segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Juiz de Fora registra mais homicídios em 9 meses de 2022 do que em todo o ano passado

Por Victória Jenz, g1 Zona da Mata — Juiz de Fora

21/11/2022 10h58

Vista geral de Juiz de Fora, foto ilustrativa — Foto: Prefeitura de Juiz de Fora/Divulgação

Juiz de Fora já registrou entre janeiro e setembro de 2022 mais homicídios do que nos 12 meses de 2021. A informação é de um levantamento feito pelo g1 com base nos dados fornecidos pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).

Conforme os números, a cidade teve 43 assassinatos em apenas nove meses. Em 2021, durante todo o ano, foram 41.

Homicídios em 2021 e 2022
Dados são de janeiro a setembro
667722883377332244003333446622664444223355Janeiro de 2021Janeiro de 2022Fevereiro de 2021Fevereiro de 2022Março de 2021Março de 2022Abril de 2021Abril de 2022Maio de 2021Maio de 2022Junho de 2021Junho de 2022Julho de 2021Julho de 2022Agosto de 2021Agosto de 2022Setembro de 2021Setembro de 2022Outubro de 2021Novembro de 2021Dezembro de 20210246810
Julho de 2021
4
Fonte: Sejusp

*Vale ressaltar que em outubro e novembro deste ano outros homicídios foram registrados, mas ainda não foram contabilizados pelo órgão estadual.

O g1 entrou em contato com a Polícia Civil para um posicionamento a respeito dos números e de informações sobre ações feitas, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria.

Especialista analisa cenário
O coordenador do Núcleo de Estudos sobre Política de Drogas, Violências e Direitos Humanos (Nevidh/UFJF), Paulo Fraga, analisou que a cidade vive uma retomada do aumento de homicídios, que estavam em queda desde 2018. No entanto, segundo ele, os níveis ainda não se apresentam como 2016.

"Está em padrão bem mais baixo, mas preocupa pois o aumento é progressivo desde 2020", afirmou.

Pandemia
Questionado sobre a relação da pandemia de Covid-19 com a estatística, o especialista explicou que se percebe que os anos de 2020 e 2021 apresentaram padrões mais baixos de violência relacionados com mortes intencionalmente provocadas pela diminuição das interações, mas que os padrões de violência atual podem estar sofrendo mudanças.

"As mortes por retaliações eram as que apresentavam maiores percentuais em relação ao total, e os conflitos entre grupos criminosos ligados a atividades criminais tinham peso menor. Temos que verificar se esses padrões mudaram. Há tendências, mas é cedo para uma afirmação mais peremptória".

Armas
Ainda conforme o especialista, as armas de fogo estão diretamente ligadas aos casos de mortes violentas e que, sem a circulação legal ou ilegal de armamentos, os homicídios cairiam sensivelmente.

“Legalmente houve um aumento significativo de circulação de armas. Há suspeitas que parte das armas adquiridas legalmente podem parar nas mãos de criminosos”, disse.

Renda
Paulo também fez uma avaliação a partir do padrão de renda em Juiz de Fora.

“Em 2000, a taxa de homicídios em Juiz de Fora era de 8,75/100.000. Em 2016, esse índice passa para 26,84/100.000. O padrão de renda nesse período não teve grandes mudanças”, explicou.

O aumento, segundo ele, tem a ver com mudanças de elementos relacionais próprios da cidade ou de uma influência regional, haja vista que nesse período o mesmo índice do Brasil passou de 26,25/100.00 para 29,67/100000.

“Ou seja, enquanto Juiz de Fora triplicou as taxas, o Brasil teve um aumento de 13% do mesmo índice”, finalizou.

https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2022/11/21/juiz-de-fora-registra-mais-homicidios-em-9-meses-de-2022-do-que-em-todo-o-ano-passado.ghtml

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