quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Justiça manda Caixa indenizar funcionário que Guimarães obrigou a comer pimenta

 Por O Tempo Brasília Publicado em 20 de outubro de 2022 | 08h33 - Atualizado em 20 de outubro de 2022 | 08h50

Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa Econômica Federal, é acusado de assédio sexual por funcionárias — Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A Justiça do Trabalho condenou a Caixa Econômica Federal a pagar R$ 20 mil de indenização por danos morais a um funcionário do banco por causa de um ato de Pedro Guimarães, ex-presidente da instituição que pediu demissão após virem à tona diversas denúncias de assédio sexual e moral contra servidores, em especial mulheres.

O escândalo foi revelado pelo site Metrópoles, que nesta quinta-feira (20) também publicou reportagem sobre a condenação. No caso em questão, o funcionário do banco, que trabalha no estado do Amazonas, decidiu ir à Justiça em razão de um episódio pelo qual passou em outubro de 2020. A ação foi ajuizada em julho, após outros casos serem revelados pela imprensa.

Na denúncia feita ao Ministério Público do Trabalho (MPT), o funcionário contou ter sido humilhado publicamente por Pedro Guimarães durante uma viagem oficial ao município de Manacapuru, a 98 km de Manaus, para um evento do programa Caixa Mais Brasil, o mesmo que é mencionado em várias das denúncias de assédio contra o banqueiro.

Ainda segundo o relato, durante um jantar para reconhecer os bons funcionários do banco na região, Guimarães quis que eles comessem uma bacia de pimentas vermelhas amassadas – era, teoricamente, mais um dos polêmicos testes de resistência que ele gostava de aplicar em eventos corporativos para medir o grau de resiliência dos empregados.

A pimenta foi servida pelo próprio Guimarães, com uma concha. Para tornar o “desafio” menos picante, o funcionário pingou algumas gotas de limão sobre a porção que lhe foi oferecida. Neste momento, ouviu comentários homofóbicos do então presidente da Caixa, que o teria chamado de “bambi”, “são paulino”, e teria dito que a mesa dos “frescos” era do outro lado.

Motivado pela repercussão das denúncias publicadas pelo Metrópoles, o funcionário pediu uma indenização. O juiz do caso entendeu que não se tratou de assédio moral, porque aquele mesmo empregado foi vítima da atitude de Guimarães uma única vez, mas condenou o banco dar a ele R$ 20 mil a título de danos morais.

O juiz entendeu que o comportamento de Guimarães não está de acordo com o de um alto funcionário e afirma que ele constrangeu seus subordinados, os expôs a situação vexatória e ofendeu o “direito de personalidade” do autor da ação. No decorrer do processo, a própria Caixa admitiu que o comportamento do então presidente foi inapropriado.

Recentemente, o Ministério Público do Trabalho ajuizou uma ação civil pública na qual pede que o banco pague R$ 305 milhões pelos episódios de assédio sexual e moral contra funcionárias e funcionários. A ação decorre de uma apuração iniciada a partir das reportagens da coluna. Do próprio Guimarães, o MP cobra R$ 3 milhões. O processo ainda está em tramitação. Há, ainda, uma investigação criminal em andamento no Ministério Público Federal.

https://www.otempo.com.br/politica/judiciario/justica-manda-caixa-indenizar-funcionario-que-guimaraes-obrigou-a-comer-pimenta-1.2752865

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