Publicado em 27 de agosto de 2024 | 13:26
Agentes de segurança e familiares se despedem do policial Hebert Oliveira da Silva Foto: Bruno Daniel/O Tempo
"Hebert, meu irmãozinho, vai com Deus. Obrigado por tudo que você fez por nós". Dita aos prantos, em lágrimas e ao lado do caixão, a frase foi a última que a trabalhadora autônoma Liliã Oliveira da Silva Lima, de 40 anos, disse para o irmão, o sargento da Polícia Militar de Minas Gerais Hebert Oliveira da Silva. O militar de 35 anos, morto no último domingo em uma tentativa de roubo, foi enterrado às 11h55 desta terça-feira (27), em um dia ensolarado que contrastou com o luto da família. A família inclusive era a grande paixão de Hebert.
"Ele era muito amoroso, era exigente com a gente em relação às coisas corretas. Mas o tempo todo nos oferecia ajuda. Se ele percebesse algum de nós passando por alguma necessidade, ele sempre oferecia ajuda", conta a mulher. O amor de Hebert pela família era tanto que, após três anos servindo em Pará de Minas, o sargento conseguiu se transferir para um batalhão da Grande BH só para ficar perto da família.
"O sonho dele era voltar a morar com a nossa mãe, arrumar uma casinha para ela, ter condições de ajudar. E também para não ficar sozinho. Ele só tinha dois cachorros, um pastor malinois e uma shih tzu, que inclusive estão tristes com a morte dele, só choram", diz Liliã.
Morte ocorre dias após aniversário de falecimento do pai
O mês de agosto mais uma vez castigou a família do sargento Hebert Oliveira da Silva. No mesmo mês, mas no dia 22, em 2019, o pai do militar faleceu, deixando a mãe de Hebert viúva. Exatamente cinco anos e três dias depois, o policial foi vitimado.
"Ele estava triste porque no dia 22 de agosto fizeram cinco anos da morte do pai. E logo no Dia do Soldado, três dias depois, ele é assassinado. Dói muito", desabafa a cunhada de Hebert, a professora Bruna Odete Barros Faria, de 38 anos.
Após a morte do pai, o jovem militar teria feito uma promessa para a mãe. "O Hebert substituiu o pai quando ele morreu. Ele disse 'Mãe, agora vou ser como o meu pai para você", relembra a mulher. Conforme a irmã Liliã Oliveira, todo o esforço de Hebert na PM tinha como objetivo ajudar a família.
"Ele não estava querendo crescer na profissão só para ele próprio, estava querendo ajudar a família. E ele cresceu por mérito, por se esforçar, estudar", diz.
Saudade e revolta
Após sepultar o irmão, os familiares exigem mudanças nas leis do país. O homem que matou o sargento Hebert tinha 27 passagens pela polícia e, mesmo assim, estava nas ruas. A situação revolta o irmão do policial, o agente penitenciário Esdras Oliveira da Silva, de 42 anos.
"A gente está vendo que esse bandido não era primário e mesmo novo tinha várias passagens. É muito revoltante a gente ver uma pessoa dessas na sociedade colocar a vida dos outros em risco e tirando vidas de pessoas boas e trabalhadoras", protesta.
A família agora se apega à fé para superar a dor e, no coração, leva a saudade de uma pessoa íntegra e de bom coração. "Ele só cantava músicas do céu, era cristão, amava os animais. Era uma coisa que a gente tinha em comum. Vai ficar muita saudade", afirma a irmã de Hebert, Liliã Oliveira.
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