sábado, 15 de março de 2014

PM apreende simulacro de revólver, pistola municiada e prende autores em Juiz de Fora

15/03/2014 - Juiz de Fora 

Rua Francisco Bernardino - Centro 

Nos primeiros minutos desse sábado (15), policiais militares teriam abordado os ocupantes do táxi, GM, Classic, cor amarela de JF/MG.

A dupla de passageiros: Leonardo,20, portava um simulacro de revólver e Rafael,18, portava na cintura uma Pistola da marca Taurus, calibre 7.65, com a numeração raspada e duas munições intactas no carregador.

Na delegacia foram ratificadas as prisões em flagrante delito.

Morre policial militar baleado durante tentativa de assalto em Pouso Alegre

15/03/2014 
Do G1 Sul de Minas

O policial militar que foi baleado durante uma tentativa de assalto a uma lotérica no Centro de Pouso Alegre (MG) morreu no Hospital Samuel Libânio após ser submetido a uma cirurgia. O policial havia levado um tiro na região da barriga durante a troca de tiros com os assaltantes. O velório do subtenente Gabriel Machado Alvarenga, acontece no Santa Edwirges. 
O enterro está marcado para as 17:30 h no Cemitério Jardim do Céu.

Além do policial, dois assaltantes ficaram feridos durante a troca de tiros que aconteceu após a dupla chegar à lotérica e anunciar o assalto. Os criminosos foram abordados quando um deles saía da lotérica e ia em direção ao comparsa que estava do lado de fora em uma motocicleta. Eles tiveram dificuldades de ligar o veículo.

O subtenente Gabriel Machado Alvarenga, de 49 anos, que trabalhava em Silvianópolis (MG), foi socorrido às pressas para o Hospital Samuel Libânio e morreu após ser submetido à cirurgia.

Os criminosos fugiram em uma moto que foi abandonada no bairro da saúde levando cerca de R$ 14 mil. No veículo, havia marca de tiros e manchas de sangue. Eles também teriam sido atingidos pelos tiros.Dois suspeitos que davam apoio à ação foram presos no final da tarde desta sexta-feira (14). As armas que estavam com eles também foram apreendidas.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Chacina em Juiz de Fora - 03 vítimas fatais e uma lesionada - Confirmada a 4ª morte

14/03/2014 - Juiz de Fora - Atualizado em 08/04/2014
Rua Goiás - São Sebastião - Zona Leste

Nesta sexta-feira (14), por volta das 21:30 h, policiais militares atenderam uma ocorrência de triplo homicídio e uma tentativa de homicídio.
O fato ocorreu nas proximidades do Hospital Aragão Villar, bairro São Sebastião na Zona Leste de Juiz de Fora.
As quatro vítimas do sexo masculino, encontravam-se no interior de uma residência e dois indivíduos os surpreenderam, um deles portando uma pistola, calibre 9 mm, teria efetuado os disparos e ambos evadiram a pé.
A vítima da tentativa de homicídio,T.G.J.L,16, foi conduzida pelo SAMU ao Hospital Maternidade Terezinha de Jesus em estado de saúde considerado "grave".
Foi alvejada por sete projeteis de arma de fogo e encaminhada ao centro cirúrgico.
As vítimas fatais foram Breno,20, Willian,18,e Mayco,19.
A Perícia se fez presente no local e os corpos foram removidos ao IML pela funerária.
Munições, um revólver, balança de precisão, dinheiro e drogas ilícitas também foram localizados.
A ocorrência foi registrada na delegacia e a Polícia Civil se encarregará das investigações.

08/04/2014
Nesse sábado (05/04), foi confirmado o óbito de Talyson Gabriel Jardim Lopes, 16, baleado, no dia 14 de março e que teria sobrevivido por se fingir de morto. 
Ele foi atingido por sete projeteis de arma de fogo e conseguiu sair do imóvel após a fuga dos bandidos. 
Os procedimentos médicos foram adotados, mas não resistiu e ocorreu o óbito nesse final de semana.
Na tarde desse domingo(6) ocorreu o sepultamento no Cemitério Municipal de Juiz de Fora.
A família adotou os demais procedimentos.

Estudantes fazem manifestação e quebram vidro de carro da PM em BH

14/03/2014 
Do G1 MG

Alunos fazem manifestação em frente a escola na Região Centro-Sul de Belo Horizonte (Foto: Luisa Torres/TV Globo)

Alunos da Escola Estadual Professor José Mesquita de Carvalho, no bairro Coração de Jesus, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, fizeram uma manifestação nesta sexta-feira (14) porque discordam das regras internas do colégio, informou a Polícia Militar (PM). Um carro da PM teve um dos vidros quebrados na confusão.

