terça-feira, 1 de abril de 2014

Entregou a direção de motocicleta a criança que envolveu em acidente automobilístico

01/04/2014 - Juiz de Fora 
Rua Omar Batista de Oliveira - Milho Branco 

Nessa segunda-feira (31/03), por volta de 16:50 h, policiais militares registraram uma ocorrência de entregar, permitir, confiar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada.
Uma criança,11, conduzia uma motocicleta, Honda, Titan, cor preta, JF/MG, e envolvera em um abalroamento.
Na rua Otônio Campos Alvim com rua Ivan Batista de Oliveira a motocicleta atingiu a parte frontal de um automóvel, causando vítimas (condutor e carona,13), que foram encaminhadas ao HPS.
O genitor do inabilitado ratificou haver efetuado a entrega da motocicleta, tendo recebido voz de prisão em flagrante delito, CNH apreendida, e a lavratura de Autos de infrações de Trânsito. 
Na delegacia também foi confeccionado o T.C.O e o homem,40, deverá comparecer no juizado especial criminal, onde o fato será julgado.

Homem foi atingido na face por projetil de arma de fogo no bairro Muçunge do Grama

01/04/2014 - Juiz de Fora 
"Beco" da Rua Diomar Monteiro - Muçunge do Grama 
Nessa segunda-feira (31/03), por volta de 21:50 h, policiais militares registraram uma ocorrência de tentativa de homicídio.
Depararam com a vítima,49, alvejada na face por um projetil de arma de fogo, estando consciente, alegando que um indivíduo conhecido pela alcunha de "Jefinho" teria lhe ameaçado de morte, posteriormente efetuado o disparo e evadido.
A vítima foi conduzida ao HPS pela USA 01, atendida pelo médico de plantão, sendo encaminhada para o setor cirúrgico para a extração do projetil de arma de fogo.
O autor não foi localizado e a ocorrência foi registrada na delegacia para as demais providências.

Menores infratores foram apreendidos com faca , simulacro de pistola e bicicleta

01/04/2014 - Juiz de Fora 
Avenida Barão do Rio Branco - Centro
Nessa segunda-feira(31/03), por volta de 17:25 h, policiais militares registraram uma ocorrência de "posse de arma branca".
Dois menores infratores, C.D.B.P,e J.V.S.O, ambos com 13 anos de idade, teriam praticado, em tese, ato infracional análogo ao crime de roubo em desfavor do adolescente,15.
Por volta das 15:00 h os menores infratores teriam furtado um aparelho celular e evadido.
Posteriormente, nas proximidades do "Mergulhão", a dupla foi visualizada pela vítima.
Durante o rastreamento, no bairro Mariano Procópio, os policiais militares apreenderam os menores infratores, sendo arrecadado uma bicicleta, uma faca e um simulacro de pistola, mas o aparelho celular não foi localizado.
Os responsáveis pelos menores infratores acompanharam o registro da ocorrência, sendo também lavrado o T.C.O.

segunda-feira, 31 de março de 2014

01/04- Dia da Mentira/1977- Portugal assume a presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas

01/04/2014 - Terça-feira

Fundação da cidade São Lourenço, em MG.
Aniversário da cidade de São Miguel Arcanjo , SP
Mitologia nórdica -Dia consagrado ao deus Loki, dos truques e das brincadeiras, culto que teria posteriormente gerado o Dia da Mentira

Nascimentos
1578 - William Harvey, físico,descobridor da circulação sanguínea.
1948 - Jimmy Cliff, músico, cantor e compositor jamaicano.
1949 - Ana Maria Braga, jornalista e apresentadora de televisão.
1961 - Astrid Fontenelle, apresentadora de televisão brasileira.

http://pt.wikipedia.org/wiki/1_de_abril

Roubo a caixa eletrônico em Juiz de Fora

31/03/2014 - Juiz de Fora 
Rua José Lourenço - Martelos ( Cidade Alta)

Nesse domingo(30), por volta das 19:00 h, policiais militares registraram o roubo a um caixa eletrônico.
A vítima,58, alegou que por volta das 15:00 h, havia deslocado para o canil, pois vigiava o supermercado onde também existe um caixa eletrônico, quando foi surpreendido por um indivíduo que portava uma arma de fogo e usava o uniforme de uma empresa de segurança, que anunciou o assalto.
A vítima teria sido amordaçada, amarrada no interior do canil e percebido a presença de outras pessoas.
Um vigilante que teria o hábito de passar pelo local conseguiu observar que algo de anormal estaria ocorrendo e libertou a vítima.
A ação criminosa teria sido filmada pelas câmeras do circuíto interno.
Foi detectado o arrombamento do caixa eletrônico de instituição bancária, com indícios da utilização de uma furadeira de modelo "serra copo", não sendo aviado o valor subtraído, haja vista o não comparecimento de representante do BB.
Responsáveis pela empresa de segurança se fizeram presentes no local e tiveram seus dados pessoais anotados.
A Polícia Civil encarregará das investigações.

