Por Júlia Pessôa
20/09/2018 às 16h34
A partir desta segunda-feira (24), a UFJF passa a realizar, no estacionamento da reitoria, das 16h às 22h, uma feira orgânica semanal. A iniciativa conjunta reúne a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (Intecoop -UFJF), a Pró Reitoria de Extensão (Proex) e a associação Mogico (Monte de Gente Interessada em Cultivo Orgânico). A primeira edição da feira terá 12 expositores, que levarão hortaliças, legumes, frutas, grãos, pães, geleias, dentre outros produtos. Além disso, a ideia é promover rodas de conversa sobre temas diversos relacionados aos alimentos orgânicos, além de programação cultural.
“A feira será realizada ao longo de três meses. Além de recebermos nos estandes pequenos produtores, que trabalham de forma sustentável e sem nenhum dano ao ambiente, a ideia é que outros produtores, que ainda não possuem o selo, mas já trabalham de forma mais consciente, também visitem a feira, participem das conversas e conheçam os processos de produção orgânica, que são mais longos e mais trabalhosos, para que possam futuramente obter a certificação”, explica Juliana Macári, consultora da Intecoop, que está à frente da iniciativa no órgão.
Um dos assuntos que deverão ser abordados durante as rodas de conversa é a possibilidade de aproveitar o alimento integralmente. “Muitas partes são frequentemente descartadas, como talos e cascas, que contêm muitos nutrientes. É um desperdício nutricional e financeiro. Nossa ideia é promover oficinas e conversas a respeito do aproveitamento total, explicando a importância e ensinando receitas com estas partes não convencionais, com Plantas Alimentícias Não Convencionais (Pancs), enfim, ajudar a promover um comer mais sustentável”, diz Juliana. “E com a periodicidade, a ideia é que a feira contribua para a formação de público destes produtos”, acrescenta.
Para Carlos Eduardo Werner, presidente da Mogico, a parceria com o ambiente científico da universidade é muito importante na difusão da cultura alimentar promovida pelas feiras orgânicas. “Trabalhamos no sentido de incentivar o consumo do alimento saudável para a saúde da pessoa, do meio ambiente e de uma agricultura sustentável, além de um equilíbrio social e econômico, que fortalece as agriculturas familiares e beneficia os indivíduos. Ter a universidade ao nosso lado, sobretudo nestes debates, contribui para a conscientização do público e aumenta nosso alcance”, observa ele, frisando que, além da feira no campus, a única 100% orgânica realizada em Juiz de Fora acontece aos sábados, na Praça do Bom Pastor, das 8h ao meio-dia. “Há outras com algumas barracas com produtos orgânicos, mas não em sua totalidade.”
A nutricionista Anelisa de Rezende ressalta que esta possibilidade de uso integral do insumo só é, de fato, segura, quando ele é orgânico. “Se ele não é, é normalmente nestas partes: o talo, a casca, as folhas, que há maior concentração de agrotóxicos e outros aditivos que fazem mal à saúde. Nos orgânicos, por sua vez, é onde se concentram os nutrientes: dá para fazer, por exemplo, um suco com talo de couve; uma batata recheada sem que se retire a casca, um bolo de banana, ingrediente facílimo de achar nas feiras especializadas, com as cascas…”, exemplifica a especialista.
Jornal Tribuna de Minas