Publicado em 31/07/2020 - 11:44 Por Luiz Claudio Ferreira - Portal EBC - Brasília
Bach, Händel, Villa Lobos, Zequinha de Abreu... para crianças. Está enganado quem pensa que música clássica deve ser voltada para adultos e eruditos. Muito pelo contrário. Essa é a ideia do músico Tim Rescala, de 58 anos, criador e apresentador do programa Blim-Blem-Blom, no ar há nove anos na Rádio MEC (99,3 MHz). Uma novidade deste sábado (1º), às 12h, é que ele e a jovem musicista Betina Fonseca, de apenas 12 anos de idade, apresentarão a atração ao vivo, direto da Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro, com o projeto Sala Digital (com transmissão na rádio e via streaming). “Eu sempre tive vontade de fazer ao vivo. Nós estávamos nos programando para março, mas a pandemia adiou. A partir de agora, faremos isso uma vez por mês”.
Tim Rescala e Betina Fonseca comandam o programa Blim-Blem-Blom. Foto: Cecília Fonseca / Divulgação
Nesta edição do próximo sábado, o programa Blim-Blem-Blom recebe os músicos da família Santoro: Ricardo e Paulo (violoncelos), Sandrino (contrabaixo), Marcela (violino), Pedro (violino) e Ana Letícia Barros (percussão). A apresentação na Sala Cecília Meireles, ao vivo, por enquanto, é sem público. “Em momentos como esse tão delicados, a gente observa como a música é companheira. E, claro, desde a infância é necessário que uma criança veja a outra tocando. Não é uma obrigação que se tornem músicos no futuro, mas que sejam musicalizadas”. O instrumento pode, por exemplo, na visão do músico, ajudar a tirar as crianças do contato exclusivo com celulares e jogos para se interessarem por música. Assim ocorreu na casa de Rescala. A filha caçula Luiza, de 12 anos, estuda piano. A mais velha, Isabela, de 24, também é pianista.
A influência pelo instrumento também inspirou Betina Fonseca, de 12 anos, que apresenta o programa com o experiente músico. Betina, que estuda violoncelo e flauta, faz parte, desde os cinco anos de idade, do projeto Bem-Me-Quer Paquetá, da organização não-governamental Casa de Artes, na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro. “Ela tem muito talento e é curiosa”, diz Tim Rescala.
Betina está ansiosa pela apresentação. A menina sabe que inspira outras crianças a tocarem algum instrumento. “Muitas amigas passaram a tocar depois. Minha base é a música clássica, mas também gosto de pop, rock e MPB”. Entre as referências dela, o próprio Tim Rescala, Chico Buarque e também o maestro Anacleto de Medeiros (1866-1907), seu tio tataravô. Durante a pandemia, a garota está estudando música de forma virtual. A mãe, Cecília Fonseca, que é fotógrafa, sabe que a música tem sido fundamental para a formação educacional da filha.
“Ela sempre se interessou, desde muito criança”, testemunha. A diretora artística do projeto, em Paquetá, Josiane Kevorkian afirma que a iniciativa existe desde 2006, com inicialização musical desde bebês. “Sempre tivemos essa parceria com o Tim Rescala e com o Blim-Blem-Blom”, e isso também tem garantido visibilidade para o projeto social nas ondas da MEC.
Tim Rescala enfatiza que é grande a responsabilidade de promover música para crianças. Ele, que tem 58 anos de idade e é músico desde os 15, sabe que o programa de rádio tem uma missão importante de formação de novos públicos. Inclusive neste momento, em que as pessoas estão mais em casa. “No passado, ouvíamos o rádio em casa, com família e amigos. E depois passamos a sair para concertos e shows. Essa situação fez com que voltássemos para dentro de casa”.
Programação
O concerto de abertura, deste sábado, tem a presença da família Santoro, com a participação do Duo Santoro e do patriarca Sandrino Santoro. A primeira apresentação do ano é uma parceria entre o tradicional espaço cultural carioca e a emissora pública gerida pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A apresentação significa o retorno a música ao palco da Sala Cecília Meireles depois do período de ausência imposto pela pandemia de covid-19.
“É um fato importante, pois a Sala volta a cumprir sua missão e razão de existir que é promover e difundir a música de câmara de todos os períodos. Ao mesmo tempo, damos início a uma nova série denominada #SalaDigital em que os concertos serão transmitidos ao vivo através de nosso Canal do YouTube e mídias sociais”, afirma o diretor da sala, o maestro João Guilherme Ripper.
A programação retoma as linhas gerais da programação para o ano, o que inclui a homenagem aos 250 anos de Beethoven. “Em setembro teremos a integral das sonatas para violino e piano com os violinistas Emmanuele Baldini, Priscila Rato e Gabriela Queiroz acompanhados dos pianistas Erika Ribeiro, Aleyson Scopel e Lucas Tomasinho”. O diretor explica que, em outubro, Bach será o homenageado com concertos para cravo e concertos para dois violinos do compositor. Em novembro, haverá o ciclo das 32 sonatas para piano de Beethoven com nove pianistas brasileiros. “Em dezembro, teremos a “Canção da Terra” de Mahler, no arranjo para grupo de câmara de Arnold Schoenberg, com a Orquestra Bachiana Brasileira”.
Segurança
Para viabilizar as apresentações, os programas na Sala Cecília Meireles obedecerão a um protocolo de segurança sanitária, o que inclui o uso de máscaras em todas as dependências, distância de 1,5 metro entre os músicos de cordas e 2 metros entre os músicos de sopros, além da utilização de barreiras contra o aerossol e gotículas. Por enquanto, não haverá presença de publico. “Vamos acompanhar o desenvolvimento da pandemia no Rio de Janeiro. A ideia é termos nosso público de volta a partir de setembro ou outubro, utilizando parte da plateia a fim de respeitar o afastamento social.
Serviço:
Blim-Blem-Blom - Apresentação de Tim Rescala e Betina Fonseca
Data: Sábado, dia 1º de agosto de 2020 - Das 12h às 13h
Local: Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro (sem presença de público)
Programa de músicas
Sandrino no choro, de Adriano Giffoni
A benção Sandino, de Leandro Braga
Cantiga Pedro e Marcela, de Dimitri Cervo
Interpretação: Duo Santoro, violoncelos
Andantino, de Shinichi Suzuki
Marcela Santoro, violino
Paulo Santoro, violoncelo
Bourrée, de Georg Friedrich Händel
Pedro Santoro, violino
Ricardo Santoro, violoncelo
Sarabanda da Sexta Suíte para violoncelo, de Johann Sebastian Bach
Duo Santoro, violoncelos
Sandrino Santoro, contrabaixo
Tico-tico no fubá, de Zequinha de Abreu
O Trenzinho Caipira, de Heitor Villa-Lobos
Brasileirinho, de Waldir Azevedo
Duo Santoro, violoncelos
Ana Letícia Barros, percussão
Edição: Beatriz Arcoverde
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