08/08/2013
Renê Dióz
Do G1 MT
UFMT é uma das 25 instituições que revalidam diplomas no país. (Foto: Assessoria/Divulgação)
Um contingente de 476 médicos formados em 15 faculdades bolivianas deve tentar no próximo dia 18 revalidar seus diplomas - por meio de prova aplicada pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) – para poderem exercer a medicina no Brasil. Eles estão inscritos na segunda etapa - a principal - do processo de revalidação de certificados estrangeiros da Faculdade de Ciências Médicas da UFMT, que aplica a prova há mais de 20 anos.
No último exame para revalidação na UFMT, aplicado em 2012, apenas um certificado de médico formado na Bolívia foi aprovado. Naquele ano, o total de diplomas bolivianos inscritos era de 508, o que também representava mais da metade das inscrições.
Dada a proximidade do estado com a Bolívia, estes profissionais representam 63,8% do total de graduados no exterior que agora pleiteiam uma vaga no mercado de trabalho nacional justamente em meio à tentativa do governo federal pelo programa 'Mais Médicos' de reforçar a presença desses trabalhadores nas cidades do interior por meio de concessão de bolsas para brasileiros e até estrangeiros.
Para a prova da UFMT neste ano, inscreveram-se 746 profissionais oriundos de 91 faculdades de 22 países do mundo. Depois da presença majoritária dos candidatos bolivianos, os mais numerosos são os inscritos de Cuba e Paraguai - 66 de cada um desses países, que também apareceram em 2012 com grandes contingentes de diplomas para revalidação na UFMT.
Diplomas
Já a presença de candidatos europeus a revalidação de diploma pela UFMT é minoritária, representando pouco mais de 3% dos inscritos: são 24 graduados de faculdades de países como Alemanha, Croácia,Espanha, Itália, Portugal, Romênia e Rússia. Outros seis candidatos são oriundos de países pouco comuns na lista de inscritos para revalidação: Gana, com cinco, e Síria.
De acordo com o coordenador da Faculdade de Ciências Médicas da UFMT, professor Hélio Moratelli, a maior parte dos graduados em medicina que procuram a instituição para revalidar seus certificados é de estudantes brasileiros que buscaram faculdades de outros países para se formar. Em segundo lugar, estariam profissionais que se casaram com brasileiros e desejam passar a viver no país. São muito poucos, segundo o professor, aqueles profissionais formados no exterior que se submetem à prova da UFMT na expectativa de construir carreira aqui.
Além disso, a maioria dos que obtêm a revalidação desses diplomas acaba se dirigindo a outros estados da federação para atuar. “Eles não necessariamente vêm trabalhar aqui. Também nem teria como acomodar todos no mercado”, explica.
País - N° de inscritos
Alemanha 2 - Argentina 31 - Bolívia 476
Colômbia 12 - Croácia 1 - Cuba 66
El Salvador 1- Equador 2 - Espanha 9
Gana 5 -Honduras 1- Itália 5 - México 5 - Nicarágua 2
Paraguai 66 - Peru 50
Portugal 3 - Romênia 1 -Rússia 3 - Síria 1 - Uruguai 3- Venezuela 1
Sobre o desempenho da maioria de candidatos bolivianos, Moratelli pondera que nem sempre é a faculdade que determina o potencial do graduado, mas observa que há uma disparidade nas formações oferecidas pelas faculdades federais e privadas no país vizinho.
As federais, segundo ele, geralmente dispõem de hospitais universitários e estruturas mais apropriadas para a graduação. As privadas, contudo, têm sido as mais procuradas pelos estudantes brasileiros pois, em geral, não impõem limites de alunos e cobram mensalidades mais baratas que as das instituições particulares no Brasil.
Exame
A UFMT cobra uma taxa de R$ 600,00 para a inscrição na segunda etapa do processo de revalidação; os valores são arrecadados pela fundação Uniselva, financiadora de projetos da instituição, uma das 25 instituições revalidadoras de diplomas de medicina estrangeiros no país.
A universidade adota sua própria prova – não se trata, portanto, do “Revalida”, padronizado pelo governo federal. Segundo Moratelli, o exame é rígido e busca averiguar a capacidade do profissional em atuar na realidade local da saúde da população.
Na comparação dos números dos últimos exames, entretanto, chama atenção a disparidade na proporção de diplomas aprovados.
Em 2010, quase 31% dos 594 candidatos obtiveram anuência para trabalhar no Brasil. No ano seguinte, quando a UFMT recebeu 705 inscrições de graduados no exterior, a proporção aumentou para mais de 42% - um abismo em relação ao percentual de aprovação em 2012, que não chega a 1%.