24/03/2016 09h42
Rio de Janeiro
Flávia Villela - Repórter da Agência Brasil
Evento paralelo à Feira Literária de Paraty (Flip), na costa verde fluminense, o Prêmio Off Flip de Literatura chega à sua 11ª edição com prêmios de até R$ 30 mil para os vencedores nos gêneros conto, poesia e literatura infantojuvenil, além de estadia em Paraty, passeio de escuna e cota de livros.
As inscrições estão abertas até a próxima segunda-feira (28), no site www.bibliomundi.com.br/premiooffflip e o valor da taxa de inscrição é R$ 100 para cada gênero literário. Podem participar autores maiores de 16 anos de qualquer nacionalidade residentes no Brasil, autores de países lusófonos e brasileiros residentes no exterior. As inscrições podem ser feitas em cada um dos três gêneros literários do concurso, podendo concorrer com apenas uma obra em cada gênero.
As inscrições pela internet são novidade nesta edição, assim como a nova parceria com a plataforma de autopublicação e distribuição de livros digitais, Bibliomundi, que permite converter arquivos de texto em e-books e vender as obras por meio de livrarias conveniadas.
Fundador e curador da Off Flip, Ovídio Poli Júnior torce para que nas próximas edições os patrocínios possam custear o orçamento integral do prêmio, e assim tornar as inscrições gratuitas, como nos dois primeiros anos. “E também para financiar novos projetos. Estamos estudando, por exemplo, com a Bibliomundi, fazer uma residência literária em Paraty para os vencedores”, conta o curador, ao destacar o papel que o prêmio tem desempenhado na divulgação de novos autores e novas narrativas nos últimos dez anos.
“Com o prêmio, criamos um espaço de visibilidade e com a editora outro, publicando as obras do prêmio e individuais”, comenta.
O curador lamenta que não haja no país uma tradição de editoras promoverem prêmios literários, mas comemora o surgimento de centenas de eventos literários nos últimos anos pelo Brasil. “Acho que a Flip disseminou esse movimento de festas literárias, o que é importante, porque cria novos espaços de circulação de autores e leitores”.
Outro ponto positivo no cenário literário nacional, segundo ele, é o aumento do número de alternativas de publicações de autores desconhecidos. “Apesar da crise, o número de pequenas editoras vem aumentando. Os pequenos selos são tradicionalmente responsáveis pelo movimento de fomentar autores estreantes. E ainda há as plataformas de autopublicação, outra alternativa que os autores têm hoje, bem como as redes sociais para promover as obras”.
Os contos e poemas selecionados serão publicados em coletânea e os autores das obras vencedoras no gênero infantojuvenil firmarão contrato de edição com o Selo Off Flip. Os primeiros colocados nas categorias Conto e Poesia receberão R$ 5 mil, os segundos colocados, R$ 4 mil, e os terceiros colocados receberão R$ 3 mil. Para o gênero Infantojuvenil, o primeiro e o segundo colocados receberão R$ 3 mil. O regulamento pode ser visto no site www.premio-offflip.ne.
Os textos serão avaliados por escritores conhecidos no cenário literário brasileiro, cujos nomes são mantidos em segredo até o anúncio dos vencedores no fim de junho. O sarau de premiação será em 2 de julho, no Centro Cultural Sesc Paraty.
Poeta, contista, escritor infantil e dramaturgo, o mineiro Éder Rodrigues, 34 anos, foi premiado duas vezes no Off Flip. Conquistou em 2013 a terceira colocação na categoria poesia por Nota de Rodapé e, em 2014, ganhou o primeiro lugar na categoria contos pela obra Imagens labirínticas do perder-se. Ele conta que a projeção alcançada na premiação de Paraty gerou convites para feiras literárias e publicações de livros.
“Após o Prêmio Off Flip de 2014, recebi duas propostas editoriais para publicação de dois livros premiados que ainda permanecem inéditos, um deles fruto do Prêmio Josué Guimarães de Literatura, que venci em 2009, e o outro, condecorado com o Prêmio de Criação Literária do Minc”, afirma. “Ainda não posso dizer que vivo de literatura, mas esse tem sido o intuito, uma vez que é no campo das palavras que me sinto inteiramente desafiado e onde acredito poder contribuir de forma efetiva”, acrescenta Rodrigues, que também é professor universitário.
O caráter off confirma o evento como vitrine de novas linguagens, novos perfis e novas formas de escrita, avalia. “O intercâmbio que o prêmio promove também é inteiramente importante. Merece ainda ser destaca a Programação Off Flip que, a cada ano, ganha destaque em Paraty apresentando um repertório de mesas, lançamentos, debates e eventos.”
Segundo lugar na categoria de contos do Prêmio Off Flip 2012 com Pelo Jade Daquele Mar Parati, a escritora paulista Vanessa Maranha, 43 anos, acredita que o Off Flip contribui para romper a “barreira quase intransponível” do mercado editorial brasileiro. “O prêmio Off Flip, somado a outros prêmios que eu já havia recebido, conferiu maior visibilidade e chancelou positivamente o meu trabalho”, declara.
“Considero o Off Flip, em todo o seu conceito, uma espécie de instituição muito legal e importante no panorama literário nacional. É notória a seriedade com que se avaliam os textos; sua banca examinadora é sempre composta por nomes de destaque na literatura. Sobretudo,ela avaliza a qualidade do texto, para que o autor acredite no próprio potencial e se autorize a produzir mais, sem medo de se lançar, construindo um currículo literário que desperte interesse. Nesse sentido, abre portas aos novos escritores, sem dúvida.”
Edição: Graça Adjuto
Agência Brasil