Tráfico institui pena de morte e ganha o apoio da população

31/03/2014
Hoje em Dia
Frederico Haikal/Hoje em Dia
Na entrada e na saída do bairro, o Comando manda seu recado a possíveis criminosos

Com a desativação de uma unidade da Polícia Militar, há sete anos, no bairro Novo Aarão Reis, região Norte de Belo Horizonte, uma facção criminosa assumiu o papel do Estado, oferecendo segurança a moradores e comerciantes, porém, sob uma cartilha própria. Quando o assunto é fazer justiça, o “Comando”– nome dado à quadrilha, deixa claro que ali, diferentemente da legislação brasileira, existe a pena capital: “Ladrão morre”, é o que dizem avisos pichados em muros na entrada e na saída do bairro.

Os juízes são os “Meninos”, turma que comanda o tráfico de drogas no local. Alguns moradores dizem apoiar a iniciativa, uma vez que não são obrigados a pagar pelo serviço de vigilância do espaço. A antiga companhia da PM foi transferida para um anexo de um posto de combustível na MG-020.

“Não precisamos de polícia nesse bairro. Aqui podemos dormir com as portas e janelas abertas”, afirmou uma moradora enquanto fazia compras em uma loja.

Outra mulher garante que não há crimes nas ruas do Novo Aarão Reis e que, após o posto policial ser desativado e o imóvel onde eles ficavam ser destinado para trabalhos sociais desenvolvidos por uma ONG, a paz voltou a reinar. “Antes, não podíamos sair e deixar nossas casas vazias e abertas. Hoje não temos esse problema”, explicou.

Um comerciante disse que nunca foi assaltado e que não precisa pagar nada para ter o direito de ir e vir assegurado nas ruas e becos do lugar. “Podemos andar despreocupados. Enquanto vários supermercados estão retirando os caixas eletrônicos, o único que existe aqui nunca foi arrombado”, destacou.

Outro comerciante confirmou a sensação de segurança do bairro e garantiu que se houver roubos no local o bandido sequer consegue sair de lá. “Quando um criminoso de fora, aquele que não conhece as regras, apronta, ele é capturado de imediato. Há apenas uma entrada e uma saída aqui, o que reforça a nossa segurança”, observou, destacando que se a reportagem ficasse por lá, poderia ver como o local é tranquilo sem a presença do Estado.

Cabeleireiro é morto por encapuzados

O assassinato do cabeleireiro Leandro Xavier Rocha, de 30 anos, na porta de casa, no Novo Aarão Reis, pode ser um dos casos de execução praticados pelo “Comando”.

Segundo testemunhas, dois homens encapuzados invadiram a casa, renderam a vítima e dispararam sem dar-lhe chance de sobrevivência: foram dois tiros na cabeça e outro no pescoço. Moradores do Novo Aarão Reis acreditam que, pela forma característica da execução, o cabeleireiro tenha ferido o “código penal” local.

O comando do 16º Batalhão da PM, que faz o policiamento no bairro, não se manifestou sobre o caso. O tenente-coronel Alberto Luiz Alves, chefe da comunicação da corporação, ressaltou que a polícia é quem deve ocupar o bairro. “Vamos tomar providências. Não podemos deixar que esta moda pegue em Belo Horizonte”.

Pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da UFMG (Crisp), Bráulio Figueiredo Alves da Silva teme que a ação de grupos criminosos organizados, fenômeno comum no Rio de Janeiro, torne-se rotina em BH caso providências não sejam tomadas. “A polícia tem como função prevenir e atuar em todos os bairros. Se isso não acontece, os bandidos podem demarcar territórios”.

http://www.hojeemdia.com.br/minas/trafico-institui-pena-de-morte-e-ganha-o-apoio-da-população

Jovem foi alvejado na perna/ Simulacro de pistola foi apreendido em Juiz de Fora

31/03/2014 - Juiz de Fora 
Rua Carolina Coelho - Grambery 
Nesse domingo(30), por volta de 19:20 h, policiais militares registraram que a vítima,22, teria sido alvejada, na perna (D), por um projetil de arma de fogo.
O "carona" de uma motocicleta, cor vermelha, teria efetuado vários disparos em desfavor da vítima, a  qual foi encaminhada ao HPS.
A dupla não foi localizada.

