Afirmações de Mourão mostram que ele parece ser um antiBolsonaro
Carlos Newton
A cada dia aumentam as possibilidades de que o presidente Jair Bolsonaro seja derrubado ou caia de podre. Já está mais do que comprovado que ele não tem qualificação, compostura e vocação para exercer o cargo de chefe do Executivo. Numa fase em que o país precisa de união e esperança, Bolsonaro tudo faz para aprofundar divisões e se incompatibilizar com os outros Poderes da República.
Até mesmo seus mais fanáticos seguidores reconhecem que Bolsonaro se tornou um incansável criador de casos e problemas, e alguns deles foram absolutamente gratuitos, não tiveram a menor justificativa.
UM LÍDER SEM DIÁLOGO – Como diria Caetano Veloso, a coisa mais certa de todas as coisas é que ninguém consegue continuar muito tempo no poder se não se dispõe ao diálogo e ao entendimento, a não ser que recorra à força das armas, mas essa perspectiva as Forças Armadas jamais lhe garantirão.
Os Altos-Comandos das três Armas sabem que ele não é confiável, seria um ditador vulgar e sangrento. Seu radicalismo espanta aliados. Decididamente, Bolsonaro não representa os militares, que apenas o toleram, acham que foi uma opção melhor do que a perpetuação do petismo.
No caso de Bolsonaro, não há diálogo interno nem externo. Está mais do que provado que ele não consegue se entender nem mesmo com quem o elegeu. Uma de suas iniciativas foi enfraquecer e dividir seu próprio partido, o PSL, parece ser um caso patológico.
MOURÃO EM CENA – Os militares têm seu próprio candidato ao poder, que se chama Hamilton Mourão, é general e tem condições legais de assumir a Presidência, por via constitucional, caso Bolsonaro seja submetido a processo de impeachment iniciado no Supremo ou na Câmara.
É claro que o vice-presidente Mourão está numa situação delicada, medindo as palavras enquanto aguarda o desenrolar dos acontecimentos. É um oficial de grande preparo, está apto a governar e tem uma biografia de primeira, na qual a única nódoa foi a promoção no filho no Banco do Brasil, mas pode ter sido uma iniciativa interna, por mérito próprio ou pelas graças de algum diretor interessado em agradar ao vice-presidente da República.
Mas nada disso interessa. O importante é que Mourão está pronto para assumir e suas declarações mostram que tem preparo e equilíbrio, e já se preocupa em se compor com o Congresso e o Supremo, para início de conversa, ou melhor, para reinício de governo.
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P.S. – Nessa semana que se encerra, o vice Hamilton Mourão afirmou que o governo errou ao não ter construído antes uma base aliada no Congresso, defendeu o acordo com o Centrão e ressaltou que a oferta de cargos e emendas faz parte do processo de negociação. Em outra entrevista, defendeu os ministros da ala militar e disse que não houve combinação dos testemunhos, assinalando que alinhar depoimentos “é coisa de bandido”. Ou seja, Mourão está atapetando o caminho por onde terá de trafegar. (C.N.)Posted in C. Newton
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