12/03/2014 - Juiz de Fora
Conforme divulgado nas redes sociais também reproduzimos a versão do vereador Wanderson Castelar Gonçalves,(PT-MG), com relação aos fatos que culminaram com a sua condução à delegacia de Polícia Civil em Juiz de Fora/MG.
O caso.
Versão apresentada pelo vereador:
Sobre a ocorrência em que fui envolvido na primeira hora desta terça-feira, dia 11, quero esclarecer que:
1 - Ao voltar para casa, o carro dirigido por minha companheira morreu a vinte metros da esquina entre a Avenida Rio Branco e a Rua Benjamin Constant.
2 - Desci para procurar socorro e quando retornava fui abordado por uma viatura da Polícia Militar. O sargento, que comandava a guarnição, dirigiu-se a mim com bastante rispidez, exigindo a apresentação dos meus documentos, o que fiz prontamente.
3 – Não satisfeito, ele exigiu que eu me dirigisse para o passeio do qual já me afastara. Parado no meio da rua e pressionado pelo sinal que acabara de abrir, hesitei. Confesso que entre a indignação e uma certa confusão instaurada pela agressividade do militar, decidi concluir a travessia da rua.
4 – A atitude foi interpretada como um desacato à autoridade e levou o despreparado policial a voar sobre mim, aplicando uma gravata com a ajuda de cassetete de madeira. Jogou-me ao chão e me asfixiou com tanta brutalidade que seus próprios colegas o contiveram.
5 – Como se ainda precisasse, deu voz de prisão. Fui jogado no camburão de nada adiantando meus esforços para não entrar no compartimento. Foi o único instante em que ofereci resistência.
6 - Importante: em nenhum momento evoquei minha condição de vereador, tampouco ofendi com palavras ou ações meus agressores. Limitei-me a gritar em alto e bom som que não era bandido, reação que ocorreria a qualquer cidadão diante de tamanha injustiça.
7 – O desacato e as agressões que me atribuem só existiram no Boletim de Ocorrência redigido pelos próprios agressores como forma de justificar a ação inepta e arbitrária, com objetivo de manipular a opinião pública e fugir das penas da lei.
8 – Com o mesmo intuito, se dirigiram ao ponto de táxi da Rua Benjamin Constant e depois de duas tentativas, convenceram dois taxistas a seguirem para a Delegacia. Dentro da viatura, o sargento, sem qualquer cerimônia, confessou que pressionou os taxistas em função da suposta segurança que oferecem à categoria.
9 - Detalhe: enquanto aguardava na Delegacia a confecção do B.O., duas ocorrências de assalto à taxi naquela noite foram noticiadas.
10 – Por mais doloroso e constrangedor que tenha sido esta experiência, não me surpreendi. Já vivi e presenciei inúmeros episódios onde a agressividade e a truculência marcaram a abordagem policial. Pensei o tempo todo no drama cotidiano de cidadãos comuns à mercê da fúria de agentes públicos despreparados para o exercício da investidura que a sociedade lhes confiou.
11 - A estrutura da nossa segurança pública é uma herança da ditadura militar. Esta estrutura faz com que os profissionais, que atuam no policiamento ostensivo, saiam às ruas para combater um inimigo e não para proteger o cidadão.
12 – Como cidadão e homem público, hoje presidindo a Comissão de Segurança Pública da Câmara Municipal, aproveito esta oportunidade para sugerir o debate em torno da necessária desmilitarização de nossas polícias. Deveríamos seguir o exemplo de outros países que adotaram esta prática e não se arrependeram.