segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Chega a oito o número de mortos por tornados no Meio-Oeste dos EUA

18/11/2013
Do G1, em São Paulo


Os estados do meio-oeste dos Estados Unidos contabilizam nesta segunda-feira (18) os danos materiais gigantescos provocados por uma série de tornados, que deixaram oito mortos e dezenas de feridos.

O fenômeno meteorológico que provocou a devastação nos estados de Illinois, Indiana, Kentuchy e Ohio perdeu força na madrugada de segunda-feira, à medida que avançava para o leste. Mas ainda há previsões de fortes chuvas, tempestades e tornados isolados nas próximas horas.

Uma incomum tempestade de outono provocou, no domingo, 81 tornados que deixaram seis mortos em Illinois (norte), segundo Patti Thompson, dos serviços de emergência do estado.

"Chegou tão rápido", disse à AFP Mark Styninger, médico legista do condado de Washington.

Outro homem morreu em Michigan quando uma árvore caiu sobre seu carro no condado rural de Jackson, na noite de domingo, noticiou o MLive News.

A segunda vítima em Michigan foi um homem que morreu eletrocutado quando saiu para verificar ruídos durante a tempestade e se enroscou em fios de alta tensão no condado de Shiawassee, segundo a MLive.

Pelo menos 37 pessoas ficaram feridas, sete delas em estado grave, segundo o canal News 25, emissora local da NBC.

De acordo com Jonathon Monken, diretor da agência de controle de situações de emergência de Illinois, 70 casas foram totalmente destruídas em duas áreas do estado e centenas foram atingidas. Quatro abrigos da Cruz Vermelha foram abertos na região.

O tráfego aéreo foi interrompido no domingo e dezenas de milhares de casas ficaram sem energia elétrica. Os fortes ventos viraram carros, arrancaram árvores e derrubaram postes de alta tensão.

O presidente Barack Obama foi informado da situação e acompanha os acontecimentos, informou a Casa Branca.

Os fortes ventos continuam a ameaçar os Estados da Pennsylvania e Nova York.
Carro destruído é visto sobre destroços nos estragos causados por um tornado em Washington, no estado americano de Illinois, no domingo (17). (Foto: Jim Young/Reuters)

domingo, 17 de novembro de 2013

Homicídio em Mar de Espanha teve sete envolvidos conduzidos à delegacia

17/11/2013 - Mar de Espanha - MG
Região Central do Município

Neste domingo(17), por volta das 04:40 h, ocorreu uma confusão no interior de uma boate.

Policiais militares informaram que havia sete jovens, dentre os quais seis seriam residentes no município de Bicas e um em São João Nepomuceno, além de um menor de idade, teriam praticado o crime de homicídio.

O fato teria originado quando a arrendatária do estabelecimento, que também exerceria a função de segurança, admoestou os jovens, solicitando-os a deixarem o local por estarem consumindo drogas ilícitas.

Os envolvidos reagiram violentamente, tendo um deles efetuado o disparo de uma arma de fogo. 

A vítima foi encaminhada ao Hospital da cidade, mas chegou sem vida, não havendo confirmação se o óbito foi em decorrência do projetil da arma de fogo ou das lesões provocadas pelas agressões. Posteriormente o corpo foi removido ao IML de Juiz de Fora.

Geisla Teixeira Delgado,25,trabalhava juntamente com o marido no ramo de segurança particular de eventos e teria arrendado o estabelecimento.

Os envolvidos evadiram em um veículo automotor que capotou na MG 126; ainda tentaram se desfazer da arma de fogo, entretanto os policiais a localizaram e todos foram encaminhados à delegacia de plantão em Juiz de Fora, sendo eles:
1) Jean L.C;
2) Cristian G.F;
3) Alencar S.M;
4) Marco A.S.J;
5) Vanessa A.L,19;
6) Alvaro S.M e 
7) W.R.M - 15.

Os adultos receberam voz de prisão em flagrante delito e o menor infrator foi apreendido, em tese, por participação em ato infracional análogo ao crime de homicídio. 

Cinco dos envolvidos, inclusive a mulher, tiveram suas prisões ratificadas e foram encaminhados à cadeia pública de Mar de Espanha.