De acordo com a PM, a direção da escola quer que os alunos obedeçam normas internas como cumprimento de horário, uso do uniforme e do material escolar.
Alunos protestam com cartazes(Foto: Pedro Triginelli/G1)

Ainda segundo a corporação, os militares foram chamados pela diretoria porque os estudantes ameaçaram os funcionários e disseram que não iriam cumprir as determinações.

Quando a polícia chegou ao local, os alunos se rebelaram e enfrentaram a PM. Para dispersar o tumulto, sprays de pimenta foram usados. O adolescente suspeito de depredar o carro da PM foi apreendido. Não houve feridos.

Os alunos disseram à reportagem do G1 que a escola está desorganizada e reclamaram de carteiras e banheiro quebrados. Eles também querem a saída da vice diretora.

A Secretaria de Estado de Educação informou que ações do Fórum de Promoção da Paz no Ambiente Escolar serão intensificadas e que os pais dos alunos envolvidos na confusão deverão ser chamados para uma reunião. Ainda de acordo com o órgão, o regime interno da escola foi feito em uma parceria entre a escola e a comunidade.

PM apreendeu o menor infrator envolvido em ato infracional análogo ao crime de homicídio

14/03/2014 - Juiz de Fora 

Entenda o caso:

Avenida Agilberto Costa - São Benedito - Zona Leste 
Nesse domingo (9), por volta de 02:55 h policiais militares registraram uma ocorrência de homicídio. 
Douglas Culaoni,27, foi alvejado mortalmente por projeteis de arma de fogo, fato constatado por uma equipe do SAMU. 
Populares que se encontravam na laje de um bar onde ocorria uma chopada preferiram não comentar nada a respeito do ocorrido por medo de represálias. 
O autor seria o menor infrator W.M.S,16, que não foi localizado.
O corpo foi removido ao IML e demais providências foram adotadas. 

Zona Leste - São Benedito 
Nessa quarta-feira (12) PMs de posse de um "Mandado de Apreensão" expedido pelo MM Juiz de Direito da Vara da Infância e da Juventude desta comarca lograram êxito na  detenção de W.M.S,16.
O suspeito, em tese, teria participação no cometimento de um ato infracional análogo ao crime de homicídio ocorrido no último dia 9 naquele bairro, cuja vítima foi Douglas Culaoni.
O menor infrator apreendido teria sido encaminhado ao Centro Socioeducativo.

Repentes, Motes e Glosas - Pedro Fernando Malta - Histórias do cangaço

14/03/2014 

HISTÓRIAS DO CANGAÇO (1)
PARA TIRAR RAÇA

Sempre que o coração cruel de Lampião se abrandava num gesto compassivo, Sabino Gomes, seu lugar-tenente, resmungava, contrariado. Quando foi, por exemplo, da ocupação da cidade cearense Limoeiro do Norte, Lampião rendeu-se às súplicas do vigário local para não saquear as casas de comércio. Sabino, visivelmente irritado, mandava o padre rezar e cuidar da sua igreja, não se metendo em coisas que não são da conta de quem veste batina.

Sabino foi morto pelo próprio Lampião, que sempre o temeu, se arreceou do seu crescente prestígio no bando e se tornou cobiçado dos cinquenta e tantos pacotes que Sabino trazia sob a cartucheira.

- Antes que ele me queira jantar, eu o almoço! decidiu Lampião, suspeitoso de que Sabino, mais hoje, mais amanhã, o abatesse com um tiro, para se apoderar da centena de contos de réis que também ele, Virgulino, acarinhava de encontro à cinta.

Uma das preocupações de Sabino na vida de crimes a que se entregou era vingar a morte dum seu irmão, o Gregório, rapaz pacato e benquisto, eliminado numa emboscada pelo Zé Favela. Nunca se pôde saber a causa desse assassínio.

Um dia, casualmente chegando a uma fazenda, Sabino e seus cabras encontraram o Zé Favela, desarmado. Reconhecê-lo e arrastá-lo para o terreiro, a fim de ser sangrado, foram coisas simultâneas. Antes, porém, que a vingança se consumasse, a dona da casa, com um crucifixo à mão, implorou do sicário, aos gritos:

- Seu Sabino, lhe peço por esta image: não mate o home! É o premêro pedido que lhe faço e se alembre que o sinhô nunca chegou nesta casa que não tivesse comidoria e arrancho e a gente não lhe botasse no piso da poliça! Me faça isso, seu Sabino, não mate o home!

