quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Filme sobre os Mamonas Assassinas chega às telonas do Brasil

Por Paulo Henrique Silva Publicado em 28 de dezembro de 2023 | 06h00
Longa promete divertir e emocionar os fãs dos Mamonas Assassinas — Foto: Edu Moraes/Divulgação

O tecladista Júlio Rasec surge de forma tímida nas primeiras cenas de “Mamonas Assassinas: O Filme”, aguardado longa-metragem sobre o fenômeno musical da década de 1990. Mas o personagem, vivido nas telonas por Robson Lima, ganha importância no decorrer da narrativa, até virar um “porta-voz” da despedida do grupo, que sofreu um trágico acidente de avião em 1996.

“De fato, aconteceu isso. Existe esse vídeo em que o Júlio fala que sonhou com um acidente de avião”, relata o ator. É uma das sequências mais sensíveis de um filme que absorve o ingrediente cômico das canções e da interação dos cinco integrantes na forma de um seriado adolescente. “Sempre tive um olhar muito cauteloso e zeloso sobre esse momento final”, afirma Lima.

Afinal de contas, o dia 2 de março de 1996 significou o desfecho inesperado de uma carreira meteórica, em que bastou um disco cheio de músicas debochadas para a banda virar um sucesso instantâneo. Naquela tarde, Júlio foi ao seu cabeleireiro habitual para retocar a tintura, quando, já no salão, ouviu um pedido para participar de um vídeo.

“O cabeleireiro disse: ‘Quero provar que você é meu cliente e, como está ficando famoso, daqui a pouco não vai mais voltar aqui’. E Júlio falou do sonho. Foi algo muito forte e real. Quando li o roteiro e vi que seria incluído, mesmo que de forma muito sutil, tentei de uma maneira respeitosa passar para as telas esses sentimentos”, destaca Lima, que tinha dois anos na época do acidente.

O baterista Sérgio Reoli também fez parte da história do Mamonas, ao lado do vocalista Dinho (Alecsander Alves), do guitarrista Bento Hinoto e do baixista Samuel Reoli. Contraponto ao personagem de Dinho, ele vive uma história romântica no filme, que ganha desfecho justamente no fatídico dia em que o avião do grupo se choca contra a serra da Cantareira, em São Paulo.

Rhener Freitas, que interpreta o baterista, não esconde a emoção ao ver a cena do encontro final entre Sérgio e a namorada. “Já vi o filme umas quatro vezes, e é o que mais me emociona, porque é a despedida entre duas pessoas que se amam, mas não sabiam disso. No momento da gravação, eu não podia demonstrar que era uma despedida. Deveria ser um tchau, um até breve”, registra.

Para além da tragédia, o filme tem muitas sequências de comicidade. E, claro, todas pontuadas pelos principais hits, como “Pelados em Santos”, “Robocop Gay” e “Vira-Vira”. Boa parte do elenco, por sinal, tem relações com a música. Freitas é cantor e guitarrista e sempre tocou Mamonas nas bandas que formou. “Aprendi a tocar bateria e hoje toco um álbum inteiro deles”, diverte-se.

Lima também é cantor, com participação em musicais no teatro. “Realmente, a música está muito entranhada na gente e ajudou muito no processo de trabalho”, avalia ele. “O fato de sermos também garotos do interior que foram para a cidade grande nos leva a esse mesmo lugar do Mamonas. O que traz certa pureza e simplicidade, que foram essenciais para contar essa história”, salienta Freitas, que é mineiro de Itaú de Minas.

Do superfamília ao que leva tudo a sério
Dinho, evidentemente, é o grande protagonista de “Mamonas Assassinas: O Filme”. Na abertura e no final do longa dirigido por Edson Spinello, o ator escolhido para viver o vocalista, Ruy Brissac, reforça aquilo que se tornou o epíteto do grupo: o sonho é possível. Ele diz isso com todas as letras em show lotado num ginásio de Guarulhos (terra natal do Mamonas), onde, antes do sucesso, não foi permitido que tocassem.

Enquanto Dinho é sinônimo de perseverança, Júlio transcende a sua timidez e a insegurança por ser o mais velho do grupo. “Ele era, de certa forma, um paizão ali para os meninos. Era o mais organizado, sempre queria chegar na hora. Com muita delicadeza, busquei trazer esse cara supercoração, superfamília. Ele podia ser tímido, mas viu uma oportunidade de ir desabrochando e conquistando o seu espaço dentro do grupo”, sintetiza Lima.

Para Freitas, Sérgio Reoli era o cara que carregava as responsabilidades da banda. “Ele era um apaixonado pela música e não queria perder tempo. Ele não está muito para brincadeira e traz essa responsabilidade para si, buscando resolver as coisas da maneira certa. Depois o Sérgio vai entrando na onda dos meninos, e é o Dinho quem diz ‘relaxa, vamos curtir porque vai dar tudo certo’”.

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