Três pacotes contendo cocaína foram apreendidos com um dos envolvidos, sendo o condutor do veículo inabilitado e apresentando sinais de embriaguez.

O menor infrator foi liberado na presença de seu representante legal, podendo ser requisitado posteriormente e um dos envolvidos não foi autuado, mas poderá ser intimado a prestar novas declarações.

Colaborou na postagem Pedrinho Teixeira

17/11- Classificação atualizada do Brasileirão 2013

17/11/2013  http://globoesporte.globo.com/
brasileiro
campeonatos
classificação atualizadaPJV
1Cruzeiro753523
2Grêmio603517
3Goiás593516
4Atlético-PR583516

Crime violento em Juiz de Fora (Filho da vítima seria o principal suspeito)

17/11/2013 - Juiz de Fora 
Homicídio no Furtado de Menezes

Na manhã deste domingo(17), policiais militares registraram uma ocorrência de homicídio.

No interior da residência, a vitima Maria de Lourdes Gomes,49, foi encontrada com um ferimento na cabeça e sem os sinais vitais.

Conforme o registro policial a vítima teria desentendido verbalmente com o filho W.G.S,25, segundo os vizinhos seria por causa de dinheiro para ele saudar uma dívida alusiva a aquisição de drogas.

O suposto autor não foi localizado, a ocorrência foi registrada na delegacia e os demais procedimentos foram adotados.

Homem que viajava clandestinamente de trem saltou para a morte

17/11/2013 - Juiz de Fora 
Imagem ilustrativa 

Avenida Juscelino Kubitschek - Jóquei Clube 
Neste domingo(17), por volta da 02:40 h, policiais militares atenderam uma ocorrência de atropelamento com vítima fatal.
O solicitante, 30, vigilante da MRS, relatou que havia recebido informações sobre dois homens que estariam circulando clandestinamente nos vagões da composição férrea que seguia de Matias Barbosa/MG a Santos Dumont, MG. 
O vigilante se deslocou à passarela do bairro Barbosa Lage e se posicionou para obter uma melhor visualização.
Quando a composição se aproximou, o vigilante teria observado a presença dos homens em um dos vagões.
Um dos homens efetuou um salto, caiu sobre os trilhos, foi arrastado e esmagado pelo trem.
O outro homem, conseguiu desembarcar, alegou que ambos deslocavam da cidade de Matias Barbosa e pretendiam saltar ao chegarem no bairro Santa Cruz em Juiz de Fora.
A composição férrea foi identificada e prosseguiu a viagem.
Uma perita efetuou o seu trabalho no local do acidente.
O corpo foi removido ao IML pela Funerária Candelária.
O vigilante alegou que o homem que acompanhava o falecido se apresentou como Wallace e que o falecido seria Lucas, morador do bairro São Pedro em Juiz de Fora, não havendo mais informações.

PM prendeu motociclista que portava drogas, dinheiro e revólver

17/11/2013 - Juiz de Fora 
Imagem ilustrativa


Rua Diva Garcia - Linhares 
Nesta madrugada, policiais militares visualizaram o condutor de uma motocicleta sem o capacete que adentrou uma residência.
Ao retornar foi abordado, arrecadados oito papelotes de cocaína e R$252.
No interior de sua residência foram localizadas seis buchas de maconha e um tablete da mesma droga, celular Sansung com chip OI, um revólver da marca Taurus calibre 32.
Diogo R.C,25, recebeu voz de prisão em flagrante delito que na delegacia foi ratificada, a motocicleta também foi apreendida.
O autor foi encaminhado ao sistema prisional onde aguardará a manifestação da justiça.

Desferiu 3 facadas. Acionou revólver e tiro não saiu/ Disparos de arma de fogo

17/11/2013 - Juiz de Fora 
Imagem ilustrativa
Rua Ouro Fino - Bonfim
Nesse sábado(16), por volta das 22:30 h, policiais militares atenderam uma ocorrência de ameaça.
A vítima,35, narrou aos policiais que em data de 15/11/13, teria sido atingida nas costas por três facadas, sendo medicada e liberada.
O fato foi registrado na delegacia, contudo nesta data o autor conhecido pela alcunha de "Bruno Pelado", portando um revólver, estando em companhia de um indivíduo, teria proferido ameaças de morte efetuado um disparo em sua direção, contudo o tiro não saiu.
Os envolvidos teriam evadido-se em direção ao bairro Santa Rita e não foram localizados.

