Milhares protestam em Juiz de Fora
Manifestantes ocupam ruas centrais por cinco horas e demonstram descontentamento com atual política do país; não houve confrontos com a PM
Por Michele Meireles, Renato Salles e Ricardo Miranda (colaborou Barbara Riolino)
A onda de protestos populares no país que começou em São Paulo, a partir do Movimento Passe Livre (MPL), alcançou Juiz de Fora. Milhares de manifestantes tomaram as ruas, avenidas e praças na área central da cidade, na tarde e noite de ontem, com críticas à corrupção, aos gastos com eventos esportivos, à escassez de recursos para a educação e à repressão policial nas manifestações no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e em São Paulo. Com rostos pintados e empunhando bandeiras e cartazes, as pessoas repudiaram a politização partidária de eventos e cobraram investimentos nos serviços públicos. O mote do reajuste das tarifas de transporte coletivo urbano também apareceu entre as reivindicações apresentadas ao longo do protesto, mas sem o caráter determinante da mobilização paulista.
Acompanhados à distância pela Polícia Militar (PM), os militantes saíram da Praça Jarbas de Lery Santos, no Bairro São Mateus, e seguiram pelas avenidas Itamar Franco, Rio Branco e Getúlio Vargas. Embora o trânsito nessas vias tenha sido interrompido por cerca de cinco horas, não foram registradas ocorrências. A PM estima a participação de cerca de três mil manifestantes no protesto. Para o grupo responsável pela mobilização, foram cinco mil. Um novo ato foi agendado para a próxima quinta-feira, mais uma vez com concentração na Praça Jarbas de Lery Santos. Como aconteceu com o evento de ontem, quando a ação foi marcada pelo Facebook, os detalhes serão definidos por meio das redes sociais. As reivindicações serão as mesmas.
A falta de uma pauta específica, aliás, é considerada a principal característica das manifestações que acontecem país afora denominadas como "Junta Brasil". Da saída da praça, no Bairro São Mateus, às 17h20, até a dispersão, no cruzamento das avenidas Rio Branco e Itamar Franco, às 22h30, os gritos e canções de protesto contemplaram as mais variadas questões. Motes históricos de passeatas, como "você aí parado também é explorado", foram retomados em ritmos diferentes. Em alguns casos, estrofes inteiras eram substituídas por expressões atuais, envolvendo a Copa das Confederações e a Copa do Mundo. Até mesmo a velha campanha do "Petróleo é nosso" apareceu. Em vários momentos, os manifestantes entoaram o Hino Nacional.
Alguns aspectos da política local entraram para lista de protestos, como a recente mudança na Lei de Uso e Ocupação do Solo. Em um cartaz, que foi colado na escultura do menino com a pipa, na Avenida Presidente Itamar Franco, um manifestante pedia ao prefeito Bruno Siqueira (PMDB) para vetar a matéria. O tema local mais recorrente, no entanto, foi mesmo o reajuste da tarifa de ônibus. Vários cartazes e faixas defendiam a ausência até mesmo de reposição inflacionária, sob ameaça de novas paralisações. Nos dizeres envolvendo a temática da corrupção, nenhuma categoria de políticos e partidos foi perdoada. Da mesma forma, a falta de investimento em saúde e educação foi atribuída à incompetência de todos os mandatários do país.
FONTE : TRIBUNA DE MINAS