Por G1 Minas — Belo Horizonte
13/01/2020 10h39
Cervejaria Backer, no bairro Olhos D'Água, em Belo Horizonte — Foto: Odilon Amaral/TV Globo
A Polícia Civil confirmou na manhã desta segunda-feira (13) que mais um lote da cerveja Belorizontina, da Backer, estaria contaminado por duas substâncias: monoetilenoglicol e dietilenoglicol. A informação foi dada pelo Chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, Wagner Pinto, durante coletiva nesta segunda.
A Polícia Civil investiga se um ex-funcionário participou de suposta sabotagem com a contaminação da cerveja. No fim do ano passado, um supervisor da cervejaria chegou a registrar boletim de ocorrência de contra o ex-trabalhador, que o ameaçou.
“Não posso afirmar se foi sabotagem ou se foi erro.”, disse Flávio Grossi Delegado titular do inquérito na coletiva.
Até agora, a Polícia Civil confirmou onze casos da chamada síndrome nefroneural. Um deles morreu em Juiz de Fora, onde estava internado, na semana passada. Além dos pacientes internados em Belo Horizonte, há um em São Lourenço e outro em Viçosa.
“Neste primeiro momento estamos buscando entender como se deu a intoxicação. É o primeiro passo. Para, posteriormente, nós buscarmos algum tipo de responsabilidade penal, caso exista. Neste contexto, há uma necessidade do trabalho pericial", disse Wagner Pinto.
O novo lote contaminado é o L2 1354, segundo o delegado Flávio Grossi. "É importante ressaltar a existência de mais este lote, que não era de conhecimento. E ao contrário do que imaginávamos, o lote não estava concentrado só no Buritis", afirmou.
Segundo a Polícia Civil, exames de sangue de quatro vítimas deram positivo para a presença de dietilenoglicol, substância que pode ter provocado os sintomas de insuficiência renal e alterações neurológicas.
De acordo com o superintendente da Polícia Técnico Científica da Polícia Civil, Tales Bittencourt, a contaminação por dietilenoglicol pode ser letal com a dosagem entre 0,014mg por quilo a 0,17 mg por quilo. “Isso significa que a dose letal para um homem de 70 quilos pode ser entre 1 grama a 12 gramas.”
Exames de sangue deram negativo para monoetilenoglicol
De acordo com a Polícia Civil, o monoetilenoglicol não foi encontrado nos exames de sangue realizados nos pacientes com a síndrome nefroneural. No entanto, a substância estava nas garrafas recolhidas nas casas destas pessoas, do lote 1348, das linhas L1 e L2.
Após a constatação da presença das substâncias nestas garrafas, investigadores estiveram na fábrica da Backer, onde recolheram novas amostras da cerveja. Elas foram levadas para Brasília, para estudo da carbonatação, que avalia se houve violação da embalagem. Segundo a polícia, o resultado deu negativo.
De volta ao Instituto de Criminalística de BH, a perícia constatou a presença das duas substâncias, monoetilenoglicol e dietilenoglicol também nas cervejas que foram recolhidas dentro da empresa.
O que diz a Backer
A Backer já havia emitido nota dizendo que não usa o dietilenoglicol na produção das cervejas, mas que utiliza o monoetilenoglicol. Entretanto, segundo a Polícia Civil, em um dos tanques da fábrica, foram encontradas as duas substâncias. O G1 ainda aguarda posicionamento da empresa em relação à coletiva desta segunda.
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