Imagem ilustrativa
Rua Júlia Ribeiro Verde - Caiçaras I 
Por volta das 23:10 h, policias militares foram informados pela vítima,25, que ao aproximar de sua residência deparou com um indivíduo conhecido por Jonathan que portava uma arma de fogo.
O autor estaria em companhia dos indivíduos conhecidos pela alcunha de " Xexéu e Teia" quando efetuou três disparos em sua direção, sem conseguir acertá-lo.
O trio não foi localizado.

PM recolheu arma de fogo utilizada em homicídio

17/11/2013 - Juiz de Fora 
Imagem ilustrativa

Rua Jandira Limp Pinheiro - Ipiranga 

Nesse sábado(16), por volta das 18:00 h, policiais militares registraram o recolhimento de uma arma de fogo que teria sido utilizada em um homicídio em data pretérita.

Policiais militares receberam informações que o revólver estaria na residência do indivíduo conhecido pela alcunha de "Frango" e foram ao local.

Os policiais receberam autorização, adentraram a residência e recolheram o revólver da marca Rossi, calibre 32, cabo de madeira e sem munição.

Ficou constatado a menor idade dos envolvidos e sua representante legal, R.D,49, acompanhou a ocorrência.

O menor infrator,R.S.D, 15, alegou que guardou a arma de fogo atendendo ao pedido do menor infrator, R.M.J,16.

A versão foi confirmada, sendo a ocorrência encerrada na delegacia de Polícia Civil.

Família e farmácia foram assaltadas no centro de JF

17/11/2013 - Juiz de Fora 
Imagens ilustrativas


Rua Batista de Oliveira - Centro 
Nesse sábado(16), por volta das 13:40 h, policiais militares registraram uma ocorrência de extorsão.
Mãe, 51, filha,14, relataram aos policiais militares que dois indivíduos, um deles portando uma faca as surpreenderam. 
A arma branca foi encostada na barriga de uma das vítimas, os autores subtraíram dois aparelhos celulares e R$2.

Avenida Rio Branco - Centro
Por volta das 15:40 h, dois indivíduos, um deles portando uma arma de fogo teriam surpreendido a funcionária da farmácia e subtraído R$628,04.

As ocorrências foram registradas e os autores não foram localizados.

Por dentro da máscara dos Black Blocs

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LEONEL ROCHA
15/11/2013 

Um sítio a 50 quilômetros de São Paulo abriga um centro de treinamentos para a minoria que adotou o quebra-quebra como forma de manifestação política e ficou conhecida como Black Bloc. Dois homens na faixa dos 40 anos vigiavam o portão, fechado com corrente e cadeado. Se não fosse por eles, um observador menos atento poderia acreditar que o local, carente de manutenção, está abandonado. Não tem animais, horta nem pomar. Não tem trator nem enxadas. É usado somente nos finais de semana, como espaço para reuniões e ensino de técnicas de resistência à polícia. Apenas uma das três casas erguidas há 50 anos está em condições de uso. As outras duas não têm água nem luz. Servem de depósito. No primeiro final de semana de novembro, quando se comemorou o Dia de Finados, pouco mais de 30 pessoas se reuniram nesse sítio para organizar uma nova onda de protestos contra tudo e contra todos – a presidente Dilma Rousseff, políticos em geral, bancos, empresas de transporte, telefonia e comunicação.


Fui admitido no encontro como repórter de ÉPOCA. O que vi ajuda a compreender quem são, o que querem e o que pensam os Black Blocs. Mais: desmente a concepção vigente entre órgãos de segurança federais e estaduais. É voz corrente que eles não têm organização e aparecem nas manifestações como que por geração espontânea. Ao contrário, eles têm método, objetivos, um programa de atuação e acesso a financiamento de entidades estrangeiras.