Avenida Agilberto Costa - São Benedito 
Nesse domingo(30), por volta das 20:50 h, policiais militares registraram a apreensão de um simulacro de pistola, após denúncias.
Um casal, 24, e 28, recebeu voz de prisão em flagrante delito, quando o autor,24, teria ameaçado de morte um policial e resistido a prisão, sendo contido com o emprego de força física.
Na delegacia também foi lavrado um T.C.0.

PM apreendeu droga e carro no São Benedito/ Mulheres foram presas ao tentarem adentrar o CERESP com drogas na parte intima

31/03/2014 - Juiz de fora 
Rua Marcelino de Oleira - São Benedito

Nesse domingo(30),por volta de 11:30 h, PMs registraram a ocorrência de direção perigosa de veículo automotor em via pública.
O VW, Voyage, prata, JF/MG, com dois ocupantes, transitava pela Rua Fausto Machado com velocidade superior a permitida para o local e recebeu ordem de parada, não obedecendo.
O condutor teria posicionado o carro na direção dos policiais militares, colocando em risco "vidas humanas".
Duranta a Operação Cerco/Bloqueio o automóvel foi interceptado, um homem,41, e um adolescente,17, foram abordados. 
O homem recebeu voz de prisão em flagrante delito, o menor infrator, 17, portava R$60,00 e uma pequena quantidade de maconha, sendo apreendido, pelo cometimento, em tese, de ato infracional.
O carro foi apreendido e na delegacia foi lavrado também o T.C.O.

CERESP - Linhares
Nesse domingo(30), por volta de 11:30 h, policiais militares registraram que duas mulheres tentaram adentrar o CERESP portando drogas ilícitas.
A Agente Penitenciária,37, relatou a existência de dois mandados de condução coercitiva, expedidos pelo MM Juiz de direito, em desfavor das autoras, pois haviam denúncias que elas entrariam no CERESP portando drogas e celulares.
Durante a busca pessoal em Fernanda,30, foram localizadas três buchas de maconha, 01 pedra de crack, 01 aparelho celular e 02 carregadores artesanais, em sua região genital.
O material seria entregue a um detento (relacionado no B.O) pelo qual receberia de Cíntia, 24, a quantia de R$1.000,00.
As mulheres foram conduzidas ao HPS para exames e nada mais foi encontrado. 
Na residência das autoras foram localizados cinco buchas de maconha e alguns carregadores de celulares.
Elas receberam voz de prisão em flagrante delito, na delegacia os materiais foram apreendidos e as prisões foram ratificadas, sendo ambas encaminhadas ao Sistema Prisional.

Homicídio no bairro Vila Ideal teria sido provocado por bastão de madeira

31/03/2014 - Juiz de Fora 
Rua Padre José Irany de Oliveira - Vila Ideal 

Nesse domingo (30), por volta das 15:05 h, policiais militares registraram uma ocorrência de homicídio.
Testemunhas depararam com a vítima caída ao solo e nas imediações observaram marcas de sangue.
A vítima seria usuária de drogas ilícitas e teria desentendido verbalmente com três indivíduos que não foram localizados.
A equipe da USA 8671 compareceu ao local e constatou o óbito, tendo a Perícia exercido suas atividades e a funerária removido o corpo ao IML.
Havia indícios da utilização de um bastão de madeira na ação criminosa, que teria causado a fratura da clavícula (E) e um corte no pescoço do falecido-conhecido pelas alcunhas de "Belmiro/Mula".
As demais providências estão sendo adotadas.

A grande imprensa apoiou o golpe e a ditadura

por Beatriz Kushnir — publicado 31/03/2014 04:54
Reprodução


Desde fins da da década de 1990, parte da historiografia brasileira sublinha que o (equivocado) processo de Anistia cunhou a (errônea) visão de que vivemos envoltos em uma tradição de valores democráticos. A partir das lutas pela Anistia, como sublinha Daniel Aarão Reis, “libera-se” a sociedade brasileira de “repudiar a ditadura, reincorporando sua margem esquerda e reconfortando-se na ideia de que suas opções pela democracia tinham fundas e autênticas raízes históricas”. Nesse momento, plasmou-se a imagem de que a sociedade brasileira viveu a ditadura como um hiato, um instante a ser expurgado. Confrontando-nos à tal memória inventada, há no período republicano longos momentos de exceção – como nos referimos aos regimes ditatoriais.

