sábado, 15 de maio de 2021

Fachin nega inquérito e proíbe Polícia Federal de investigar Toffoli por vender sentenças

 Publicado em 15 de maio de 2021 por Tribuna da Internet

Dias Toffoli, um cidadão acima de qualquer suspeita

Mônica Bergamo
Folha

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin indeferiu nesta sexta-feira (14) o pedido da Polícia Federal de abertura de um inquérito para investigar supostos repasses ilegais ao ministro Dias Toffoli.

Fachin proibiu também a polícia de qualquer ato de investigação a partir da delação do ex-governador do Rio Sérgio Cabral, que embasava o pedido da PF.

“[Determino] que a autoridade policial se abstenha de tomar qualquer providência ou promover qualquer diligência direta ou indiretamente inserida ou em conexão ao âmbito da colaboração premiada em tela até que se ultime o julgamento”, afirma o ministro em sua decisão.

VENDA DE SENTENÇAS – Como revelou o Painel, a Polícia Federal encaminhou ao Supremo Tribunal Federal um pedido de abertura de inquérito para investigar Dias Toffoli. Cabral afirma que o ministro recebeu R$ 4 milhões para favorecer dois prefeitos fluminenses em processos no Tribunal Superior Eleitoral. Toffoli nega.

Os pagamentos, diz Cabral, teriam sido realizados nos anos de 2014 e 2015 e operacionalizados por Hudson Braga, ex-secretário de Obras do Rio de Janeiro. Os repasses, na versão do delator, teriam envolvido o escritório da mulher de Toffoli, a advogada Roberta Rangel.

Essa foi a primeira vez que a Polícia Federal pediu ao Supremo apuração que envolve um ministro da própria Corte. Nesta sexta (14), a Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou ao Supremo um ofício em que reitera seu entendimento contrário à homologação de delação feita pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral.

DIZ A PROCURADORIA – A PGR citou a “inidoneidade das declarações” prestadas por Cabral e diz que ele tenta “constranger os órgãos de persecução a lhe conceder os benefícios decorrentes da colaboração ou retaliar o sistema penal que o condena”. Os argumentos foram reproduzidos por Fachin em sua decisão.

“Consideradas a limitada plausibilidade das declarações prestadas pelo colaborador, que age de má-fé, e a ausência de elementos mínimos de corroboração que atribuam verossimilhança aos depoimentos que prestou, seria medida imprudente o dispêndio dos escassos recursos públicos em investigações com baixíssima probabilidade de gerar resultados úteis ao processo, partindo-se de fonte imprestável e de nenhuma credibilidade”, afirma a PGR.

Cabral, que já foi condenado a mais de 300 anos de prisão, fechou acordo com a Polícia Federal após negativa da PGR e de procuradores do Rio de Janeiro. A delação premiada foi homologada no ano passado pelo próprio Fachin.

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NOTA DA REDAÇAO DO BLOG  O relator Fachin não entra no mérito da acusação. Nega a investigação, baseada em delação autorizada por ele próprio, sem emitir opinião. Faz como o filme de Elio Petri, considerando liminarmente Fachin um cidadão acima de qualquer suspeita, o que demonstra que no Brasil existem castas acima da lei e da ordem. O maior interessado nas investigações deveria ser Toffoli, que desse jeito vai carregar a suspeita nas costas até o fim de sua vida. (C.N.)

Publicado em  http://www.tribunadainternet.com.br/fachin-nega-inquerito-e-proibe-policia-federal-de-investigar-toffoli-por-vender-sentencas/

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