Sabino quedou um instante e falou pro Zé Favela:

- Cabra, tu vai me dizer uma coisa: por que foi que tu matou meu irmão?

Zé Favela, sobranceiro como um nobre condenado, que altivamente aguardasse a morte, redarguiu, sem pestanejar:

- Seu Sabino, eu matei seu irmão, enganado.

- Enganado como, cabra mentiroso?

- Cabra mentiroso, não seu Sabino! Eu matei seu irmão enganado! Matei ele, enganado, porque eu ia matar era o senhor!

A confissão era verdadeira, mas brutal! Os companheiros de Sabino sentiram que o Favela não seria poupado. Mas o interrogatório prosseguia:

- Me matar por quê, cabra, se eu nunca te fiz mal?

- Eu ia matar o sinhô pra ganhar 50$000 do Joaquim Manduca, da “Boa Esperança”.

- Bem! deliberou Sabino. Você agora vai nos mostrar o caminho daqui pra “Boa Esperança”.

De novo, a mulher choramingou:

- Seu Sabino, lhe vem uma raiva no caminho e o sinhô acaba é matando este home numa volta da estrada! Seu Sabino, me atenda! Seu Sabino…

- Ora, larguemo de mamãezada! aborreceu-se o próprio Zé Favela, em favor de quem eram os rogos da dona da casa. O home só morre quando a hora é chegada! Quem morre na véspera é porco ou piru. Vambora, seu Sabino!

E saiu, resoluto, a guiar o grupo de cangaceiros. Quando avistaram a “Boa Esperança”, Zé Favela pediu:

- Seu Sabino, me dê um rife que o “serviço” no Joaquim Manduca quem faz sou eu. Se o sinhô me aceita, eu caio na vida da espingarda, debaixo de suas orde. Lhe prometo não lhe fazer vergonha, porque eu cá sou um cabra ditriminado e tanto me faz morrer hoje como na sumana que vem!

Sabino esteve a refletir e, logo com firmeza:

- Não! eu não posso me esquecer nunca de que foi você que matou meu irmão… Agora, puxe por ali! Depressa, se não quer que eu faça com você o que você fez com o Gregório…

Zé Favela rodou nos calcanhares.

Aos seus cabras, estupefatos ante aquele gesto de clemência, Sabino explicou, acendendo um cigarro:

- Eu não perdoei este peste, devido a diabo de rogativa de mulher, não! Perdoei porque ele teve a coragem de me dizer a verdade. Cabra macho de todos os seiscentos: tudo quanto era de faca fora das bainha, ele me disse, de cara e sem tremer o beiço, que matou meu irmão enganado: – ia matar era a mim! Numa apertada hora daquelas, pra um home me dizer o que este cabra me disse, precisa não saber o que diabo é medo!

Fez uma pausa e, depois, soltando com força uma baforada de cigarro:

- Um cabra destes não se mata! Deixa isso viver pra tirar raça!

Do livro “No Tempo de Lampião”, de Leonardo Mota

http://www.luizberto.com/coluna/repentes-motes-e-glosas

Tropa de Choque entra na Ceagesp e controla os atos de vandalismo

14/03/2014 - São Paulo
Marli Moreira - Repórter da Agência Brasil 
Edição: Beto Coura


Dois pelotões da Tropa de Choque da Polícia Militar do estado de São Paulo, reunindo 120 policiais, entraram pouco depois das 12h30 na Companhia de Entreposto e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) e controlaram atos de vandalismo, em meio às manifestações de protesto contra a cobrança de estacionamento no local.

Segundo a PM, a polícia só entrou nesse horário porque as cinco viaturas com dez policiais, que estavam nas proximidades, eram insuficientes para a intervenção e necessitavam de reforço da Tropa de Choque. Além de quebrar as cabines de pedágio, os manifestantes atearam fogo a caixas de frutas e outros objetos, queimando e destruindo, totalmente, um caminhão e um carro.

http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-03/tropa-de-choque-entra-na-ceagesp-e-controla-os-atos-de-vandalismo

Tiroteio e carro queimado na região de Benfica em JF

14 /03/2014 - Juiz de Fora 
Rua Dona Ana Salles - Benfica 

Por volta das 12:30 h, teria ocorrido uma briga entre gangues dos bairros Vila Esperança I e II, tendo pessoas sido lesionadas.

