sábado, 15 de dezembro de 2012 | 06:55
Carlos Newton
O ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva tinha tudo para ser considerado um dos mais notáveis personagens da História. Sua trajetória só tinha alguma semelhança com a carreira de Lech Walesa, o eletricista que criou o Sindicato Solidariedade, chegou a ser presidente da Polônia e até ganhou o Prêmio Nobel da Paz.
“Vou sair pelos fundos, Dilma…”
A vida de Lula foi muito mais sofrida e ele praticamente não teve instrução. Mesmo assim, foi em frente e espantou o mundo, ao se tornar presidente de um dos países mais importantes, o quinto em extensão territorial, com a sexta maior população do planeta, e que na época era a sétima economia, hoje já é sexta.
Homenageado nas principais universidades dos países desenvolvidos, ninguém jamais ganhou tantos títulos de doutor honoris causa sem ter lido um só livro, era um espanto. E Lula se saiu bem no governo, o país cresceu, a pobreza diminuiu, houve avanços inquestionáveis e ele foi reeleito e elegeu a sucessora.
Mas o sucesso subiu-lhe à cabeça, o comportamento megalomaníaco começou a demolir sua imagem. Se tivesse uma postura mais austera, como Nelson Mandela, a História lhe faria justiça, mas passou a se meter no governo de Dilma Rousseff, como se ainda estivesse no poder. Ao mesmo tempo, comportava-se como um vulgar novo rico, foi virando uma figura caricata. E seus podres começaram a aparecer.
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CENA CONSTRANGEDORA
Agora, é muito triste saber que o um político como o ex-presidente Lula se viu obrigado a fugir da imprensa durante um dia inteiro, em Barcelona, e até usar os corredores da lavanderia do hotel para não ter de enfrentar os repórteres.
“Não falo sobre mentiras” ou “Pergunta para ele”. Até agora essas foram as únicas respostas dadas por Lula, ao ser procurado por jornalistas em Paris e Barcelona. Aquele político – loquaz e até boquirroto – de repente deu lugar a um homem taciturno e inabordável. É um sinal dos tempos, que muda tudo, transforma as pessoas e as situações. Ficam valendo apenas as circunstâncias, como ensinava Ortega Y Gasset.
E as atuais circunstâncias, levantadas pelos jornalistas, são factuais. Eles apenas querem saber se Lula continua acreditando que Marcos Valério estava mentindo, depois de o empresário e operador do mensalão afirmar ter entregado provas ao Ministério Público que mostrariam o envolvimento do ex-presidente nos episódios denunciados.
Os repórteres foram discretos e nem chegaram a perguntar sobre a companheira Rosemary Noronha, a quem ele presenteou com a criação do Gabinete da Presidência da República em São Paulo, deu emprego à família dela (uma filha, o ex-marido e o atual) e nomeou quem Rose indicava, tivesse ou não bons antecedentes. Os jornalistas nem chegaram a perguntar sobre as 24 viagens internacionais que fez junto à companheira Rose, na ausência da primeira-dama, por coincidência, é claro.
Em meio a essa situação e às circunstâncias, até faz sentido Lula passar pela lavanderia. Ninguém mais do que ele precisa limpar tanto sua imagem, e o mais rápido possível.
Blog Tribuna da Internet
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