TREINAMENTO
Leonardo Morelli, da ONG Defensoria Social, e três dos participantes do encontro. Ele influencia os Black Blocs com suas causas (Foto: Leonel Rocha/ÉPOCA)

Foram necessárias três semanas de negociação até que os ativistas me abrissem seus portões e me permitissem testemunhar seus treinamentos, debates e decisões. Antes, apresentaram exigências e cobraram garantias. Para ter acesso ao encontro, tive de me comprometer a não revelar a localização do sítio, só identificar na reportagem os ativistas que se dispusessem a declarar seus nomes e profissões e a tratar a todos com respeito. Em nenhum momento soube o endereço do sítio. Marcamos um encontro no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), onde os Black Blocs se reúnem em dias de manifestação na capital paulista. De lá, segui com dois guias até o sítio numa Kombi. Uma parte do caminho foi feita em estrada de terra.


As primeiras horas foram para superar desconfianças. No começo, fui chamado de “senhor”. Rompi parte das resistências com a ajuda de um antigo sindicalista. Ex-funcionário da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), o jornalista Leonardo Morelli coordena a ONG Defensoria Social, um braço visível e oficial que os apoia. Morelli me recebeu no sítio porque acredita que os “blockers” precisam de visibilidade e reconhecimento dos meios de comunicação. Só por meio deles, diz ele, podem superar a rejeição de quase toda a sociedade, que condena o quebra-quebra característico das aparições dos Black Blocs. O termo, segundo eles, designa uma forma de atuação, não um grupo ou movimento organizado.

Aos 53 anos, Morelli é o mais velho do grupo. Participou de pastorais católicas de direitos humanos. Integrou o grupo que originou a Comissão Pastoral Operária. Militou com petistas como Luiz Gushiken (1950-2013), ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo Lula, e o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh. Seu nome aparece em quatro relatórios dos órgãos oficiais de espionagem. Datado de 1987, um documento do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) relaciona Morelli entre punks e anarco-sindicalistas. Segundo o texto, Morelli propunha “furar os pneus e quebrar os vidros dos ônibus” para parar São Paulo e provocar uma greve geral dos trabalhadores. “Eu já era Black Bloc nos anos 1980, antes de existir o movimento com esse nome”, diz.

Ele foi demitido da RFFSA por participar de uma greve nos anos 1980. No fim da década, foi anistiado e aposentado. Agora, tenta influenciar os Black Blocs com novas causas. Ergue bandeiras ambientais, denuncia os lixões e a contaminação de áreas da periferia. Defende a desmilitarização das polícias, a liberação de biografias não autorizadas, o controle social das pesquisas científicas, combate o Marco Civil da Internet e cobra as renúncias dos governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.

Os ativistas reunidos no interior paulista compartilham o credo anarquista de Morelli, mesmo com pouca informação sobre o tema. O mais jovem do grupo, com 17 anos, é um típico punk da periferia paulista, de cabelo moicano. Tenta concluir o ensino médio. Num dos últimos conflitos, foi fotografado quebrando a pontapés uma vidraça de uma agência bancária. Distribuída por agências de notícia estrangeiras, a imagem rodou o mundo.

Pouco mais velho que ele, um rapaz de óculos diz ter lido textos anarquistas na internet e não compreender como todos de sua idade não aderiram ao movimento. Morador da periferia paulistana, conta que cresceu assistindo a amigos e vizinhos apanharem da polícia. Nunca votou e afirma que jamais escolheria os candidatos preferidos por seus pais na eleição presidencial de 2010 – Dilma Rousseff e José Serra. Na noite de 26 de outubro, testemunhou o espancamento do comandante da Polícia Militar de São Paulo, coronel Reynaldo Rossi. Relata que Rossi fora “marcado” pelos “blockers”. A ordem era bater nele sem acertar a cabeça, para evitar o risco de morte. “Vi muito amigo ser espancado pela polícia lá no meu bairro. É assim que vamos responder daqui para a frente”, diz o Black Bloc com pinta de nerd.

