de resgate e de combate a incêndio do Corpo de Bombeiros também estiveram presentes no local. Para o comandante do 2º Batalhão, tenente-coronel Mário César da Silva, o cumprimento dos horários pela organização contribuiu para o trabalho militar.
A impressão do diretor de carnaval Jesus Alves, que frequenta o desfile da banda há 35 anos, foi de um evento tranquilo, porém muito vazio. "Acho que a onda de violência registrada em eventos de grande aglomeração e também no dia-a-dia da cidade tem assustado e afastado os juiz-foranos de eventos como esse. Está mais vazio que o normal, mas em compensação, temos um policiamento visivelmente mais reforçado", comentou. Já a assistente administrativa Alessandra Mariana trouxe seis crianças para a avenida e pulou carnaval até o final do desfile. Ela acredita que o público menor garante mais segurança. "Eu sempre venho acompanhar o desfile e achei este ano melhor, com mais qualidade e tranquilidade para curtir a festa".
Avaliação positiva
A música que empolgava os foliões terminou por volta das 16h em frente a Catedral Metropolitana. Ao final do evento, o superintendente da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), Toninho Dutra, fez uma avaliação positiva do início do carnaval na cidade. "Fizemos um planejamento com 20 dias de antecedência e todo o policiamento e forças de apoio foram muito bem organizados, com contato muito próximo entre as equipes. Pude sentir uma boa energia nos foliões e, com a ajuda do sol, acredito ter sido um dos anos mais tranquilos de desfile da banda", comentou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário