15/07/2015 16h48
Um dos problemas encontrados pela Comissão de Segurança Pública no 1° Batalhão do Corpo de Bombeiros foi com relação ao número de viaturas paradas - Foto: Guilherme Bergamini
“Encontramos uma situação de verdadeira calamidade”. Foi assim que o deputado Sargento Rodrigues (PDT), presidente da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), classificou as condições logísticas e de funcionamento do 1°Batalhão do Corpo de Bombeiros em Belo Horizonte, que foi visitado na manhã desta quarta-feira (15/7/15). Segundo o parlamentar, a unidade, localizada no bairro Cruzeiro, é a que se encontra em pior situação, se comparada aos 2° e 3° Batalhões de Bombeiros, já visitados anteriormente pela comissão.
Vinte e oito viaturas paradas
Um dos problemas detectados pela comissão foi a falta de materiais como luvas, cordas e ataduras, utilizados em situações de resgate ou salvamento. Outro problema foi com relação ao número de viaturas paradas no batalhão. De acordo com um levantamento entregue ao deputado, 20 carros encontram-se em manutenção e oito serão inutilizados, por não terem conserto.
A precariedade do vestiário feminino também chamou a atenção do parlamentar. Entre os problemas encontrados no local, estão janelas com vidros quebrados, armários com portas caindo e paredes mofadas. Durante a visita, o deputado também encontrou produtos utilizados para reduzir o pH da água da piscina vencidos desde junho de 2012, além da casa de máquinas, usada para filtrar a água da piscina, desativada. “Está muito pior do que eu imaginava”, disse o deputado.
A mencionar a lei que instituiu a cobrança da taxa de incêndio e que prevê que um minimo de 50% do valor arrecadado seja destinado à aquisição de equipamentos para os bombeiros, o deputado Sargento Rodrigues lamentou a falta de repasses de recursos para custeio dos batalhões. “Vai chegar a uma situação em que os bombeiros vão ter que fechar as portas”, alertou.
De acordo com o parlamentar, o próximo passo da comissão vai ser a realização de uma audiência pública, no qual serão chamados o Comando Geral dos Bombeiros, os secretários de Estado de Fazenda e de Planejamento e Gestão, além do Ministério Público.
A capitão Laila Estér Magalhães Oliveira Medeiros considerou que alguns processos de melhoria do batalhão são lentos e burocráticos, pois devem seguir um trâmite próprio da administração pública, necessário para garantir a lisura de todo o procedimento.
Hospital Militar sofre com falta de pessoal
No fim da manhã, a comissão também visitou o Hospital da Polícia Militar, no bairro Santa Efigênia. Com um orçamento já previsto para o ano de cerca de R$ 35 milhões, o hospital teve disponibilizados, até o momento, R$ 9 milhões. Apesar disso, de acordo com o diretor de saúde da PM, tenente-coronel Vinícius Rodrigues de Oliveira Santos, o orçamento total garante o funcionamento básico do hospital, embora não haja verba garantida para a realização de obras de melhorias na instituição. O diretor ainda apontou a falta de efetivo como um dos principais gargalos do hospital, que por duas vezes, nos meses de abril e junho, teve que fechar as portas, durante algumas horas, devido à superlotação.
De acordo com o tenente-coronel, para suprir a demanda do hospital seriam necessários cerca de 100 novos técnicos de enfermagem, embora os 319 médicos que atendem a instituição sejam suficientes. A falta de pessoal, segundo o diretor, também está relacionada à capacidade de atendimento do hospital, que atualmente conta com 79 leitos disponíveis. “Poderíamos fazer mais”, disse, referindo-se a um projeto de reforma da instituição, que aumentaria para 150 o numero de leitos.
Durante a visita, o deputado Sargento Rodrigues fez alguns questionamentos a respeito de supostos problemas que o hospital estaria vivenciando. Entre eles estaria a desativação, por falta de efetivo, de leitos de CTI, o que foi confirmado pela direção do hospital, que também informou que a vacinação está funcionando em horário reduzido. A direção do hospital ainda negou uma suposta denúncia de que nos momentos de pico de atendimento um único funcionário teria ficado responsável por dez pacientes. Segundo a direção, o pronto atendimento foi fechada, por duas vezes, exatamente para garantir que isso não acontecesse.
Já a diretora técnica do hospital, major Maria Silvia Mascarenhas de Lucena, também esclareceu que, devido a uma ampliação de 30% nos procedimentos cirúrgicos nos últimos meses, o hospital sofreu um impacto na disponibilização de materiais e equipamentos que, segundo ela, ficaram em defasagem. “Não vi a tentativa de maquiar os dados por parte do hospital. Os problemas encontrados não são por falta de esforço, mas sim por falta de efetivo e de recurso. Cabe cobrar providências do Executivo”, disse.
Criado em agosto de 1913, o Hospital da Polícia Militar tem cerca de 226 mil beneficiários, entre integrantes bombeiros e policiais militares, seus dependentes e pensionistas.
Consulte os resultados das visitas ao 1º Batalhão de Bombeiros e ao Hospital Militar.
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