sexta-feira, 14 de agosto de 2020

'Cangaceiros' que explodiram banco em Brumadinho possuem histórico de crimes

Por BRUNO MENEZES, ADRIANA FERREIRA E CAROLINA CAETANO
Foto: Uarlen Valério/ O Tempo

Os cinco criminosos que participaram da explosão de caixas eletrônicos em uma agência da Caixa Econômica Federal em Brumadinho, na região Metropolitana de Belo Horizonte, na madrugada dessa sexta-feira (14) e ainda fizeram uma família de refém durante a tentativa de fuga, tinham várias passagens pela polícia e integravam uma quadrilha com características do “novo cangaço”. De acordo com a Polícia Militar, todos tinham histórico de envolvimento com o tráfico de drogas, homicídio, porte ilegal de arma de fogo e a prática de explosão de caixas eletrônicos. A ficha criminal mostra que os bandidos não estavam de brincadeira.

Três dos suspeitos morreram no tiroteio com os militares, em frente a agência bancária. Durante a tentativa de fuga, dois criminosos invadiram uma casa, que fica a cerca de 500 metros do banco e fizeram uma família de refém – pai, mãe e filha – . Eles exigiram a presença da imprensa, para garantir que nada acontecesse com eles. Os dois se renderam cerca de duas horas depois de iniciada as negociações com a polícia.

“Um deles, o líder da quadrilha, foi preso há duas semanas. Havia uma mandado de prisão contra ele e ele foi preso em uma operação do Gaeco, da Polícia Militar, da Polícia Civil e passadas nem duas semanas ele já estava solto, na sociedade”, explicou o capitão Sales do 23º Batalhão de Polícia Militar.

Crime
Os militares receberam a informação de que a quadrilha, que é de Divinópolis, na região Centro-Oeste do Estado e já vinha sendo monitorada pelas autoridades locais, teria a intenção de atacar uma agência bancária de Brumadinho, ainda na tarde de quinta-feira (13). A partir da informação, foi montado um esquema especial na cidade, que envolveu cerca de 60 policiais, inclusive com a participação do Batalhão de Operações Especiais (Bope).

O tiroteio teria se iniciado quando os militares perceberam a movimentação suspeita na agência bancária. Em seguida veio a explosão dos caixas eletrônicos e os suspeitos iniciaram um tiroteio contra os policiais. No carro utilizado pelos criminosos também havia um refém.

“Suspeitamos que o local de encontro deles foi em uma zona rural da cidade de Itaguara, onde fizeram o assalto do veículo, com um refém. Inclusive utilizaram o refém durante a explosão dos caixas eletrônicos”, explicou o capitão. Na avaliação do militar, a inteligência dos militares durante o tiroteio foi um fator determinante para identificar que o quarto indivíduo no caro, na verdade era um refém.

Durante a troca de tiros três suspeitos morreram. Dois delas conseguiram fugir e invadiram uma casa a 500 metros da agência bancária. Uma família foi feita de refém. “No início da negociação, como ainda estava aquela situação de euforia estavam todos muito nervosos. Mas com toda a técnica do negociador, ele foi acalmando primeiro os infratores. A partir daí, acalmou as vítimas e aí sim conseguiu estabelecer um contato. A conversa foi mais amigável, sempre entendendo, em uma relação de confiança entre as partes, sem mentira e a situação foi evoluindo até que concluímos com a entrega dos dois”, explicou o tenente-coronel do Bope, Carlos Eduardo Ferreira.

Bombas
Na avenida em que houve a explosão, haviam pelos menos oito agências bancárias e diversos estabelecimentos comerciais. Para explodir os caixas eletrônicos, os bandidos utilizaram uma bomba de metalon, com alto poder de destruição.

“Teve um metalon que danificou a agência e dentro do carro haviam quatro peças grandes de metalon. É um explosivo improvisado, mas basta ver o estragado que uma peça fez na agência”, comentou o Ferreira. Moradores da cidade relataram a O Tempo que o barulho da explosão foi tão forte que pensaram que uma nova barragem teria se rompido em Brumadinho.

Com os suspeitos na agência bancária foram apreendidas duas pistolas e uma arma de cano longo. Já na casa onde a família foi feita de refém, duas pistolas foram apreendidas.

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