Se tais premissas correspondessem aos fatos, restaria explicar: por que houve apenas restritos episódios de resistência vinculados igualmente a pequenos grupos? Por que se permitiu aprovar uma Anistia recíproca, que mesmo nestes 50 anos após o golpe civil-militar, ainda é tema espinhoso de revisão?

A luta contra o arbítrio, de forma armada ou não, definitivamente não caiu nas graças do povo deste berço esplêndido. E, certamente, os meios de comunicação de massa – a grande imprensa e posteriormente, a TV – têm um papel preponderante nas escolhas sociais implantadas.

São clássicos os editoriais do Correio da Manhã nas vésperas do 1º de Abril de 1964, clamando por “Basta” e “Fora” a Jango. Igualmente, é emblemática a noção de que este jornal, ao realizar um “mea-culpa” e se colocar em oposição ao novo regime, foi punido com perseguições que levaram a sua falência. Esquecem-se, contudo, os amplos problemas de gerenciamento vividos por Niomar Moniz Sodré.

Ícones de resistência são lembrados, afirmados, expostos e sublinhados maciçamente para ratificar a tradição democrática brasileira, como: a meteorologia para o 14/12/1968, no Jornal do Brasil; as receitas de bolo do Jornal da Tarde; os poemas de Camões no Estadão; os inúmeros jornalistas perseguidos, demitidos, torturados e mortos; etc., que definiriam a grande imprensa brasileira como resistente ao golpe e, posteriormente, ao arbítrio. Mesmo com todo este esforço, o processo ditatorial perdurou por mais de duas décadas.

Meio século depois e com inúmeros textos publicados sobre a mais recente ditadura brasileira, poder-se-ia ressaltar que nunca a grande imprensa brasileira estampou na primeira página dos periódicos um aviso claro afirmando: “Este jornal está sob censura”. As estratégias acima apontadas e outras, que frequentemente voltam à tona para reforçar a ação resistente, contavam com a capacidade do público leitor em decifrar pistas.

O jornalista Oliveiros Ferreira, que por décadas trabalhou no Estadão, narrou as ligações recebidas pela redação indagando que a receita de bolo na primeira página do Jornal da Tarde estava errada. O bolo solava. Ou, como definiu Coriolano de Loyola Cabral Fagundes, censor desde 1961 e que atuou no Estadão, os poemas de Camões foram ali uma concessão. Certamente a censura federal apostava que o leitor não entenderia o seu porquê, ou se tranquilizaria na (efêmera) ilusão que mesmo no arbítrio lhe eram permitidos lampejos de resistência, os quais, efetivamente nada alteravam. Algo semelhante, contudo, não foi autorizado à (antiga) Veja, que, durante a “distensão” do governo Geisel, substitui as matérias censuradas por imagens de diabinhos, já que não se podiam publicar espaços em branco. Advertida, teve que parar, pois certamente o leitor de Veja à época entenderia o recado. Certamente como compreendeu a mensagem da revista quando da morte de Vlado, numa nota pequena de desculpas por não poder nada mais expressar.

Os inúmeros jornalistas perseguidos, demitidos, torturados e mortos sofreram estas horríveis barbáries enquanto atuavam como militantes das esquerdas, em ações armadas ou como simpatizantes, como demonstram os processos que arrolam os seus nomes. Da mesma forma, existiram imposições governamentais de expurgos nas redações. Tais limpezas ocorreram logo depois do golpe e perduraram até e inclusive no governo Geisel, que impunha a bandeira do fim da censura. Muitos jornalistas/militantes poderiam ser citados como vítimas destas ações, já que, como pontuava lúcida e ferinamente Cláudio Abramo, “nas redações não há lugar para lideranças. Os donos dos jornais não sabem lidar com jornalistas influentes que, muitas vezes, se chocam com as diretrizes do comando. O jornalista tem ali uma função, mas ‘ficou forte, eles eliminam’.”

Os meios de comunicação são empresas que buscam o lucro, vendendo a visão particular sobre um fato e, como Abramo por vezes demarcou, um “equívoco que a esquerda geralmente comete é o de que, no Brasil, o Estado desempenha papel de controlador maior das informações. Mas não é só o Estado, é uma conjunção de fatores. O Estado não é capaz de exercer o controle, e sim a classe dominante, os donos. O Estado influi pouco, porque é fraco. Até no caso da censura, ela é dos donos e não do Estado. Não é o governo que manda censurar um artigo, e sim o próprio dono do jornal. Como havia censura prévia durante o regime militar, para muitos jornalistas ingênuos ficou a impressão de que eles e o patrão tinham o mesmo interesse em combater a censura”.

