Por BRUNO MENEZES
06/03/20 - 17h10
Foto: Bruno Menezes
Catorze pessoas foram presas nesta sexta-feira durante a operação Hexagrama, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Todos são suspeitos de integrar uma quadrilha que que explorava jogos de azar em Belo Horizonte e outras quatro cidades da região metropolitana. Dentre os suspeitos estão dois policiais civis, cinco policiais militares e um vereador de Ribeirão das Neves.
Segundo as investigações, a quadrilha tinha pelo menos 60 pontos onde ficavam máquinas de caça-níquel. Os locais se tratavam de bares, restaurantes e outros estabelecimentos comerciais. Segundo o coordenador do Gaeco, o promotor de Justiça Fabrício Fonseca Pinto, o nome da operação se deu por que todas as máquinas exploradas pela quadrilha tinham um símbolo de um hexagrama. Os envolvidos também tinham tatuagens e usavam adereços com o mesmo símbolo.
“Durante as investigações foi possível apurar que a organização composta por policiais civis, militares e outros integrantes se identificavam por um hexagrama. Nos desdobramento nós também pudemos apurar que há indícios da participação em um homicídio tentado e também em um homicídio consumado que ocorreu essa semana”, explicou Fonseca.
O líder da quadrilha, identificado pelo apelido de Danone, foi preso em um condomínio de luxo em Nova Lima. Com ele, a polícia conseguiu apreender R$ 15 mil e uma arma. “Na casa dele nós encontramos ainda R$ 60 mil, ecstasy, LSD, cocaína, além de documentos que indicam a movimentação financeira do esquema”, disse Fonseca. A investigação acredita que a quadrilha atuava há pelo menos um ano e movimentava, pelo menos, R$ 80 mil por dia.
O esquema
As investigações apontaram que a esposa de Danone cuidava da contabilidade do esquema. A quadrilha também possuía gerentes, que tinham a atribuição de recolher a quantia arrecadada nas máquinas e entregar para o líder. Dois policiais civis e cinco policiais militares são suspeitos de envolvimento no esquema. “Um dos policiais civis era sogro do líder da organização e ele fazia as pesquisas de eventuais investigações e eventuais procedimentos em curso contra o líder e criava uma certa proteção contra o líder da investigação, ou seja, fazia a proteção do aspecto da investigação. O outro policial civil, que é vereador em Ribeirão das Neves, fazia o papel de gerente, tinha um papel mais operacional”, pontuou Fonseca.
Já os policiais militares, segundo as investigações, tinham o papel de fazer a segurança de todo o esquema. De acordo com o Ministério Público, as quantias em dinheiro eram repassadas ao líder do esquema durante encontros marcados em shoppings e estacionamentos.
Polícia Civil e Militar
A operação dessa manhã contou com o apoio da Polícia Militar e Polícia Civil. Sobre os policiais presos, as duas instituições pontuaram que serão abertos processos administrativos e criminais contra os envolvidos, que podem resultar, em caso de comprovação de crime, na demissão dos servidores.
Vereador
Um dos suspeitos de integrar e ser um dos gerentes do esquema é o vereador de Ribeirão das Neves, Carlos Figueiredo (MDB), conhecido como Carlinhos. Em nota, a Câmara Municipal de Ribeirão das Neves informa que a Casa ficou sabendo do suposto envolvimento do vereador nesses crimes por meio da mídia e que ainda não foi notificada oficialmente pela Polícia Civil. A reportagem também tenta contato com o parlamentar e a assessoria de imprensa dele, mas até o momento ainda não obteve sucesso.