O SÍTIO BLACK BLOC
1. Sem sinal de animais ou lavoura, dois dos três casebres usados pelos ativistas são encobertos pela vegetação 2. Fachada da única casa habitável. Lá, tudo precisa de reparos
3. A mesa comprida chega até a cozinha. É usada para reuniões, não para refeições
4. Em cartazes e faixas espalhados pelas paredes que clamam por pintura, os Black Blocs pedem paz apesar de agir com violência (Fotos: Leonel Rocha/ÉPOCA)

O grupo comprou a Kombi que me conduziu e um Jeep Willys com dinheiro que recebeu de entidades nacionais e estrangeiras. Segundo Morelli, desde o início deste ano, já ingressaram nos cofres da Defensoria Social E 100 mil. Ele afirma que o dinheiro foi repassado pelo Instituto St Quasar, uma ONG ligada a causas ambientais. Morelli também cita entre seus doadores organizações como as suíças La Maison des Associations Socio-Politiques, sediada em Genebra, e Les Idées, entidade ligada ao deputado verde Jean Rossiaud. Procurados por ÉPOCA, ambos negaram ter enviado dinheiro. Morelli diz que a Defensoria Social também foi abastecida pelo Fundo Nacional de Solidariedade, da CNBB. A CNBB também negou os repasses. Morelli ainda relacionou entre seus contatos os padres católicos Combonianos e a Central Operária Boliviana.

O dinheiro financia os treinamentos dos militantes, como o ocorrido no fim de semana de Finados e outro realizado em julho na cidade de Cáceres, em Mato Grosso. Nessas ocasiões, os ativistas são informados de que a precondição para ser Black Bloc é ter disposição para enfrentar a polícia. Em Cáceres, aprenderam a se proteger das balas de borracha com escudos feitos com tapumes. Foram orientados a formar paredes com os escudos para se defender em bloco, como as tropas de choque fazem hoje – e, no passado, fizeram as falanges gregas e legiões romanas. Em Cáceres, havia rapazes que prestaram serviço militar.

DANI, A PANTERA
Daniela Ferraz, de 31 anos, mãe e ex-presidiária. Ela agora quebra bancos. “Quando corruptos roubam milhões, nada acontece” (Foto: Letícia Moreira/ÉPOCA)

Ex-recrutas do Exército, eles ensinaram aos colegas Black Blocs o que aprenderam na caserna. Em Cáceres e no interior paulista, os ativistas tiveram aulas com o ex-militante do MST Paulo Matos. Aos 36 anos, ele acumula 21 anos de militância. Participou de cinco invasões, foi preso, processado e ajudou a organizar o assentamento mato-grossense Antônio Conselheiro, o maior do país. Deixou o MST quando passou a acreditar que alguns de seus companheiros eram corruptos. Conta que, ameaçado por eles, fugiu para a Bolívia, onde começou a estudar medicina. Diz que trabalhou como enfermeiro e aprendeu a fazer pequenas cirurgias. Carrega um kit com bisturi, agulha de sutura, pinça, tesoura e luvas para socorrer quem se fere no combate das ruas. “Somos gladiadores sociais”, afirma Paulo Matos. 

Nos debates, o clima é de indignação, revolta e impaciência com as promessas dos governantes. No sítio paulista, foram exibidos vídeos de protesto para os ativistas. Fez sucesso Setembro negro: Estado, violência e reação, produzido pela carioca 202 Filmes. Os ativistas também assistiram a um vídeo gravado durante o treinamento de Cáceres. Produzido pela desconhecida Aliança Latino-Americana de Ação Direta, ele pode ser acessado pelo site da ONG Usina Brasil e ensina a manusear pistolas. Não vi armas de fogo ou de qualquer outro tipo no sítio do interior paulista onde os Black Blocs se reuniram no Dia de Finados. Havia lá apenas facões e um pequeno machado. O máximo a que assisti foi uma discussão sobre se deveriam ou não fazer atentados contra prédios públicos, inclusive com o uso de dinamite. Essa hipótese foi aventada por uma minoria exaltada, que cogitava incendiar carros durante as manifestações.

