Eles são os maiores partidos do país, têm as maiores bancadas no Congresso Nacional, por duas vezes consecutivas emplacaram a mesma dobradinha na Presidência e na vice-presidência da República. Mas vivem às turras. Parceiros de eleição e reeleição, PT e PMDB se diferem e se igualam em quase tudo. São e estão no governo. E se opõem a ele.
Ambos abusam da mania de cobrir com vestes de interesse nacional o olhar fixo que têm em seus próprios umbigos. A “Resolução política sobre a conjuntura”, aprovada pelo Diretório Nacional do PT, dia 29, e o documento “Uma ponte para o futuro”, liberado pelo PMDB na mesma quinta-feira, mais uma vez provam isso.
São textos opostos, impossíveis de conviver sob o mesmo teto. Aplicar qualquer um deles obrigaria o expurgo do outro. Algo que até podem desejar, mas que não está na conta nem do PT – que precisa alucinadamente dos peemedebistas, mesmo que só possa contar com alguns deles -, nem do PMDB, que depois de galgar os melhores postos do primeiro escalão avança ávido sobre os segundo e terceiro.
Na prática, nem o PT pretende aplicar as teses do século XIX expostas em sua resolução, nem o PMDB tem como fazer valer as ideias impressas, a maior parte delas muito semelhantes às expressas por Armínio Fraga, economista que Aécio Neves chegou a anunciar como seu ministro da Fazenda caso vencesse Dilma Rousseff.
Com alarmismo quanto ao avanço das forças retrógradas de direita, que estariam interessadas em desestabilizar o país e, em especial, penalizar o ex Lula, o PT pretende, com a sua resolução, atrair o público que até pouco tempo era cativo e já não lhe é fiel.
Já o PMDB, partido que integrou todos os governos desde a redemocratização, sempre soube quando e a quem apoiar. Mais ainda, a hora precisa do desembarque.
Na campanha de 2014 se postou ao lado de Dilma e, portanto, contra as propostas tucanas que agora defende. Diante do fracasso da presidente, das crises econômica e política, quer sair bem na fita. Posa como salvador da pátria, como agremiação que se preocupa com os destinos do Brasil.
Em seu documento, defende o óbvio – responsabilidade fiscal, controle de gastos e privatização da infraestrutura -, mas fica caladinho quanto aos protagonistas na mais grave crise ética do país. Não dá um pio sobre Eduardo Cunha, atolado até muito acima do pescoço com múltiplas contas na Suíça, sobre Fernando Baiano e a Operação Lava-Jato.
O presidente da Câmara é um caso à parte. Cunha manipula não só a presidente Dilma, a quem pode impor o processo de impedimento do mandato, o PT e o PMDB, mas também a oposição – PSDB e DEM à frente. Hoje, a dinâmica da política está nas mãos dele.
Aqui, mais um traço em comum. Ao PT de Lula, que já deu a ordem para que não mexam com Cunha, e ao PMDB, que finge que não é com ele, nada melhor do que ter a oposição como cúmplice da imoralidade.
PT e PMDB agradecem.
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