Charge do Tiago Recchia
Carlos Newton
A situação que o Brasil atravessa é muito triste e nos remete à célebre frase de Oswaldo Aranha: “O Senado é um deserto de homens e ideias. Quase 80 anos depois, a genial definição pode ser estendida à Câmara, ao Planalto e ao Supremo, porque os três poderes estão simultaneamente apodrecidos.
A desertificação intelectual chegou a tal ponto que não há lideranças na situação nem na oposição. O único líder que restou chama-se Lula da Silva, é um criminoso condenado e está alijado da política por oito anos.
FALTAM LIDERANÇAS – Como na canção de Ivan Lins e Vitor Martins, somos todos iguais, não há um líder que se destaque e seja verdadeiramente respeitado. Não há exagero nessa análise. Entrem no Congresso e procurem um líder de verdade, cujos discursos possam mudar alguma coisa. Depois, atravessem a praça e procurem alguém no Planalto que possa dar declarações importantes, que capazes de mobilizar o país. Por fim, procurem no Supremo e terão uma surpresa. Ainda há alguma vida inteligente lá dentro, mas está subjugada por uma maioria de falsos juristas que envergonham o país.
Lembrem-se de que foi o STF que colocou o Brasil como primeiro colocado no ranking mundial da impunidade em crimes de corrupção, colarinho branco, improbidade administrativa e outros mais que possam causar prisão de políticos, empresários e autoridades públicas.
Para libertar Lula da Silva, José Dirceu e outros envolvidos em corrupção, o Supremo fez com que o Brasil se tornasse o único dos 193 países da ONU em que a prisão só ocorre após quarta instância, que vem a ser… o próprio Supremo.
APODRECIMENTO – É impressionante que a Justiça tenha caído a esse ponto sem que houvesse pronta-reação dos outros Poderes. A Presidência da República e o Congresso fizeram olhar de paisagem, como se nada tivesse acontecido, porque seus dirigentes estão beneficiados pela decisão do Supremo.
O mais impressionante de tudo isso é que essa desertificação política constatada por Oswaldo Aranha, ao atingir seu ápice neste ano de 2020, significa que a falta de lideranças coloca Jair Bolsonaro como franco favorito à reeleição porque muitos eleitores voltarão a votar nele, para evitar a vitória do PT.
Politicamente, Bolsonaro está tranquilo. As ameaças a ele são jurídicas, com os três inquéritos abertos contra ele no Supremo: 1) gabinete do ódio e fak news; 2) patrocínio a manifestações contra Supremo e Congresso; 3) interferência na Polícia Federal.
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P.S. 1 – Eleitoralmente, Bolsonaro só poderia ser ameaçado por Sérgio Moro, mas o ex-juiz não parece disposto a concorrer.
P.S. 2 – Se Bolsonaro sofrer impeachment, seu espólio político beneficiará o vice Hamilton Mourão, que automaticamente passará a ser favorito na sucessão de 2022, devido à falta de lideranças. (C.N.)
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