Granada é uma das ilhas caribenhas que receberam uma embaixada brasileira, apesar da pouca relação comercial com o Brasil
Santa Lúcia não recebe turistas brasileiros, mas também conta com uma representação diplomática do Brasil.
PUBLICADO EM 21/07/13 - 03h00
CARLA KREEFFT
ENVIADA ESPECIAL
Caribe. Apertadas entre o mar do Caribe e o Atlântico, estão localizadas cinco pequenas ilhas paradisíacas – Barbados, Granada, Santa Lúcia, São Cristovão e Névis e Trinidad e Tobago –, cujas populações somadas não alcançam o número de habitantes de Belo Horizonte. Por lá, o turismo brasileiro é, até o momento, apenas um desejo governamental. O comércio das ilhotas com o Brasil é irrisório. Juntas, elas não conseguem alcançar 1% do total das exportações brasileiras. No ano passado, uma delas, Granada, vendeu para o Brasil o correspondente a US$ 651, valor insuficiente para se comprar um iPhone 5. Cifra que dificilmente poderá ser muito ampliada, considerando que o que as ilhas mais produzem é banana e coco.
Nada disso impediu, porém, que, desde de 2006, durante o segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um plano de ampliação das relações diplomáticas colocasse as ilhas caribenhas como prioridade, o que também aconteceu com o continente africano, no início dos anos 2000.
Em recente evento, realizado em São Paulo com o nome de “2003-2013 – Uma nova política externa”, o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, confirmou a política exterior que fez o Brasil intensificar o diálogo com vários países e grupos de nações, especialmente os do Eixo Sul-Sul e emergentes, mas não apresentou justificativas convincentes. “Abrimos embaixadas em cada um dos países do Caribe, para o desenvolvimento de projetos e também para a celebração de um passado comum, como a escravidão, o que nunca tinha feito parte da nossa agenda”, disse o ministro.
A estratégia, porém, parece não considerar importante o fato de apenas 160 brasileiros viverem nas cinco ilhas que abrigam as embaixadas – três delas criadas na gestão de Lula. Também desconsidera que o número de turistas é ainda menos relevante, já que não há um fluxo regular de brasileiros, nem sequer rotas áreas entre o Brasil e as ilhas. Somente no ano passado, foi criada uma linha direta entre Guarulhos (São Paulo) e Barbados, que ainda está em experimentação. Atualmente, a empresa aérea tem a garantia do pagamento integral do voo pelo governo de Barbados, mesmo que nem todas as passagens sejam vendidas. Essa ligação, no entanto, ainda não foi capaz de ampliar o turismo entre os países. Segundo estimativas otimistas, cerca de 500 brasileiros visitam Barbados por ano.
Custo alto. O número de turistas é ainda menor nas outras ilhas, onde os brasileiros somente podem ter acesso passando por Miami, nos Estados Unidos. Outra alternativa é embarcar por uma linha doméstica a partir de Barbados, cuja passagem de ida e volta para uma das outras ilhas custa, em média, US$ 500. É o mesmo preço dos bilhetes de ida e volta de Guarulhos para Barbados, o que faz com que o custo do transporte seja dobrado para quem mora aqui.
Melhorar as condições de acesso a essas ilhas é uma das prioridades das embaixadas brasileiras localizadas no Caribe. Elas tentam, junto com os governos locais e com as empresas aéreas, repetir o acordo fechado com Barbados, mas ainda não obtiveram sucesso. (Com Rodrigo Freitas)
Comércio
De acordo com dados oficiais do governo brasileiro, em 2012, o Brasil exportou US$ 1,8 bilhão aos cinco países – Barbados, Granada, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis e Trinidad e Tobago –, o equivalente a 0,78% dos US$ 242,5 bilhões de exportações totais do país. Do outro lado, o Brasil importou dessas ilhas US$ 692,5 milhões – o que equivale a 0,31% de todas as importações brasileiras no ano passado, que somaram US$ 223,1 bilhões. Um caso interessante expressa a insignificante relação comercial entre Brasil e Granada. Em 2012, o Brasil exportou US$ 637 mil para o país caribenho e importou a soma de US$ 651. Os produtos mais negociados são alimentícios, especialmente carnes, e químicos, incluindo fertilizantes agrícolas.
Jornal O Tempo