Existiram pouco mais de 220 censores federais, muitos deles com o diploma de jornalista – sendo que o primeiro concurso público para o cargo ocorreu em 1974, quando Geisel prometia o fim da censura. Estas duas centenas de pessoas atuavam reprimindo: cinema, TV, rádio, teatro, jornais, revistas, etc., entre 1964 e 1988, em todo o território nacional. Para que as expectativas governamentais dessem certo, os donos das empresas de comunicação tinham de colaborar – e não resistir.

Inúmeros arquétipos podem corroborar tal ideia, até porque a autocensura não é desconhecida das redações, e não se iniciou no pós-1964 no Brasil. No Jornal do Brasil, por exemplo, editou-se, em 29/12/1969, como me cedeu o seu exemplar o secretário de Redação, José Silveira, uma circular interna de cinco páginas, elaborada pelo diretor do jornal, José Sette Câmara, para o editor chefe, Alberto Dines, denominada “Instruções para o controle de qualidade e problemas políticos”, criada com o objetivo de “instituir na equipe um (...) Controle de Qualidade (...) sob o ponto de vista político”.

Estabelecida dias antes do Decreto-Lei 1.077, de 26/01/1970, que legalizou a censura prévia, e um ano após o AI-5, a diretriz de Sette Câmara pontuava que “não se trata de autocensura, de vez que não há normas governamentais que limitem o exercício da liberdade de expressão, ou que tornem proibitiva a publicação de determinados assuntos. Em teoria há plena liberdade de expressão. Mas na prática o exercício dessa liberdade tem que ser pautado pelo bom senso e pela prudência”, já que “a posição do JB ao proferir que este não é a favor nem contra, (...) não é jornal de situação, nem de oposição. O JB luta pela restauração da plenitude do regime democrático no Brasil, pelo retorno do estado de direito. (...) Enquanto estiver em vigor o regime de exceção, temos que usar todos os nossos recursos de inteligência para defender a linha democrática sem correr os riscos inúteis do desafio quixotesco ao Governo. (…) O JB teve uma parte importante na Revolução de 1964 e continua fiel ao ideário que então pregou. Se alguém mudou foram os líderes da Revolução. [Nesse sentido, o JB deverá] sempre optar pela suspensão de qualquer notícia que possa representar um risco para o jornal. Para bem cumprirmos o nosso maior dever, que é retratar a verdade, é preciso, antes de mais nada, sobreviver”. Sette Câmara termina decretando que, “na dúvida, a decisão deve ser pelo lápis vermelho”.

Em meados da década de 1970, foi a vez da Rede Globo – uma concessão pública – formalmente instituir o “Padrão Globo de Qualidade”, ao contratar José Leite Ottati – ex-funcionário do Departamento de Polícia Federal – para realizar a censura interna e evitar prejuízos advindos da proibição de telenovelas. Segundo Walter Clark, a primeira interdição da censura na Globo ocorreu em 1976, na novela Despedida de casado. Para blindar a emissora, o “Padrão Globo de Qualidade” receberia o auxílio de pesquisas de opinião feitas por Homero Icaza Sanchez – o “Bruxo” –, encarregado de identificar as motivações da audiência.

Definindo toda essa tática, Clark explicou que, “(...) enquanto a Censura agia para subjugar e controlar a arte e a cultura do país, perseguindo a inteligência, nós continuávamos trabalhando na Globo para fazer uma televisão com a melhor qualidade possível.” Organizada a autocensura, o “Padrão Globo de Qualidade” teve acrescidos outros ingredientes para o seu sucesso. Em sintonia com a imagem, divulgada pelo governo autoritário, de um “Brasil Grande”, formulou-se também uma “assessoria militar” ou uma “assessoria especial” composta por Edgardo Manoel Ericsen e pelo coronel Paiva Chaves. Segundo Clark, “ambos foram contratados com a função de fazer a ponte entre a emissora e o regime. Tinham boas relações e podiam quebrar os galhos, quando surgissem problemas na área de segurança”.