O encontro de Black Blocs no sítio paulista foi marcado pela improvisação. Na única casa habitável, o telhado exige reforma, e as paredes clamam por pintura. Um gerador a gasolina forneceu energia apenas por algumas horas. A mesa comprida da sala serviu mais para discussão do que para refeição. Os Black Blocs não se reuniram para comer. Ao fazê-lo, não se preocuparam com etiqueta. Saborearam churrasco de carne de segunda e embutidos. Arroz e macarrão foram preparados num fogão de quatro bocas. Para o café da manhã ou para a noite, reservaram biscoitos, café e leite. Banho, só com água de poço, fria. Para beber, levaram garrafas de água mineral. O dinheiro para as compras foi racionado – sempre é. Dispunham de uma geladeira e um micro-ondas. Acesso a celular ou internet, só por milagre. Os maços de cigarro foram compartilhados. Tarefas como faxina ou cozinha foram divididas por habilidades ou disposição, na base do voluntarismo. Como havia poucas camas, muitos dormiram no chão. Só vi duas mulheres. Ambas dormiram no sítio. Uma fogueira na área externa espantou o frio.
Manifestante é pacífico.
O que nós fazemos é protesto"
LEONARDO MORELLI, DA ONG DEFENSORIA SOCIAL

Os Black Blocs disseram que o desconforto não era maior que em suas próprias casas. Muitos vieram de fora de São Paulo. Havia gente do Rio de Janeiro, do Paraná, de Mato Grosso, de Minas Gerais, de Pernambuco e do Amazonas. Costumam adotar apelidos como Marmota, Irmão ou Jow, para não ser identificados pelas autoridades. Piercings e tatuagens são quase regra. Os que têm telefone celular mudam o número com frequência. Dois militantes foram incumbidos de vigiar a área durante o dia. Se alguém se aventurar a pular a cerca, pode ser surpreendido por armadilhas feitas com pontas de madeira. Só entrou no sítio quem integra o grupo e eu, que fui convidado. Os ativistas de Pernambuco e do Rio não permitiram que eu assistisse a uma das reuniões. Por isso, dormi em São Paulo e voltei no dia seguinte.

Nos cartazes pendurados na casa habitável, só havia espaço para teses anarquistas e ambientalistas. Anticapitalistas, os Black Blocs defendem uma genérica “solidariedade humana”. A formação intelectual da maioria é quase primitiva. Definem-se como anarquistas porque são, genericamente, contra a repressão do Estado, para eles encarnada pela polícia. A nata do anarquismo é muito citada, mas pouco lida. Nos debates, ouvi os nomes dos revolucionários Mikhail Bakunin (teórico anarquista) e Pierre-Joseph Proudhon (político francês que comparava a propriedade a um roubo), do escritor russo Liev Tolstói, do ucraniano Nestor Makhno (anarquista durante a Revolução Russa) e de François Claudius Koenigstein (conhecido como Ravachol, teórico do terrorismo). Como anarquistas, dizem não ter líderes. As teses e ações do grupo são decididas por consenso ou adesão. Dizem que são ativistas. “Manifestante é pacífico. O que fazemos é protesto”, afirma Leonardo Morelli.

Ninguém é considerado traidor se não entrar no quebra-quebra, mas o vandalismo é visto como ato de coragem. Equipamentos como orelhões são quebrados, segundo eles, porque a telefonia é dominada por estrangeiros. Também merecem condenação empreiteiras e multinacionais. Revoltados com a privatização do campo de Libra, incluíram a Petrobras no rol de suas potenciais vítimas. Dizem que queimam as lixeiras públicas nos protestos porque consideram corruptas as concessionárias do serviço. Alguns rejeitam programas sociais, como Bolsa Família, Mais Médicos e ProUni, pois, segundo eles, mascaram as péssimas condições da população e amortecem a revolta.

