quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Insegurança nas passarelas sobre a linha férrea em JF

09 de Janeiro de 2013
Por Tribuna

As passarelas sobre a linha férrea continuam sendo sinônimo de perigo em Juiz de Fora. Ocorrências de assalto à mão armada, uso das estruturas para consumo de drogas e falta de iluminação provocam medo, levando pedestres a evitarem a utilização dos equipamentos urbanos, enquanto comerciantes do entorno fecham as lojas mais cedo. A insegurança é observada tanto nas antigas estruturas quanto nas novas. A MRS Logística, concessionária que administra a Malha Sudeste da ferrovia, vai entregar 12 passarelas, sendo que seis já foram concluídas e outras quatro devem ser entregues no primeiro semestre desde ano.

A passarela do Jóquei Clube II, na região Norte, está entre as que trazem mais insegurança. Moradores do entorno temem assaltos e afirmam que pessoas estariam utilizando a nova estrutura para consumo de drogas. O proprietário de uma mercearia que fica em frente ao equipamento urbano, Diogo Souza, conta que, por medo, tem fechado o comércio mais cedo. "Além de a passarela não ter iluminação, ainda encobre as lâmpadas dos postes da Avenida JK. Não tem como deixar tudo escuro. Ficamos temerosos," queixa-se.

Uma estudante, que preferiu não se identificar, conta que, desde que a passarela foi concluída, as reclamações aumentaram. "Não entendo como fazem uma estrutura desta sem iluminação. Os usuários de drogas estão aproveitando para ficar lá. Além disso, as passarelas são enormes, gastamos muito tempo para atravessar. Quem tem coragem de passar nestas condições?", questiona. A comerciante Tayane Carvalho também avalia que os riscos aumentaram. "Ainda estamos passando por baixo, mas eles vão fechar. Aí não sei como vamos fazer. Realmente está muito perigoso."

No Barbosa Lage
Apesar de ainda não ter sido concluída, a passarela que liga a Avenida JK ao Barbosa Lage, na altura do Parque de Exposições, já é utilizada e também tem causado insatisfação. O vendedor ambulante José Francisco de Matos tem um ponto próximo ao local e diz que já viu muitos pedestres desistirem do percurso e optarem por aguardar o trem passar. "As pessoas reclamam da distância e acham a passarela muito alta. Mas o perigo mesmo é à noite. Como não tem iluminação, existe medo de assalto".

O vigilante noturno de um supermercado na região conta que estrutura atrai usuários de drogas. "Sempre vejo uma turma subir lá durante a madrugada e ficar por muito tempo no ponto mais alto. Como a área é escura, a polícia passa por aqui, mas, muitas vezes, não vê."

Convênio
O gerente-geral de Regulação e Relações Institucionais da MRS Logística, Sérgio Henrique Carrato, afirma que o projeto das novas passarelas não previa iluminação por parte da concessionária. Segundo ele, a avaliação inicial era de que esta seria uma atribuição do Poder Público. Sérgio esclarece que para equacionar o problema será necessário firmar um convênio com o município. A Secretaria de Obras da PJF já solicitou uma reunião com a concessionária a fim de buscar uma solução conjunta. No entanto, o encontro ainda não foi agendado.

Quanto à altura das passarelas, Sérgio Carrato explica que o padrão é de 7,5 metros no ponto em que a estrutura transpassa a linha férrea. Ele afirma que os objetivos são evitar o contato dos pedestres com os gases emitidos pelas locomotivas e aumentar a segurança em relação à distância entre os transeuntes e o trem.

Já em relação à segurança pública, a Polícia Militar reconhece os riscos nas passarelas e que elas merecem atenção especial. O assessor organizacional do 27º Batalhão, capitão Jean Michel do Amaral, afirma que os locais são "propícios para a prática de delitos e pontos de uso de drogas." Segundo ele, atualmente, o policiamento nas passarelas é realizado da mesma forma que nos bairros. "Mas, se necessário, temos equipes de motocicleta que podem fazer este trabalho específico. Estamos atento a estes locais."

Reivindicações no Mariano Procópio
Com previsão de conclusão ainda este mês, a passarela do Bairro Mariano Procópio, ligando a Rua Dom Lasagna à Rua Mariano Procópio, próximo à Praça Agassis, tem causado polêmica entre os moradores da região. A advogada Maria Cláudia Prado, que reside no bairro há mais de 40 anos, reclama que sua casa poderá ser vista pelos pedestres. Segundo ela, a obra foi "imposta" à vizinhança. "Não fomos informados sobre o projeto e não concordamos com as saídas da passarela, porque vão prejudicar a segurança e o trânsito no local".

O gerente-geral da MRS Logística, Sérgio Carrato, argumenta que as 12 novas passarelas são fundamentais para evitar acidentes. "Muitas pessoas são imprudentes e atravessam a linha quando o trem está próximo. Cerca de 90% dos trens que cortam a cidade têm 134 vagões e 1500 metros, o que dificulta sua parada. Muitas vezes, temos êxito em evitar os acidentes, mas outras não." Ele afirma que foram feitas reuniões entre a concessionária e representantes das comunidades antes das obras, com o objetivo de debater o melhor local para as construções.

Quanto à aceitação das novas estruturas, Sérgio explica que serão realizadas campanhas educativas. "Sabemos que é algo novo e nem sempre fácil de entender, por isso vamos trabalhar para isso. Já começamos as ações nas escolas".

Soluções
A assessoria de comunicação da MRS informa que uma das saídas da passarela no Mariano Procópio ficará depois da estátua do bispo, conforme solicitação dos moradores. Já os pedidos de mudança no braço da passarela que é direcionado para um terreno baldio e de instalação de uma estrutura impedindo a visibilidade de casas pelos passantes não serão atendidas. Segundo a assessoria, as mudanças no projeto não são permitidas tecnicamente, pois contrariam as normas de engenharia. Em relação à visibilidade, foi informado que não é possível colocar obstáculos que impeçam a visão dos passantes, por motivos de segurança.

Prazos
Segundo a MRS, além das unidades do Jóquei Clube II e do Barbosa Lage, também está concluída a estrutura que fica próxima ao Colégio Militar, no Bairro Nova Era, Zona Norte. A concessionária informa que, no final de dezembro, foram liberadas as passarelas do Parque de Exposições, a do Jardim Natal e a da Rua A, no Santa Amélia; todas na Zona Norte. Já a estrutura que está sendo construída na Rua Dom Lasagna, no Mariano Procópio, deve estar pronta este mês. As passarelas do Bairro Industrial, Fábrica e Ponte Preta, na Zona Norte, e a erguida no Nossa Senhora de Lourdes, região Sudeste, devem ser concluídas no primeiro semestre do próximo ano. De acordo com a MRS Logística, a que tem execução mais demorada é que vai ligar a Avenida JK ao Barbosa Lage, que só deve poder ser inaugurada em dezembro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário