18/09/2016 11h46 - Atualizado em 18/09/2016 11h46
Roberta Oliveira
Do G1 Zona da Mata
Registro divulgado pelo SAAE do reservatório da UFV no dia 9 de setembro de 2016 (Foto: SAAE/Divulgação)
Na transição entre os períodos de estiagem e chuvoso, o abastecimento de água é uma preocupação e alvo de monitoramento constante em três cidades na Zona da Mata. Viçosa completou neste sábado (17) quatro meses de racionamento. Em Juiz de Fora, a medida foi descartada e, em Ubá, não há previsão.
As companhias responsáveis pelo abastecimento, que enfrentaram problemas em 2015, reforçaram a necessidade de manter o uso consciente e evitar desperdício para fugir do racionamento.
Viçosa
De acordo com o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Viçosa (Saae), não há previsão de término para o racionamento que começou em 17 de maio deste ano.
"O momento é de alerta. Não estamos tendo a quantidade de chuvas esperadas para uma situação confortável. Caso volte a chover com relevância, a situação se normalizará. Caso contrário, demais medidas emergenciais serão adotadas para minimizar os impactos da possível falta de água em alguns pontos da cidade, dando continuidade às já tomadas", explicou em nota enviada ao G1.
O setor não informou o nível dos dois mananciais, mas destacou que, apesar das baixas recentes, o racionamento está conseguindo garantir o abastecimento através das manobras entre as duas Estações de Tratamento de Água (ETA).
A ETA I - Pintinho abastece cerca de 30% da cidade a partir da captação da represa da Universidade Federal de Viçosa (UFV), que recebe água dos mananciais do Ribeirão São Bartolomeu. Os outros 70% são abastecidos pela ETA II - Violeira, que capta da bacia do Rio Turvo Sujo.
Reservatório da UFV no dia 9 de setembro de 2016
(Foto: SAAE/Divulgação)
Em outubro de 2015, o Executivo assinou o Decreto 4891, elevando a situação de Viçosa para “estado de emergência”. Além de proibir festas que incentivem o alto consumo de água com lama, tinta, espuma e similares, estabeleceu um plano de contingência para articular ações de curto, médio e longo prazo para amenizar a falta de água no município.
A Comissão de Acompanhamento da Crise Hídrica instituída ainda atua. Uma lei foi aprovada na Câmara Municipal tornando mais severa a punição para pessoas que cometem uso indevido ou desperdício de água com aplicação de multa de até R$ 402 ou até corte na água do infrator.
Desde então o SAAE, Prefeitura e UFV mantêm campanhas de conscientização veiculando nas mídias e através de motosom reforçando que a economia deve ser redobrada devido à situação de instabilidade hídrica. A orientação é evitar lavar calçadas ou demorar no banho. E usar racionalmente a água para lavação de roupas, louças entre outras atividades. Os moradores devem denunciar o desperdício do vizinho ou de qualquer pessoa que esteja ferindo as leis municipais para os telefones de plantão da SAAE, que são (31) 3892-6000 e (31) 3899-5600.
Ubá
A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) informou, sem detalhar os índices, que houve redução do nível dos dois mananciais com o período da seca. No entanto, até o momento, não há previsão de racionamento. A água tratada que abastece a população de Ubá é proveniente de captações nos ribeirões Ubá e Ubá Pequeno.
A companhia informou que investiu nas campanhas e propagandas educativas para que todos colaborem e evitem o desperdício. Em 2015, o rodízio foi implantado em setembro e esteve em vigor até novembro. (Veja ao lado matéria sobre o racionamento no ano passado)
De acordo com a empresa, nos últimos 12 meses, foram equipados 15 poços profundos para complementar a vazão para o sistema de abastecimento. Em duas semanas, a empresa equipará mais dois poços, aumentando a disponibilidade emergencial de água para o município e os pontos mais altos da cidade contam também com o abastecimento de caminhões-pipa.
Há uma semana, a Copasa apresentou um projeto de captação de água do Rio dos Bagres, que pode ser implementado a partir de 2017. O objetivo é captar até 240 litros de água por segundo, volume que será bombeado por uma tubulação de 17,5 quilômetros até a Estação de Tratamento de Água Peixoto Filho, em Ubá.
Para evitar o desperdício de água, em agosto, a Copasa lançou o Programa Caça-Gotas para estancar e corrigir no menor tempo possível as ocorrências de vazamento nas redes de abastecimento de água. Segundo a companhia, em uma semana, o número de ligações para o telefone 115 informando vazamentos nas redes de água em Ubá cresceu 124%.
Juiz de Fora
Em Juiz de Fora, neste ano, a estiagem afetou os reservatórios, mas não comprometeu o abastecimento (Veja matéria abaixo). Com isso, a Companhia de Saneamento Municipal (Cesama)descartou a possibilidade de racionamento no próximo período de primavera-verão.
Em nota enviada ao G1, a companhia informou que a decisão foi tomada diante dos níveis atuais, dos investimentos realizados e dasprevisões meteorológicas.
Entre outubro de 2015 e janeiro deste ano, o racionamento foi implantado na cidade por causa da queda do volume dos mananciais que abastecem a cidade.
De acordo com as informações do site da Companhia de Saneamento Municipal (Cesama), a medição do nível na última sexta-feira (16) apontou que a represa de São Pedro está com 42,1% da capacidade. A represa de João Penido está com 60,8% e Chapéu d'Uvas tem 76,4%.
No mesmo dia em 2015, o volume era maior em São Pedro, com 67,4%. No entanto, Chapéu d'Uvas estava com 49,9% e a situação mais crítica era em João Penido, que tinha menos da metade do volume atual, com 26,2%. Além destes mananciais, também há captação direta no Ribeirão do Espírito Santo.
A Cesama destacou que, mesmo após o racionamento e com a elevação das temperaturas, a população manteve os hábitos adquiridos na época do rodizio. "Verificamos uma demanda superior ao da época do rodizio mas um pouco inferior ao que se observava em período equivalente no momento anterior à falta de chuvas do final de 2014 e 2015. As fortes campanhas de uso consciente renderam frutos e criaram hábitos interessantes na população que, de alguma forma, se perpetuaram", apontou a nota.