quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Novo confronto em residencial no Sagrado Coração

12 de Dezembro de 2012 - 21:03   Juiz de Fora

Por Eduardo Valente * colaborou Marcos Araújo

A Polícia Militar apreendeu, no fim da manhã desta quarta-feira (12), 25 papelotes de cocaína nas dependências do Residencial Araucárias, no Sagrado Coração de Jesus, Zona Sul. 

O condomínio de 380 imóveis, do programa habitacional "Minha casa, minha vida", tem sido alvo de reclamações dos moradores, principalmente devido a brigas entre grupos rivais, que estariam ocorrendo nas dependências do empreendimento, como a Tribuna mostrou na edição de quarta-feira. 

Segundo a PM, na manhã de ontem, outro enfrentamento teria ocorrido na área, deixando um rapaz ferido. Um morador do Bairro Cidade Nova teria ido visitar a namorada, no condomínio, quando teria sido confundido com um irmão dele, morador do Vale Verde, que teria participado da confusão na terça-feira. Ele foi agredido com uma barra de ferro. Como forma de revidar a agressão, jovens do Vale Verde usaram foguetes e pedras, causando nova correria entre os moradores. Acabaram presas cinco pessoas e apreendidos dois adolescentes, que foram encaminhados para a delegacia de Polícia Civil, em Santa Terezinha, onde, até o fim desta edição, a ocorrência ainda não havia sido concluída. 

Ainda segundo a PM, em um apartamento, os policiais recolheram a cocaína. Conforme o capitão Ricardo França, comandante da 32ª Cia da PM, o rapaz agredido foi encaminhado ao HPS, sendo medicado e liberado.

A rotina de medo entre os moradores do residencial teria começado há cerca de três meses, segundo o gerente operacional da empresa de vigilância responsável pelo local, Robson Silva, 39 anos. Ele explica que os vigias, que não trabalham armados, são constantemente ameaçados. "Um deles já teve arma apontada para a cabeça. Ontem resolvemos retirar os funcionários para resguardar a integridade física deles. Recentemente, em uma madrugada, 20 homens invadiram o residencial, ameaçando o vigia. A situação ficou insustentável." Segundo Silva, uma reunião entre a administradora e a síndica seria marcada para conversar sobre o assunto e definir se a prestação do serviço continuará.

"Trabalhamos em outros conjuntos habitacionais da cidade, e nenhum deles nos dá transtornos como o Araucárias", relata Silva. Ele afirma que hoje é inviável trabalhar desarmado no local. De acordo com ele, a presença dos funcionários (dois por turno), que deveria funcionar como fator inibidor, não está surtindo efeito. "Muitos autorizam a entrada de pessoas de fora, então ficamos de mãos atadas."

Medo e preconceito
Um morador, que terá o nome preservado, entrou em contato com a Tribuna ontem para falar da rotina de medo na própria casa. Segundo ele, membros das gangues teriam estipulado toque de recolher a partir das 18h. "Depois disso, ninguém sai de casa. As brigas são diárias. Além dos tiros, eles se enfrentam com fogos de artifício. Os confrontos começam fora do condomínio, mas, na maioria das vezes, invadem as dependências do residencial para brigar." Pai de dois filhos, o morador afirma que, embora exista área de lazer no lugar, ele não se sente confortável em deixar seus filhos descerem do apartamento para brincar. Outra pessoa relatou que há preconceito com os moradores do conjunto, que sofreriam discriminação no comércio da região.

A assessoria de comunicação da Secretaria de Assistência Social (SAS) informou ontem que a secretária da pasta, Tammy Claret, recebeu de moradores do residencial uma documentação, havendo denúncias de casos de violência e de tráfico de drogas no condomínio. O documento, conforme a assessoria, foi encaminhado ontem mesmo à Procuradoria Geral do Município, a fim de que providências possam ser tomadas. Sobre a reunião que a secretária disse, na quarta-feira, que realizaria com uma equipe de abordagem com a finalidade de traçar ações para evitar novos conflitos, a informação é de que a SAS ainda aguarda seu agendamento com todos os setores ligados à questão. Tão logo haja uma confirmação, a data será divulgada.

A situação dos condomínios do "Minha casa, minha vida" ganhou repercussão ontem na Câmara Municipal. O vereador Roberto Cupollilo (Betão-PT) foi o primeiro a chamar atenção para o problema, seguido de outros cinco parlamentares. Eles cobram a necessidade de policiamento e intervenção social.
http://www.tribunademinas.com.br/cidade/novo-confronto-em-residencial-no-sagrado-corac-o-1.1201897

# Há fortes indícios de que o motivo principal das desavenças seria para assunção de "Boca de fumo".

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