Castello Branco precisa ser demitido da Petrobras, com urgência
Carlos Newton
Por determinação do presidente Jair Bolsonaro, a Petrobras decidiu estudar uma maneira de manter os preços quando houver problemas no exterior que façam a cotação do petróleo disparar. Antes tarde do que nunca, podemos dizer, mas apenas em agradecimento ao chefe do governo. Se dependesse do atual presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, esse amortecimento de preços jamais viria a acontecer. O dirigente da estatal é neoliberalista com obsessão pelo mercado, diz que “preço é preço”, e estamos conversados.
Bolsonaro está certíssimo e deveria demitir esse executivo privatista, que não demonstra a menor preocupação com os interesses nacionais e sonha em vender a Petrobras o mais rápido possível, por 30 dinheiros, ao primeiro que aparecer.
POLÍTICA INVIÁVEL – No dia 5 de novembro, representando a Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobras), o economista Claudio da Costa Oliveira, ex-funcionário da estatal, prestou depoimento em audiência pública na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara Federal, que teve como tema “Política de preços dos combustíveis”.
O especialista deu informações que estarreceram os parlamentares. Por exemplo: quando a gente entra no posto Ipiranga ou de outra revendedora e pede para o Paulo Guedes encher o tanque, nem imagina que está pagando 46% do valor em impostos. É um absurdo internacional, porque combustível é insumo de transporte, um dos principais itens da produção, e seu preço deve ser mantido o mais baixo possível. Mas no Brasil é tudo ao contrário.
Oliveira fez os cálculos diante dos deputados e mostrou que os impostos sobre energia no Brasil não poderiam superar 10%, o que já reduziria o preço final dos combustíveis em 36%.
CÁLCULOS MALUCOS – Em seguida, ele mostrou que o país é autossuficiente em petróleo há muitos anos, mas continua fixando preços como se ainda dependesse do petróleo importado.
Ao contrário do que se pensa, o ponto de partida neste cálculo não é o custo de produção no Brasil, que é cada vez menor, porque o custo de produção do pré-sal é por volta de 8 dólares o barril. Dependendo do câmbio, pode cair a 7 dólares, que é valor mínimo de produção nos melhores campos do Oriente Médio.
Mas o preço do combustível nas refinarias da Petrobras, no Brasil, é o mesmo valor médio cobrado pelas refinarias no Golfo do México, acrescido do custo do transporte do Golfo do México até o Brasil, incluindo também os gastos portuários para internação em nosso país, além do custo de seguro para cobrir eventuais gastos com oscilações de câmbio e preços. Acredite se quiser.
SITUAÇÃO ABSURDA – O economista procurou demonstrar o quanto essa politica é absurda e não encontra paralelo em nenhuma empresa do mundo, já que prejudica o consumidor brasileiro, a Petrobras e a economia do país.
De acordo com informações da Rystad Energy e da Petrobras, em 2016 a estatal brasileira tinha um custo médio de extração de US$ 16,3 por barril. Estava no quarto lugar do ranking mundial, superada apenas pela Arábia Saudita (US$ 9 por barril), Irã (US$ 9,1 por barril) e Iraque (US$ 10,6 por barril). Portanto, a Petrobras já estava mais competitiva do que outros grandes produtores, como Rússia (US$ 19,2 por barril), Canadá (US$ 26,6 por barril) e Venezuela (US$ 27,6 por barril).
De 2016 para cá, o custo médio do petróleo brasileiro diminuiu mais ainda, devido à produtividade do pré-sal, valor de extração (US$ 8 por barril) já é inferior ao da média da Arábia Saudita (US$ 9 por barril).
POLÍTICAS DE PREÇOS – Cláudio da Costa Oliveira citou como exemplos as politicas de preços adotadas pela Vale e pelas siderúrgicas brasileiras, que têm como base seus valores reais de produção.
“Se a carga tributária fosse limitada a 10% e a Petrobras adotasse em suas refinarias seu custo real de produção, o consumidor brasileiro estaria pagando no posto apenas R$ 2,50 pelo litro de diesel e R$ 2,42 pelo litro de gasolina”, disse o especialista, acrescentando que, para baixar os preços, a Petrobras teria de mudar a insana política de refino e parar de comprar óleo diesel dos Estados Unidos, que é um dos maiores escândalos ainda a serem devassados na estatal.
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P.S. 1 – O mais incrível é que essas informações sejam sonegadas pela grande mídia, que defende entusiasticamente a privatização da Petrobras. O presidente Jair Bolsonaro, se realmente pretende defender os interesses nacionais, precisa demitir Roberto Castello Branco e nomear um general para substitui-lo, mas o militar tem de entender de petróleo e não pode ser um banana como esse almirante Bento Albuquerque, que caiu de paraquedas no Ministério de Minas e Energia, sem saber nada do assunto.
P.S. 2 – Na semana passada, José Vidal publicou aqui na TI que o preço de custo do pré-sal era de 8 dólares o barril e foi corrigido por outro comentarista, que disse ser necessário adicionar o custo da pesquisa e do investimento, mas isso “non ecziste”, diria Padre Quevedo. A informação de Vidal estava rigorosamente certa e foi “corrigida” para errado. Mas quem se interessa? (C.N.)Posted in C. Newton - http://www.tribunadainternet.com.br