domingo, 11 de novembro de 2012

Os Sete Homens de Ouro

     Eram apenas sete garotos que amavam os Beatles (mais) e os Rolling Stones.
Impossível traduzir o que significava para aqueles jovens de então ter um grupo e uma música com que se identificavam totalmente. E também com as roupas e os cabelos, que procuravam imitar.

Aqueles com cabelos um pouco mais crespos ou ondulados submetiam-se durante a noite ao processo da touca feita das meias de nylon maternas, das irmãs ou das namoradinhas, para alisá-los e lhes dar a forma aproximada dos garotos de Liverpool. Aliás, as meninas faziam o mesmo para alisar os cabelos. A touca de nylon era a chapinha de então.

Pouco a pouco as roupas foram se despojando e colorindo, as bocas de sino das calças se alargando a limites inconcebíveis, os cabelos se alongando, barbas, bigodes e outros adereços pilosos sendo cultivados.

Era verdadeiramente libertador, apenas com três guitarras (baixo, base e solo) e uma bateria, formar um “conjunto” (como se dizia naqueles tempos) à semelhança dos Beatles. Quase todas as turmas formaram o seu, para infernizar a vida dos pais e vizinhos com os intermináveis ensaios para uma futura apresentação, que quase nunca aconteceu.

Gostavam muito também de futebol, dos bailinhos e bailes da vida, regados a cuba-libre ou outras bebidas mais amargas, de viajar, amavam e namoravam de um jeito absolutamente insólito para os dias de hoje.

O nome não menos insólito (e até mesmo kitisch) que se deram, “Os Sete Homens de Ouro”, era referência a um blockbuster da época, com esse título, a que assistiram juntos e no qual um grupo realizava um roubo fenomenal. Mais ou menos como os “Onze Homens e um Segredo” de agora.

Como os “Três Mosqueteiros”, eles não eram apenas sete. Havia vários D’artagnans, tão amigos quanto, que participavam das aventuras e peripécias.

Ao contrário do grupo do filme, nenhum se tornou delinquente, mas advogados, administradores de empresa, médicos, engenheiros, arquiteto, jornalista e radialista.

Logo depois dos Beatles e dos Rolling Stones, da Jovem Guarda, vieram as faculdades, os Centros Acadêmicos, o enfrentamento da ditadura militar, os festivais de MPB, o teatro.

E eles passaram a amar (talvez mais ainda) Tom Jobim, Vinicius, Chico Buarque, Caetano, Gil, Edu Lobo, Paulinho da Viola, Elis, Nara Leão, Gal, a turma toda da Bossa Nova e da Velha Guarda, Noel, Cartola, Zé Keti, Adoniran, Nelson Cavaquinho e tantos outros.

Alguns partiram, os olhos ficaram cansados ou míopes, os cabelos embranqueceram ou também se foram. Outros vieram: filhos, noras, genros, netos…

Foi há muito tempo…

Foi ontem…

http://estrelabinaria.com/2012/07/18/os-sete-homens-de-ouro/

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