Viaturas da PM foram acionadas e viaturas do Corpo de Bombeiro Militar debelaram o incêndio em um automóvel. (VW,Gol).

Comentários davam conta que disparos de armas de fogo causando ferimentos em quatro pessoas. 

Na UPA da Zona Norte uma vítima com duas perfurações na perna estaria sob os cuidados médicos e outras três vítimas apresentavam hematomas generalizados.

Ainda não se sabe o motivo pelo qual o carro foi incendiado. o motorista teria deixado o local para receber atendimento médico.

Nenhum dos envolvidos teria sido preso/apreendido.

Conforme comentários um jovem estaria em deslocamento para o local de trabalho e fora surpreendido por vários indivíduos, tendo conseguido se desvencilhar de seus algozes e anunciado o caso ao seu genitor.

O homem teria deslocado com o automóvel até o local do fato, um dos envolvidos na confusão teria sido atropelado e culminado com o veículo automotor sendo incendiado.

Policiais prosseguem no rastreamento.....

PM prende suspeito de atropelar e arrastar adolescente em Juiz de Fora

14/03/2014 
Do G1 Zona da Mata

A Polícia Militar (PM) prendeu na manhã desta sexta-feira (14) um jovem de 21 anos suspeito de atropelar e arrastar um adolescente de 17 anos no dia 28 de janeiro na Rua José Tavares, no Bairro Santa Efigênia, em Juiz de Fora. 
Durante operação de busca e apreensão no bairro os policiais o localizaram. Na casa dele foram encontradas uma porção de maconha, dois coquetéis molotov e uma bomba caseira que podem ter sido produzidos pelo jovem. Uma equipe especializada da PM deve avaliar o material. O jovem foi levado para a Delegacia de Polícia Civil, em Santa Terezinha, onde a ocorrência está em andamento.

Lembre o caso
Segundo informações da Polícia Militar, vítima e moradores relataram que um carro com três ocupantes passou pela Estrada Marciano Pinto, no Bairro Sagrado Coração, e um deles disparou várias vezes contra o adolescente de 17 anos que andava pelo local. A vítima não foi ferida e correu para a Rua José Tavares, no Bairro Santa Efigênia. Os suspeitos seguiram o adolescente, que foi atropelado e arrastado pela rua por vários metros. O motivo seria briga de grupos rivais. A vítima foi levada para o Hospital de Pronto Socorro (HPS), onde ficou internada. Os autores foram identificados, mas na época do caso não foram localizados.

Brasil lembra centenário de escritora que definiu favela como quarto de despejo

14/03/2014 
São Paulo
Camila Maciel – Repórter da Agência Brasil 
Edição: Lílian Beraldo

“Eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos.” A metáfora é forte e só poderia ser construída dessa forma, em primeira pessoa, por alguém que viveu essa condição. Relatos como este foram descobertos no final da década de 1950 nos diários da escritora Carolina Maria de Jesus (1914-1977). Moradora da favela do Canindé, zona norte de São Paulo, ela trabalhava como catadora e registrava o cotidiano da comunidade em cadernos que encontrava no lixo. O centenário de nascimento de uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do Brasil é comemorado hoje (14).

Nascida em Sacramento (MG), Carolina mudou-se para a capital paulista em 1947, momento em que surgiam as primeiras favelas na cidade. Apesar do pouco estudo, tendo cursado apenas as séries iniciais do primário, ela reunia em casa mais de 20 cadernos com testemunhos sobre o cotidiano da favela, um dos quais deu origem ao livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, publicado em 1960. Após o lançamento, seguiram-se três edições, com um total de 100 mil exemplares vendidos, tradução para 13 idiomas e vendas em mais de 40 países.
Autora de Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, a escritora negra Carolina Maria de Jesus nascia há 100 anos - Audálio Dantas

“É um documento [sobre o] que um sociólogo poderia fazer estudos profundos, interpretar, mas não teria condição de ir ao cerne do problema e ela teve, porque vivia a questão”, avalia Audálio Dantas, jornalista que descobriu a escritora em 1958. O encontro ocorreu quando o jornalista estava na comunidade para fazer uma reportagem sobre a favela do Canindé. “Pode-se dizer que essa foi a primeira [favela] que se aproximou do centro da cidade e isso constituía o fato novo”, relembrou. Ele conta que Carolina vivia procurando alguém para mostrar o seu trabalho.

