Por THIAGO NOGUEIRA | @THIAGONOGGUEIRA
24/03/20 - 07h00
A pandemia de coronavírus obrigou que muitos noivos adiassem o casamento
Foto: Pexels/Pixabay
O tão sonhado casamento está sendo adiado. A pandemia do coronavírus provocou uma onda de adiamentos e criou uma corrida por datas no segundo semestre. Decretos do Estado e de prefeituras proibindo aglomerações por tempo indeterminado frustraram eventos entre março e maio, inicialmente. Em Belo Horizonte, a Arquidiocese fez recomendações para que noivos que tenham agendado casamentos até julho os adiem para a partir do mês de agosto.
Em meio às incertezas, a situação atípica precisou ser contornada por noivos na última semana. A dificuldade está em conseguir uma nova data comum a todos os fornecedores. Casamentos com recepção chegam a ter 15 empresas envolvidas, o que inclui bufês, decorações, cantores, salões de beleza, fotografia e filmagem, entre outros.
A nutricionista Luciana Batista se casaria no próximo dia 4. Quando os casos de Covid-19 passaram a aumentar no país, convidados começaram a dizer que não iriam comparecer à cerimônia. Preocupada com a situação, ela e o noivo entraram em contato com os fornecedores há três semanas.
"Nós montamos uma planilha, colocamos todas as datas dos finais de semana até o fim do ano e perguntamos para os fornecedores as datas que podiam. E fomos batendo para conciliar. Tivemos sorte porque agimos rápido. Depois, vimos que a demanda estava muito grande para conciliar datas", explicou Luciana.
A noiva ficou triste com a situação, claro, mas teve a decisão apoiada. "É uma coisa que, inicialmente, você fica muito chateado, fica na expectativa, mas seria egoísmo nosso se mantivéssemos. Os convidados nos parabenizaram, e todos os fornecedores foram compreensíveis", ponderou.
Suporte e compreensão
Para ajudar os noivos a resolver os impasses, a cerimonialista Sylvia Alvarenga teve muito serviço esses dias. "Trabalhamos, primeiro, as datas de abril e maio remanejadas. Em junho, ainda estamos tendo uma resistência muito grande aos fornecedores, de muitas casais em começar a remanejar. Isso dá um pouco de medo, quanto mais para a frente deixar para remanejar esses casamentos, mais dificuldades de conseguir datas, o que está nos preocupando", conta Sylvia.
Ela faz parte de um grupo com outras cerimonialistas, que ficou bastante movimentado nos últimos dias. De forma geral, foi possível encontrar novas datas para quase todos os casos. Segundo Sylvia, aconteceram diversos acordos, e os fornecedores abriram mão de possíveis multas previstas contratualmente. O cancelamento era a última opção.
O cancelamento vira desespero por causa do valor já repassado. O remanejamento, tendo um bom senso dos dois lados, é bem mais fácil e menos prejudicial financeira e emocionalmente", destaca a cerimonialista. Os últimos casamentos, já com a restrição do número de pessoas, aconteceram no último fim de semana.
Diretora comercial do Buffet Catharina, Virgínia Menezes contou que a maioria dos casamentos para o espaço foi encaixada entre agosto e outubro. Os noivos têm preferido não remarcar o casamento para uma data muito distante. "Não é fácil. Muitas noivas já estão com o vestido pronto, passagens aéreas compradas, hotel marcado. Mas é hora de tranquilidade", destacou Virgínia, que conversou com a reportagem na quinta-feira (19), quando as remarcações estavam a todo vapor.
Chef proprietário do bufê Bravo Catering, André Guimarães teve 25 eventos adiados e dois cancelamentos na última semana. Neste momento, a preocupação não é só com os noivos. O adiamento ou cancelamento de festas também afeta empregados ou terceirizados do setor. O bufê de Guimarães tem 20 funcionários fixos e chega a contratar mais 60 pessoas por evento. "Nos colocamos à disposição para ajudar financeiramente, se for o caso. Acredito que o mercado vai reagir. Teremos mais trabalho depois, mais datas para preencher", diz ele, numa visão mais otimista do cenário.