Esquema semelhante a este foi adotado pela Editora Abril, exposto em uma correspondência de Waldemar de Souza – funcionário da Abril e conhecido como “professor” –, a Edgardo de Silvio Faria – advogado do grupo e genro do sócio minoritário Gordino Rossi –, na qual comunicava o contato tanto com o chefe do Serviço de Censura em São Paulo – o censor de carreira e jornalista José Vieira Madeira –, como com o diretor do Departamento de Censura de Diversões Públicas – Rogério Nunes – para facilitar a aprovação das revistas e a chegada às bancas sem cortes.

Estes vínculos do “professor” com membros do governo são anteriores a esse período e justificam seu potencial de negociação. Desde novembro de 1971 o relações-públicas do DPF, João Madeira – irmão de José Vieira Madeira –, expediu uma carta ao diretor-geral da Editora Abril na qual ratificava o convite do general Nilo Caneppa, na época diretor do DPF, a Waldemar de Souza para que fosse a Brasília ministrar um curso especial aos censores. Em maio de 1972, o próprio general Caneppa enviou a Vitor Civita, diretor-geral da Abril, uma correspondência de agradecimento pelas palestras sobre censura de filmes, que Waldemar de Souza proferiu na Academia Nacional de Polícia. Para continuar colaborando, no ano seguinte, Souza formulou uma brochura intitulada “Segurança Nacional: o que os cineastas franceses esquerdistas já realizaram em países da América do Sul e pretendem repetir aqui no Brasil”. E, em 1974, com o general Antonio Bandeira no comando do DPF, Waldemar de Souza, em caráter confidencial, expôs o porquê de censurar Kung Fu e sua mensagem que “infiltra a revolta na juventude”.

Por fim, mas não menos importante, há a atuação do Grupo Folha da Manhã, proprietário da Folha de S. Paulo e da Folha da Tarde, entre outros, no período. Em dezessete anos, entre 19/10/1967 e 7/5/1984, o país foi dos “anos de chumbo” ao processo das Diretas Já, e a Folha da Tarde vivenciou uma redação tanto de esquerda engajada – até o assassinato de Marighella –, como, a partir daí, de partidários e colaboradores do autoritarismo.

Durante uma década e meia sob o comando de policiais, o jornal adquiriu um apelido: o de “maior tiragem”, já que muitos dos jornalistas que ali trabalharam eram igualmente “tiras” e exerciam cargos na Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. A partir deste perfil de funcionários, a Folha da Tarde carrega a acusação de “legalizar” mortes decorrentes de tortura, se tornando conhecido como o Diário Oficial da Oban.

Isto explica o porquê de os carros do Grupo Folha da Manhã serem incendiados por militantes de esquerda, nos dias 21/9/1971 e 25/10/1971. A ação era uma represália, já que o grupo era acusado de ceder automóveis ao Doi-Codi que, com esse disfarce, montava emboscadas, prendendo ativistas.

Nesse momento de ponderações sobre os 50 anos do golpe, recordo-me que, quando dos 30 anos do AI-5, o jornalista Jânio de Freitas publicou na Folha de S. Paulo uma advertência não cumprida por seus pares, inclusive agora, nas reflexões dos periódicos aos 50 anos do golpe civil-militar de 1964. Corroborando com tudo o que foi exposto aqui, Freitas lembrava em 1998 que “a imprensa, embora uma ou outra discordância eventual, mais do que aceitou o regime: foi uma arma essencial da ditadura. Naqueles tempos, e desde 64, o Jornal do Brasil [...] foi o grande propagandista das políticas do regime, das figuras marcantes do regime, dos êxitos verdadeiros ou falsos do regime. (...) Os arquivos guardam coisas hoje inacreditáveis, pelo teor e pela autoria, já que se tornar herói antiditadura tem dependido só de se passar por tal”.

O jornalista ao finalizar, adverte, e peço-lhe licença para me utilizar aqui, de suas conclusões. Trocarei 30 por 50 anos, AI-5 por golpe civil-militar de 1964, e o que estiver entre colchetes é de minha autoria. Assim: precisamos aproveitar os 50 anos do golpe civil-militar de 1964 para mostrar mais como foi o regime que [se instaurou a partir dali], eis uma boa iniciativa. Mas não precisava [como fizeram muitas narrativas recentes] reproduzir também os hábitos de deformação costumeiros naqueles tempos.

* Beatriz Kushnir é historiadora, doutora em História pela Unicamp, autora, entre outros de, Cães de guarda: jornalistas e censores, do AI-5 à Constituição de 1988 (Boitempo, 2012)

http://www.cartacapital.com.br/politica/a-grande-impressa-apoiou-o-golpe-e-a-ditadura-e-nao-teve-papel-relevante-para-o-fim-do-regime-1979.html