Uma mulher briguenta que ameaçava os vizinhos com a promessa de registrar as discórdias em um livro. É assim que Audálio recorda Carolina nos primeiros encontros. “Qualquer coisa ela dizia: 'Estou escrevendo um livro e vou colocar vocês lá'. Isso lhe dava autoridade”, relatou. Ao ser convidado por ela para conhecer os cadernos, o jornalista se deparou com descrições de um cotidiano que ele não conseguiria reportar em sua escrita. “Achei que devia parar com a minha pesquisa, porque tinha quem contasse melhor do que eu. Ela tinha uma força, dava pra perceber na leitura de dez linhas, uma força descritiva, um talento incomum”, declarou.

Apesar de os cadernos conterem contos, poesias e romances, Audálio se deteve apenas em um diário, iniciado em 1955. Parte do material foi publicado em 1958, primeiramente, em uma edição do grupo Folha de S.Paulo e, no ano seguinte, na revista O Cruzeiro, inclusive com versão em espanhol. “Houve grande repercussão. A ideia do livro coincidiu com o interesse da Editora Francisco Alves”, relatou. O material, editado por Audálio, não precisou de correção. “Selecionei os trechos mais significativos. [O texto] foi mantido na sintaxe dela, na ortografia dela, tudo original”, apontou.

Entre descrições comuns do cotidiano, como acordar, buscar água, fazer o café, Audálio encontrou narrativas fortes que desvendavam a vida de uma mulher negra da periferia. “Ela conta que tinha um lixão perto da favela, onde ela ia catar coisas. Lá, ela soube que um menino, chamado Dinho, tinha encontrado um pedaço de carne estragada, comeu e morreu. Ela conta essa história sem comentário, praticamente. Isso tem uma força extraordinária”, exemplificou.

Para Carolina, a vida tinha cores, mas, normalmente, essa não é uma referência positiva. A fome, por exemplo, é amarela. Em um trecho do primeiro livro, a autora discorre sobre o momento em que passa fome. “Que efeito surpreendente faz a comida no nosso organismo! Eu que antes de comer via o céu, as árvores, as aves, tudo amarelo, depois que comi, tudo normalizou-se aos meus olhos.” Para Audálio, o depoimento ganha ainda mais importância por ser real. “Um escritor pode ficcionar isso, mas ela estava sentido”, disse.

Audálio relata que Carolina tinha muita confiança no próprio talento e já se considerava uma escritora, mesmo antes da publicação. “Quando o livro saiu, a alegria dela foi muito grande, mas era uma coisa esperada”, relatou. O sucesso da primeira publicação, no entanto, não se repetiu nos outros títulos. Após o sucesso de Quarto de Despejo, a Editora Francisco Alves encomendou mais uma obra, a partir dos diários escritos por ela quando já morava no bairro Alto de Santana, região de classe média. Surgiu então o Casa de Alvenaria (1961) que, segundo o jornalista Audálio Dantas, responsável pela edição do material, vendeu apenas 10 mil exemplares.

Audálio lembra que Carolina se considerava uma artista e tinha pretensões de enveredar por diferentes ramos artísticos. Um deles foi a música. Em 1961, ela lançou um disco com o mesmo título de seu primeiro livro. A escritora interpreta 12 canções de sua autoria, entre elas, O Pobre e o Rico. “Rico faz guerra, pobre não sabe por que. Pobre vai na guerra, tem que morrer. Pobre só pensa no arroz e no feijão. Pobre não envolve nos negócios da nação”, diz um trecho da canção.

Para o jornalista, a escritora foi consumida como um produto que despertava curiosidade, especialmente da classe média. “Costumo dizer que ela foi um objeto de consumo. Uma negra, favelada, semianalfabeta e que muita gente achava que era impossível que alguém daquela condição escrevesse aquele livro”, avaliou. Essa desconfiança, segundo Audálio, fez com que muitos críticos considerassem a obra uma fraude, cujo texto teria sido escrito por ele. “A discussão era que ela não era capaz ou, se escreveu, aquilo não era literatura”, recordou.

Carolina de Jesus publicou ainda o romance Pedaços de Fome e o livro Provérbios, ambos em 1963. De acordo com Audálio, todos esses títulos foram custeados por ela e não tiveram vendas significativas. Após a morte da escritora, em 1977, foram publicados o Diário de Bitita, com recordações da infância e da juventude; Um Brasil para Brasileiros (1982); Meu Estranho Diário; e Antologia Pessoal (1996).

http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-03/brasil-lembra-centenario-de-escritora-que-definiu-favela-como-quarto-de