sexta-feira, 12 de junho de 2020

No livro “Por que fazemos o que fazemos?”, Cortella aborda trabalho, carreira e motivação

Júlia de Aquino
Instagram literário @juentreestantes

“Uma pessoa motivada faz algo decisivo: ela procura excelência”

Minhas leituras de 2020 estão me surpreendendo muito positivamente. Com esse livro foi assim. Marquei diversos trechos, que constam abaixo. Se precisasse escolher uma única palavra para definir essa leitura, com certeza seria: MARCANTE.

TEMAS – O autor (professor paranaense que mora em São Paulo e foi secretário municipal de Educação) comenta questões relacionadas a trabalho, carreira, propósito, motivação, entre vários outros temas que envolvem nossa realidade.

Suas experiências como filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário proporcionaram a Cortella uma propriedade que poucos autores possuem para abordar tais assuntos, e ele o faz de forma brilhante. 

LIDERANÇA E MERCADO– Todo mundo que já lidera uma equipe ou pensa em liderar um dia (no trabalho ou mesmo em casa) vai aproveitar essa leitura.

Por exemplo, o capítulo 8 (O que mais desmotiva) foi um dos que mais me marcou (apesar de ter gostado de todos). Ele cita muitos erros cometidos por líderes, atitudes que desmotivam as equipes e as pessoas envolvidas nos processos.

Mas, mesmo aqueles que não possuem cargo de liderança ou nem almejam, podem extrair lições positivas dessa leitura. De forma resumida, posso definir esse livro como “um conjunto de reflexões necessárias e urgentes, que deveriam ser lidas por todos, independentemente da profissão ou atividade”.

Também é inevitável não pensar em diversas situações que já aconteceram conosco ou com conhecidos no mercado de trabalho. Tenho certeza de que, de alguma maneira, todos que lerem terão a sensação de pensar em alguém que precisa ler o livro.

CAPÍTULOS CURTOS – Essa foi a primeira obra que li do autor e “abriu meus olhos” para outros. É um livro que eu indico ler como se fosse um texto acadêmico ou algo a ser estudado. Vale muito a pena ver tudo com calma. Apesar de sugerir isso, em nenhum momento ele é cansativo.

Pelo contrário: é uma leitura tão fluida e interessante que quando vemos já acabou, até porque é um livro pequeno, com menos de 200 páginas.

Além disso, para quem gosta de capítulos curtos, esse é mais um ponto positivo: a maioria dos capítulos tem mais ou menos oito páginas. O autor não enrola para escrever, mas também não fala sobre os temas superficialmente. É tudo na medida certa.

Livro: Por que fazemos o que fazemos
Autor: Mario Sergio Cortella
Editora: Planeta
Páginas: 176

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ALGUNS TRECHOS
“O desperdício hoje é tanto que precisamos continuar nos esforçando para manter um modelo que já seria sustentado se houvesse partilha”
“Quem começa o dia de trabalho com um nível de tristeza precisa reinventar as razões pelas quais faz aquilo que faz. Qual seu propósito?”
“Motivação é uma atitude interna. Quais são as minhas razões para fazer o que faço? A resposta valerá a fonte da minha motivação “
“Nós fazemos o trabalho, mas ele também nos faz”
“Quem tem um motivo que o impulsione consegue atingir a excelência. O propósito reordena nossas ações”
“A procrastinação contínua é um distúrbio. Ela é um indicador de que a pessoa tem medo de realizar aquilo”
“A principal causa da desmotivação é a ausência de reconhecimento”
“Cautela com a expressão ‘eu só quero fazer o que eu gosto’. Para ter o resultado que eu gosto, nem sempre faço o que quero”
“Se eu faço só por fazer, porque não há outro modo, não deixa de ser uma razão, mas é a pior. Em relação a qualquer coisa que se faça, a melhor razão é porque eu quero e não porque eu preciso”
“Essa geração está um pouco cansada de encenação e deseja um pouco mais de autenticidade”
“Se a liderança não estiver voltada para priorizar a formação contínua, o máximo que essa empresa terá é um grande passado pela frente”
“A retenção de um bom profissional passa pela percepção de que a empresa investe nele”
“Quando a empresa dispensa o funcionário, não diminui apenas custo, perde investimento”
“É necessário que quem perde o trabalho não se retraia a ponto de entrar num movimento depressivo. Esse momento exige uma tomada de atitude no que refere ao estado de espírito”
“Um gestor que cuida de uma equipe precisa observar as relações”

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