MENSAGEM 
O ex-MST Paulo Matos. Ele protocolou no Planalto carta a Gilberto Carvalho com as exigências dos Black Blocs (Foto: Celso Jr./ÉPOCA)

O discurso seduz gente como Daniela Ferraz, paulistana criada no complexo de favelas do Capão Redondo. Aos 31 anos, mãe de um filho que mora com o pai, ela cometeu dois assaltos e cumpriu cinco anos de prisão. “Tinha filho para criar e uma irmã criança para ajudar a criar. Não tive alternativa, e o desespero me levou a assaltar. Mas nunca me envolvi com homicídios”, diz. “Quando os corruptos poderosos roubam milhões, nada acontece. Quando o pobre assalta para comprar comida e fraldas para o filho, vai preso.” Ainda cumprindo pena em liberdade, Daniela armou-se de paus e pedras para atacar agências bancárias. Agora, é conhecida como Dani, a Pantera dos Black Blocs.

No fim de semana de Finados, os 30 Black Blocs tomaram decisões importantes. Acertaram protestar contra todos os candidatos que disputarem a próxima eleição. Nenhum deles terá seu apoio. Interlocutor do governo federal com os movimentos sociais, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, reclamou da falta de interlocução. Os ativistas decidiram, então, resolver o problema enviando uma carta a Gilberto Carvalho. O documento lista, entre outras reivindicações, a desmilitarização das polícias, anistia aos Black Blocs presos, infraestrutura para assentamentos rurais e suspensão da privatização do campo de Libra. O texto foi levado de avião para o Planalto pelo ex-MST Paulo Matos. Ele invadira a Assembleia Legislativa do Rio em junho e quebrou janelas em São Paulo no 7 de setembro. Matos protocolou o texto no Palácio do Planalto na última terça-feira. Na mochila, levava também a máscara de Black Bloc. O grupo decidiu fazer uma nova onda de protestos nos próximos dias, caso não seja atendido. Deixou endereço e telefone, para a eventualidade de Carvalho se decidir a negociar com eles. Procurado por ÉPOCA, Carvalho confirmou ter recebido o documento.

Os Black Blocs me receberam em seu refúgio. Concederam entrevistas, mas não permitiram filmagens nem o uso de câmeras profissionais. Morelli e Matos aceitaram que eu os fotografasse no sítio com o celular. Escolheram um cenário neutro, de forma a evitar a identificação do local. A meu pedido, fizeram outras imagens após o encontro do fim de semana, para ilustrar esta reportagem. Quem foi ao encontro de Finados ganhou um par de CDs. Eles contêm programas para sabotar redes de computadores de órgãos públicos e empresas privadas. Desenvolvidos por programadores vinculados à célula carioca do grupo hacker Anonymous, esses programas já circulam na internet.

Os Black Blocs brasileiros seguem uma onda mundial. São uma manifestação tardia de um fenômeno que tem origem na Alemanha dos anos 1980 e, gradualmente, começou a aparecer nas manifestações de ruas pelo mundo. Primeiro, nos protestos antiglobalização dos anos 1990. Depois, como parte das mobilizações que se seguiram à crise econômica de 2008. Agora, quebram vitrines e enfrentam a polícia no Brasil. O cientista político canadense e ativista Francis Dupuis-Déri, da Universidade de Québec, afirma que os Black Blocs são mais uma tática que um movimento político, mais uma demonstração de rua que uma ideologia. Envolveram-se em protestos no Canadá, na Grécia, na Espanha e no Egito. “Estão se convertendo num fenômeno global, como a crise econômica”, diz Dupuis-Déri, autor de Who’s afraid of the Black Blocs? Anarchy in action around the world (Quem tem medo dos Black Blocs? Anarquia em ação através do mundo), livro que sairá nos Estados Unidos pela editora Between the Lines. Em toda parte, os Black Blocs são acusados de promover quebra-quebras e espantar das ruas os demais manifestantes. Como uma das missões dos Estados democráticos é combater a violência e preservar a ordem, os Black Blocs frequentemente acabam na cadeia pelos crimes que cometem durante as depredações. Em dez anos, 10 mil foram presos, a maioria em protestos antiglobalização. A cadeia pune a violência e pode coibi-la, mas não ajuda a compreender o que eles querem, quem são, o que pensam, como se organizam – e, principalmente, quem os financia. “Qualquer um no Brasil que deseje entender o que querem os Black Blocs deveria tentar escutá-los”, diz Dupuis-Déri. É o que ÉPOCA faz nesta reportagem.